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1108 | I Série - Número 028 | 19 de Dezembro de 2001

 

O Sr. Deputado disse que tudo foi feito para que a situação fosse diversa, pelo que não posso deixar de lhe dizer que V. Ex.ª sabe que isso teria, obviamente, sido assim, caso o presidente do seu partido fosse o líder da coligação. Sabe que era esse o ponto. Acontece que o presidente do seu partido não teve uma posição de humildade e de olhar para as realidades e não para o interesse do partido; não teve a mesma posição que o senhor teve aquando das eleições presidenciais, quando, com toda a dignidade, se retirou, o que não aconteceu com o presidente do seu partido, passando, evidentemente, a constituir um problema e não a solução do problema.
Por isso, Sr. Deputado, não deixo de referir que, infelizmente, não podemos partilhar com o vosso partido tanto quanto desejaríamos!

Aplausos do PSD.

O Sr. Presidente: - Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Basílio Horta.

O Sr. Basílio Horta (CDS-PP): - Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Manuela Ferreira Leite, é sempre um prazer ouvi-la e responder às suas questões, mesmo quando podemos estar em desacordo.
A Sr.ª Deputada lembrou a retirada da minha candidatura da campanha presidencial. Ainda bem que o fez, porque, quando retirei a minha candidatura, fi-lo em nome de um projecto. Escrevi uma carta ao seu partido e disse claramente que o fazia, dando a grande oportunidade… Foi a primeira vez na minha vida em que tive de desistir de alguma coisa na política, com um enorme sacrifício pessoal, sacrificando muito de mim próprio e já não politicamente, mas fi-lo ainda em obediência ao ensinamento que tive de homens como Amaro da Costa e Sá Carneiro. Foi por isso que a retirei. Mas sabe o que aconteceu, Sr.ª Deputada? Não tive resposta do seu partido. Ninguém respondeu! Nada!

A Sr.ª Maria Celeste Cardona (CDS-PP): - Zero!

O Orador: - Aconteceria o mesmo com o Dr. Paulo Portas, se ele se retirasse?

O Sr. Nuno Teixeira de Melo (CDS-PP): - Claro!

O Orador: - Sr.ª Deputada, V. Ex.ª, que é uma pessoa de grande seriedade intelectual, sabe que há dois partidos ao centro e à direita, não há só um! Esse problema está resolvido desde 1974. Agora, não há dois partidos, um grande, que é o seu, e um médio, que é o nosso. Há dois! O PSD não pode permanentemente pedir ao CDS que desista de tudo em função do interesse público!
Em relação a Lisboa, há cinco razões, algumas das quais me permito recordar-lhe. Em primeiro lugar, quando o Dr. Paulo Portas apresentou a sua candidatura, havia apenas ainda a do Dr. João Soares, nem sequer havia a do Dr. Pedro Santana Lopes. Não havia ainda nenhum candidato, para além do Dr. João Soares!
Em segundo lugar, o Dr. Paulo Portas foi talvez o grande adversário do Dr. João Soares, ainda antes de o Dr. Santana Lopes surgir. Em todos os debates realizados, o Dr. Paulo Portas ganhou ao Dr. João Soares - em todos! -, nomeadamente quanto à habitação, à segurança, etc. Como tal, contribuiu de uma maneira verdadeiramente decisiva para que o Dr. João Soares perdesse as eleições.
Aliás, devo dizer também, com toda a franqueza, que o Dr. João Soares fez tudo para as perder! Era difícil, mas ele fez tudo! Os dois dias anteriores, com as mensagens do Além e com a esquerda toda, que já ninguém… Isso foi definitivo e constituiu um enorme handicap, temos de o confessar!
Finalmente, em terceiro lugar, é bom de ver que o Dr. Paulo Portas faz maioria na Câmara Municipal de Lisboa e, seguramente, há-de querer fazê-la…

Protestos de Deputados do PSD.

Faz maioria com o seu voto ou não? Há seis/seis ou oito/oito e há um… Seguramente, há-de querer fazer maioria no espaço político onde todos nos inserimos!

O Sr. Presidente: - Agradeço que termine, Sr. Deputado.

O Orador: - Termino já, Sr. Presidente.
Sr.ª Deputada, creio que, se estamos sempre a falar no passado e a olhar para trás, acabamos por não fazer caminho. Nós queremos seriamente fazer caminho, talvez com alguma dificuldade, mas isso até é bom, porque, quanto mais difícil, mais consistente!
Queremos uma alternativa de projecto - é para isso que vos desafiamos e é isso que queremos fazer convosco, Sr.ª Deputada!

Aplausos do CDS-PP.

O Sr. Presidente: - Para tratamento de assunto de interesse político relevante, tem a palavra o Sr. Deputado Bernardino Soares.

O Sr. Bernardino Soares (PCP): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: O meu partido está ainda a fazer a análise dos resultados das eleições autárquicas, designadamente na reunião do Comité Central, que hoje decorre, o que não nos impede de assumir desde já, como fizemos, aliás, no próprio dia das eleições, que o resultado, quer no âmbito da CDU quer no âmbito da coligação «Amar Lisboa», foi negativo tendo em conta as nossas expectativas e aquilo que, julgamos, seria necessário para as populações junto das quais apresentámos candidatos e propostas. Isto não é escondido nem com a importante vitória no concelho de Setúbal nem com a manutenção de uma ampla margem de votação a nível nacional.
Portanto, assumimos, neste momento, este resultado negativo com a mesma clareza com que dizemos que, para nós, se mantém toda a validade do projecto autárquico em que estamos envolvidos e que se mantém toda a validade das propostas e das lutas que enfrentaremos em maioria e em minoria nos próximos anos deste mandato autárquico.
Estas são, e foram, eleições autárquicas (é disso que se trata), mas há nestas eleições uma clara penalização do Governo e da política do Partido Socialista, o que é indesmentível e não foi sequer desmentido pelo próprio Partido Socialista.
Há uma consequência e uma penalização de uma política errática, de uma política ziguezagueante, tantas e tantas vezes ao sabor dos interesses que se vão impondo em cada momento, como foi o recuo no caso da reforma fiscal e de tantas outras matérias em que, mesmo havendo avanços

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