O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

4022 | I Série - Número 095 | 07 de Março de 2003

 

O Sr. Luís Fazenda (BE): - Sr.ª Presidente, Srs. Deputados: Relativamente à transposição da Decisão-Quadro, creio que são oportunas algumas observações, uma das quais é a de que, por aqui, mais uma vez, no processo europeu, e não nos guardando nenhuma questão "soberanista", se pode ver um défice da construção europeia, um défice democrático. É que há um enxerto parafederal, como é este mandado de captura, há uma construção superestrutural de um espaço de segurança e de liberdade e, no entanto, marca passo qualquer tipo de harmonização da legislação dos Estados-membros, o que, aliás, é absolutamente visível nos trabalhos da Convenção que ora ocorrem. E, seguramente, não chegarão a bom porto em nenhuma harmonização…

O Sr. Jorge Lacão (PS): - Não podemos desistir, Sr. Deputado!

O Orador: - … nem farão qualquer progresso em relação à compatibilização de legislação penal. É isto que se pode depreender dos relatórios parcelares e daquilo que vamos apreendendo.
Mas há uma outra observação que me parece pertinente, que é a de que tudo isto tem medidas de adequação política, dependendo, na actual arquitectura europeia, da força dos Estados. Apesar de ser um mero exercício de intenção, não creio que, estando em vigor esta Decisão, estando transposta para todos os Estados-membros, com absoluta validade jurídica, o Reino Unido, no caso que opôs um tribunal do Reino Unido a um tribunal espanhol, tivesse entregue Pinochet ao tribunal espanhol.

O Sr. António Costa (PS): - Tinha de entregar!

O Orador: - Encontraríamos toda uma série de subterfúgios políticos para que esta Decisão-Quadro não tivesse sido aplicada!

O Sr. António Costa (PS): - Mas tinha de entregar!

O Orador: - Portanto, creio que nos compete também a nós, como Parlamento de um Estado-membro, e de um Estado pequeno, ter a noção do realismo político e das diferentes velocidades com que este tipo de orientações podem ser aplicadas no quadro europeu. Não podemos julgar, de mão beijada, que há aqui um princípio de equidade e equilíbrio político que se irá aplicar, de igual forma, a todos.

Vozes do BE: - Muito bem!

O Orador: - Por outro lado, apesar de o Sr. Deputado António Costa, nas suas funções de Ministro, se ter batido, e bem, para que não houvesse uma directa ligação à entrega de alguém que pudesse ficar sujeito a uma pena de prisão perpétua - e há uma revisão de penas aos 20 anos e a eventual aplicação de medidas de clemência -, a verdade é que esse é um difícil equilíbrio que poderá funcionar mas também poderá ser uma folha de parra para que medidas de pena perpétua se apliquem por outra qualquer forma perversa. E convém não esquecer este facto, apesar daquilo que foi alcançado na Decisão-Quadro, porque esse facto também obstou aqui a que várias bancadas pudessem acompanhar esta decisão e esse assunto não foi, total e cabalmente, resolvido.
Quero ainda registar, Sr.ª Ministra da Justiça, que não respondeu às questões que lhe coloquei sobre o artigo 12.º da proposta de lei n.º 42/IX, concretamente sobre as suas alíneas d) e e), relativamente às quais me parece, salvo melhor opinião, que implicam que alguém que já foi julgado por um crime possa novamente ser julgado pelo mesmo crime, abolindo princípios basilares de direito, e que alguém possa ser entregue a um país terceiro quando já não pode ser criminalmente alvo de processos em Portugal, porque prescreveu a causa desse eventual crime. Gostaria que confirmasse ou não que essas alíneas d) e e) dão o devido curso, nas razões facultativas da execução do mandado - é isso que me parecem -, a verdadeiras violações de princípios basilares de direito.

Vozes do BE: - Muito bem!

A Sr.ª Presidente (Leonor Beleza): - Igualmente para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Alberto Martins.

O Sr. Alberto Martins (PS): - Sr.ª Presidente, Srs. Membros do Governo, Srs. Deputados: Gostaria de fazer uma breve intervenção sobre a questão das buscas domiciliárias, designadamente as buscas domiciliárias nocturnas, para exprimir a ideia, que é consensual, e que a Constituição traduz de forma nítida, de que as buscas domiciliárias nocturnas têm um carácter excepcional, como têm ainda carácter excepcional as próprias buscas domiciliárias diurnas. As buscas domiciliárias e as revistas, naturalmente, colidem com um valor fundamental consagrado na Constituição, o da inviolabilidade do domicílio, que é, em grande medida, um direito de privacidade ou uma liberdade individual.
A questão que se coloca no nosso ordenamento constitucional é o facto de ser a própria Constituição a afirmar as restrições que ela mesma consente no âmbito da possibilidade das buscas domiciliárias nocturnas. Por isso, sendo esta uma matéria sensível, deve ser tratada com sensibilidade, com rigor, com exigência e, nesse sentido, o projecto que apresentamos vai ao encontro desta exigência essencial, que surgiu no âmbito do debate sobre a revisão constitucional.
E lembro aqui que este impulso da revisão constitucional foi da iniciativa do CDS-PP, mas cingia-se à matéria respeitante ao tráfico de estupefacientes,…

O Sr. Jorge Lacão (PS): - Ouviu, Sr. Deputado Nuno Teixeira de Melo?!

O Orador: - … que o alargamento desta matéria se deveu à necessidade de criar um sistema articulado de combate à criminalidade altamente violenta ou especialmente violenta e, nesse sentido, as dificuldades da consagração legal e da sua prática radicam na seguinte ideia: como é que estas buscas podem ser feitas? Em termos normais, mediante autorização judicial, de acordo com a proposta que apresentamos, para densificar o procedimento e torná-lo mais exigente, mediante requerimento do Ministério Público. E, naturalmente, em relação a um tipo de crimes cujos casos são taxativos, para evitar quaisquer

Páginas Relacionadas
Página 3997:
3997 | I Série - Número 095 | 07 de Março de 2003   Jamila Bárbara Madeira e
Pág.Página 3997
Página 3998:
3998 | I Série - Número 095 | 07 de Março de 2003   e, com a anuência do Part
Pág.Página 3998
Página 3999:
3999 | I Série - Número 095 | 07 de Março de 2003   Esperamos que seja este,
Pág.Página 3999
Página 4000:
4000 | I Série - Número 095 | 07 de Março de 2003   Não são fantasmas, como a
Pág.Página 4000
Página 4001:
4001 | I Série - Número 095 | 07 de Março de 2003   o processo de transposiçã
Pág.Página 4001
Página 4002:
4002 | I Série - Número 095 | 07 de Março de 2003   Combater o crime é uma pr
Pág.Página 4002
Página 4003:
4003 | I Série - Número 095 | 07 de Março de 2003   ao encontrarem-se noutros
Pág.Página 4003
Página 4004:
4004 | I Série - Número 095 | 07 de Março de 2003   O Orador: - No que de nós
Pág.Página 4004
Página 4005:
4005 | I Série - Número 095 | 07 de Março de 2003   ponto 5), que deixa claro
Pág.Página 4005
Página 4006:
4006 | I Série - Número 095 | 07 de Março de 2003   A Sr.ª Odete Santos (PCP)
Pág.Página 4006
Página 4007:
4007 | I Série - Número 095 | 07 de Março de 2003   no Conselho Europeu. Devo
Pág.Página 4007
Página 4008:
4008 | I Série - Número 095 | 07 de Março de 2003   com um atraso bárbaro a d
Pág.Página 4008
Página 4009:
4009 | I Série - Número 095 | 07 de Março de 2003   A Assembleia da República
Pág.Página 4009
Página 4010:
4010 | I Série - Número 095 | 07 de Março de 2003   a antecipação desta nova
Pág.Página 4010
Página 4011:
4011 | I Série - Número 095 | 07 de Março de 2003   Magalhães é mesmo carente
Pág.Página 4011
Página 4012:
4012 | I Série - Número 095 | 07 de Março de 2003   A Sr.ª Paula Carloto (PSD
Pág.Página 4012
Página 4013:
4013 | I Série - Número 095 | 07 de Março de 2003   O Sr. Osvaldo Castro (PS)
Pág.Página 4013
Página 4014:
4014 | I Série - Número 095 | 07 de Março de 2003   O Orador: - E é exactamen
Pág.Página 4014
Página 4015:
4015 | I Série - Número 095 | 07 de Março de 2003   porque coloca em atrito o
Pág.Página 4015
Página 4016:
4016 | I Série - Número 095 | 07 de Março de 2003   senhores também estão de
Pág.Página 4016
Página 4017:
4017 | I Série - Número 095 | 07 de Março de 2003   O Sr. António Costa (PS):
Pág.Página 4017
Página 4018:
4018 | I Série - Número 095 | 07 de Março de 2003   A Sr.ª Presidente (Leonor
Pág.Página 4018
Página 4019:
4019 | I Série - Número 095 | 07 de Março de 2003   A Oradora: - Termino da s
Pág.Página 4019
Página 4020:
4020 | I Série - Número 095 | 07 de Março de 2003   Odete Santos, no seu rela
Pág.Página 4020
Página 4021:
4021 | I Série - Número 095 | 07 de Março de 2003   de terror gerado nos cida
Pág.Página 4021
Página 4023:
4023 | I Série - Número 095 | 07 de Março de 2003   medidas atrabiliárias, di
Pág.Página 4023
Página 4024:
4024 | I Série - Número 095 | 07 de Março de 2003   A Oradora: - Não acha, Sr
Pág.Página 4024
Página 4025:
4025 | I Série - Número 095 | 07 de Março de 2003   na defesa de vidas inocen
Pág.Página 4025