O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

0805 | I Série - Número 021 | 09 de Novembro de 2001

 

princípios, de vir a este Parlamento defender o povo rural, o povo que não tem voz e que tem tido muito poucas oportunidades de se defender e de lutar por melhores condições neste país.
Quero dizer-lhe, Sr. Deputado Francisco Louçã, que gosto de queijo, de presunto e de vinho e nada tenho contra as pessoas que só gostam de caviar e que vêm para aqui entreter o Parlamento com as questões dos charutos, como se fossem esses os problemas graves deste país.

Aplausos de Deputados do PS.

O Sr. Presidente (Mota Amaral): - Para dar explicações, tem a palavra o Sr. Deputado Francisco Louçã.

O Sr. Francisco Louçã (BE): - Sr. Presidente, como a Assembleia terá reparado, ao Sr. Deputado Daniel Campelo faltou simplesmente invocar a acusação ou a desonra que eu lhe fiz. Quis intervir, está no seu direito, é uma estratégia; mas é desta estratégia que nos queixamos e é esta estratégia que o País conhece.
O senhor foi eleito para cumprir um mandato, e cumpre-o como a sua consciência lhe ditar, naturalmente. Mas o que não nos pode dizer é que aqui surgem acusações que nos vêm à cabeça quando, ao senhor, o Orçamento lhe chega ao bolso. E esta é toda a diferença entre a dignidade da representação política e a sua actuação.
Não é certo, Sr. Deputado, que uma parte do eleitorado seja uma clientela e que outra parte seja povo. Há 10 milhões de portugueses, uma grande parte deles eleitores. Cada voto, de cada homem e de cada mulher, vale por si, e vale igual, e vale na diferença, na diferença que nos desune e na diferença que nos responsabiliza.

O Sr. Basílio Horta (CDS-PP): - Tem razão!

O Orador: - Ninguém pôs em causa os seus eleitores; é por respeito para com os seus eleitores que o senhor é criticado.

O Sr. Basílio Horta (CDS-PP): - Exactamente!

O Orador: - E pode, com certeza - tem todo o direito -, criticar as divergências políticas que tem comigo, com a minha bancada ou com a esquerda deste país. Tem todo o direito de o fazer.
Mas, já agora, lembro-lhe que aquilo que provoca a sua indignação não o inibe de fazer um acordo com o Governo que faz um acordo sobre essas questões tão decisivas com estas esquerdas, como o combate à toxicodependência e uma política que reconhece os direitos de todos os homens e de todas as mulheres deste país.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Se essa política o indigna não o indignou, no entanto, o seu próprio acordo com o Governo. Porquê? Porque nesse acordo só estão interesses em causa, e este é o seu problema.

O Sr. Daniel Campelo (Indep.): - Interesses do povo.

O Orador: - O senhor tem de se justificar, Sr. Deputado, sobre os seus interesses.

O Sr. Daniel Campelo (Indep.): - Interesses do povo.

O Orador: - Aqui fazemos escolhas políticas, e essas escolhas são de um orçamento, de uma política que inclui o imposto sobre os charutos, que inclui as mais-valias, que inclui os dividendos, que inclui o IVA, que inclui as receitas, que inclui as obrigações e que inclui o Serviço Nacional de Saúde. São estas as escolhas que estamos a fazer, e fazemo-las na liberdade e não ameaçados por um qualquer salvador da Pátria, mesmo que esse seja o último e o primeiro dos salvadores deste Governo, com o qual o senhor não concorda em nada, que o senhor detesta em tudo, mas com o qual está disposto, em nome da sua carreira política, a fazer todos os acordos possíveis.

Vozes do PSD, do PCP e de Os Verdes: - Muito bem!

O Sr. Daniel Campelo (Indep.): - Sr. Presidente, peço a palavra.

O Sr. Presidente (Mota Amaral): - Para que efeito, Sr. Deputado?

O Sr. Daniel Campelo (Indep.): - Sr. Presidente, para exercer o direito da defesa da honra, face…

O Sr. Presidente (Mota Amaral): - Já a defendeu, Sr. Deputado.

O Sr. Daniel Campelo (Indep.): - Sr. Presidente, é apenas para dizer ao Sr. Deputado Francisco Louçã que é em nome do País e não em…

O Sr. Presidente (Mota Amaral): - Sr. Deputado, não lhe dei a palavra.
Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Francisco de Assis.

O Sr. Francisco de Assis (PS): - Sr. Presidente, começo por dizer uma verdade muito simples, que constitui uma evidência democrática fundamental: nenhum Deputado, à esquerda ou à direita, pode ter a pretensão, em algum momento, de representar melhor as suas populações do que qualquer outro Deputado. E é por isso que não vou fazer aqui qualquer avaliação em relação ao comportamento individual de qualquer Deputado. Cada um assume as suas responsabilidades e exerce os seus direitos constitucionais.
Neste momento e uma vez mais, quero lamentar o comportamento adoptado pelos grupos parlamentares da oposição, que, esses sim, têm especiais responsabilidades políticas neste País e que se indisponibilizaram…

Aplausos do PS.

Protestos do PCP, batendo com as mãos nos tampos das bancadas, e do CDS-PP.

… para desenvolver um esforço idêntico ao desenvolvido pelo Governo…

O Sr. Lino de Carvalho (PCP): - Isso não é verdade!

O Orador: - … no intuito de criar as condições mínimas que proporcionassem a aprovação do Orçamento do Estado nesta Câmara, com a participação de grupos parlamentares da oposição.

Aplausos do PS.

Páginas Relacionadas
Página 0771:
0771 | I Série - Número 021 | 09 de Novembro de 2001   para as do regime simp
Pág.Página 771
Página 0772:
0772 | I Série - Número 021 | 09 de Novembro de 2001   Vozes do PSD: - Muito
Pág.Página 772