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0157 | I Série - Número 005 | 26 de Abril de 2002

 

nossas ligações nos mais diversos planos, como sejam o económico, o cultural e outros.
Este é, contudo, para o povo timorense um bom início para um difícil processo que continua a estar pela frente, em que a eleição do Presidente Xanana Gusmão é um passo importante e um garante decisivo para que este processo corra da melhor maneira. Este processo continuará a ser difícil depois da independência, porque é preciso acrescentar à independência política a independência económica, a capacidade de autonomia económica, de progresso social, de desenvolvimento, de proporcionar à população e ao povo de Timor Leste a melhoria das condições de vida e do seu país.
É um longo e difícil processo, em cujo apoio Portugal e o Parlamento português terão certamente uma palavra a dar e em que temos de confiar no Presidente eleito Xanana Gusmão e no povo timorense, que saudamos desta bancada, associando-nos ao voto que o Sr. Presidente submeteu à Câmara e que será, certamente, aprovado por todos.

Aplausos do PCP, do PS, do BE e de Os Verdes.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra a Sr.ª Deputada Isabel Castro.

A Sr.ª Isabel Castro (Os Verdes): - Sr. Presidente, Sr. Ministro dos Assuntos Parlamentares, Sr.as e Srs. Deputados: Quero começar por dizer o quanto o facto de termos subscrito este voto nos dá alegria.
A vitória e a eleição de Xanana Gusmão não são só a vitória e a eleição de alguém que o povo de Timor escolheu, não são só o reconhecimento do papel extremamente importante deste homem como combatente e resistente, mas sim, e sobretudo, mais um passo deste povo no sentido da maturidade.
Este é um povo resistente, que este Parlamento acompanhou durante anos e anos e que foi, porventura, o único elemento aglutinador e capaz de estabelecer unanimidade nesta Câmara. Apoiámos este povo durante anos e conseguimos, de forma solidária, manter viva a sua luta em diferentes fora internacionais, quando todos a pretendiam silenciar.
Foi uma luta extremamente desigual, mas que nos conseguiu devolver a esperança de que, quando é justo e há razão, é possível vencer os inimigos, mesmo se forem poderosos. A luta e a resistência heróica do povo de Timor Leste fez com que muitos nós, não só nesta Câmara, mas em todo o País, pudéssemos acreditar que as utopias são possíveis. Revimo-nos nesse povo e quisemos que o seu heroísmo fosse também nosso.
Esta eleição fecha um ciclo e abre uma nova página da História, a qual se vai escrever a partir da independência de um povo soberano, que conquistou o seu espaço e o seu destino. Esse povo não só merece ser saudado pela sua maturidade, pela sua participação, pela sua vontade de construir o futuro, mas também merece, e tem esse direito, que seja lembrado o nosso dever de continuarmos a acompanhá-lo.
É essa solidariedade, a que demos conteúdo durante todo este tempo, que importa que a Assembleia da República continue a manter, embora num quadro diferente. Essa solidariedade é extremamente importante para a difusão do património vivo que é a língua que foi escolhida pelo povo português e que o Estado português, na sua pequenez embora, deverá apoiar, nomeadamente ao nível da educação. Esta importante solidariedade não se encerra aqui, do nosso ponto de vista.
Por isso, Sr. Presidente e Srs. Deputados, diria que este é um voto que seguramente todos saudamos com alegria, mas também na convicção de que a esperança que, durante tantos anos, foi construída, mantida e moldada por tanta gente vai continuar a dar frutos e vai significar um país livre, democrático, plural, um país que queremos como parceiro na comunidade internacional.

Aplausos de Os Verdes, do PS, do PCP e do BE.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Ministro dos Assuntos Parlamentares.

O Sr. Ministro dos Assuntos Parlamentares: - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Com a mesma convicção com que me referi há instantes a Angola, quero fazer agora uma evocação relativa a Timor.
Subscrevendo e apoiando a iniciativa de V. Ex.ª, Sr. Presidente, e da Câmara, quero evocar aqui, em nome do Governo, sobretudo três qualidades particulares de Xanana Gusmão: a primeira, a de combatente e resistente; a segunda, a de estadista; a terceira, a de um grande amigo de Portugal.
Xanana Gusmão foi, antes de mais, um grande combatente e um grande resistente, alguém que demonstrou uma enorme coragem física e moral, alguém que teve a coragem de pegar em armas para lutar por um ideal nobre do seu povo, alguém que nunca resignou nem desistiu perante o esquecimento ou a indiferença da comunidade internacional. Nesse plano, como combatente e como resistente, é um verdadeiro herói e merece, doravante, a nossa homenagem e o nosso reconhecimento.
Em segundo lugar, realço a sua qualidade de estadista. Nos últimos anos, revelou-se justamente isso: um homem de Estado, ponderado, equilibrado, com bom senso, sem sectarismos, sem cedência a espíritos ou sentimentos facciosos. Nessa perspectiva, a sua preocupação foi a de unir e não dividir, a de congregar e não separar. Mostrou, em vários momentos, ser magnânimo e generoso, como é próprio de quem tem superioridade e razão. E ele tem sido um homem generosa e magnânimo.
Em terceiro lugar, como já aqui foi sublinhado, e bem, ele é um grande amigo de Portugal. Em todos os encontros, em Timor ou aqui, entre nós, a fraternidade, a amizade, a solidariedade com Portugal é grande. Por outro lado, é de assinalar todo o empenho que tem colocado na defesa e promoção da língua portuguesa.
Por todas estas razões, de combatente, de estadista, de amigo de Portugal, Xanana Gusmão, recentemente eleito Presidente da República, é um exemplo. Um exemplo para os seus concidadãos, um exemplo para toda a comunidade internacional, um exemplo que a nós, que sempre estivemos ao lado desta causa e deste ideal, fica bem enaltecer, homenagear e reconhecer de uma forma muito clara e muito convicta.
Permitam-me que acrescente só mais uma coisa, na linha do que disse, e bem, o Sr. Deputado Almeida Santos: o Parlamento português, tantas vezes criticado (e quantas vezes, até, com razão!), teve, nesta matéria, ao longo de várias legislaturas, um papel de uma inquestionável importância. Vários Srs. Deputados, de todas as bancadas, sobretudo em sede de Comissão Eventual de Acompanhamento da Situação em Timor Leste, tiveram

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