O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

0355 | I Série - Número 010 | 21 de Abril de 2005

 

devia ler atentamente a lei de 2001, que até revogou uma disposição que criminalizava a publicidade das clínicas que fizessem abortos, porque, aliás, é contra o artigo 10.º da Convenção Europeia dos Direitos do Homem. Foi nesse sentido que decidiu o Tribunal Europeu dos Direitos do Homem no caso Open Door, em que a Irlanda foi condenada por ter mandado encerrar duas clínicas.
Tendo começado a cair, numa luta prolongada e fértil em incidentes provocados pelos partidários do "não", as barreiras que impediam o acesso das mulheres à pílula RU 486, que hoje se encontra acessível na maior parte dos países europeus, é tempo de Portugal dar um claro sinal alterando a lei e convidando os Laboratórios Exelgyne a solicitar autorização para comercializar em Portugal a referida pílula.
A "medicalização" da IVG tornou possíveis avanços de que beneficiaram as mulheres, nomeadamente pela possibilidade de recorrerem à interrupção muito mais cedo, sem a delonga exigida pelo aborto cirúrgico.

O Sr. Bernardino Soares (PCP): - Exactamente!

A Oradora: - Hoje mesmo foi apresentada na Assembleia, por uma organização de mulheres, as "Mulheres online", uma petição chamando a atenção para a importância da utilização daquela inovação científica.
As tentativas de utilização de centros de aconselhamento para inutilizar a possibilidade de, em tempo legal, recorrerem à IVG, saem assim, com essa pílula, fortemente frustradas.
Por último dois apontamentos ainda.
Primeiro apontamento: a argumentação dos que se opõem à alteração da lei radica num preconceito antifeminino.

O Sr. Bernardino Soares (PCP): - Muito bem!

A Oradora: - As mulheres, segundo eles, fazem abortos por motivos fúteis. Desmentem essa afirmação quando, em desespero de causa e para fugir ao debate sobre a descriminalização da IVG, aprovam, como o fizeram o ano passado, uma resolução em que, claramente, desculpabilizam as mulheres.
Mas continuam a persistir diversos factores que impedem as mulheres de ter os filhos que desejam: persiste a taxa de "feminização" da pobreza - o já minguado "abono de família" foi retirado a muitas famílias, os salários são baixos…

O Sr. Bernardino Soares (PCP): - Muito bem!

A Oradora: - Além disso, aumenta a taxa de desemprego. E a desregulamentação das relações de trabalho, nomeadamente a desorganização do tempo de trabalho, impede a maternidade e a paternidade felizes.

O Sr. Bernardino Soares (PCP): - Exactamente!

A Oradora: - O segundo apontamento tem a ver com as questões relacionadas com o direito à vida, com o argumento que a direita brandiu, com algumas honrosas excepções de alguns Srs. Deputados que recordo saudosamente, para submeter as mulheres aos ditames de um Estado que se arroga prepotentemente o direito de impor a toda a comunidade as regras religiosas e morais de uma parte dos cidadãos.
Afirmando, sem provas científicas, que o embrião mesmo nas suas fases mais incipientes, já é pessoa humana, a direita mais retrógrada quer ter a verdade absoluta e faz tábua rasa de todas as concepções contrárias.
Recordo aqui um recente acórdão, de 8 de Julho de 2004, do Tribunal Europeu dos Direitos do Homem, num processo instaurado contra a França, onde, analisando a Convenção Europeia, a Convenção de Oviedo, o Protocolo Adicional desta Convenção proibindo a clonagem humana, o projecto de protocolo relativo à investigação bioética, o Direito Comparado e o estado da Ciência, o Tribunal conclui que o artigo 2.º da Convenção Europeia dos Direitos do Homem (o que garante e obriga os Estados a garantir o direito à vida) não se aplica ao embrião e ao feto. Leiam esse acórdão!!
Sendo vida de espécie humana, como de facto são, o embrião e o feto - afirma-o o Tribunal - devem ser protegidos, em nome da dignidade humana, com medidas económicas e sociais e não através de medidas penais absolutamente inoperantes e que não os defendem.
E assim é, de facto, para a maior parte da população mundial - recordo que 2/3 das mulheres vivem em países onde está legalizada a IVG.
Assim sendo, não pode o Direito Penal tomar partido por esta ou por aquela concepção religiosa.
Em 1984, dissemos: "Há sempre razões profundas para decidir um acto que ninguém deseja, nem considera um bem. E não falamos das situações extremas em que a vida da mulher corre perigo, do aborto terapêutico, eugénico ou resultante de crime sexual, mas, sim, da grande maioria dos casos em que a mulher decide interromper a gravidez porque não vê condições económicas, sociais, pessoais, até para dar

Páginas Relacionadas
Página 0347:
0347 | I Série - Número 010 | 21 de Abril de 2005   António Filipe Gaião Rodr
Pág.Página 347
Página 0348:
0348 | I Série - Número 010 | 21 de Abril de 2005   Já dezenas de milhares de
Pág.Página 348
Página 0349:
0349 | I Série - Número 010 | 21 de Abril de 2005   A Oradora: - Tudo o mais
Pág.Página 349
Página 0350:
0350 | I Série - Número 010 | 21 de Abril de 2005   O CDS-PP não quer voltar
Pág.Página 350
Página 0351:
0351 | I Série - Número 010 | 21 de Abril de 2005   O Sr. Presidente: - També
Pág.Página 351
Página 0352:
0352 | I Série - Número 010 | 21 de Abril de 2005   O Sr. Nuno Teixeira de Me
Pág.Página 352
Página 0353:
0353 | I Série - Número 010 | 21 de Abril de 2005   O Orador: - Segundo aspec
Pág.Página 353
Página 0354:
0354 | I Série - Número 010 | 21 de Abril de 2005   A Sr.ª Odete Santos (PCP)
Pág.Página 354
Página 0356:
0356 | I Série - Número 010 | 21 de Abril de 2005   vida a um ser humano a qu
Pág.Página 356
Página 0357:
0357 | I Série - Número 010 | 21 de Abril de 2005   meios é que tem direitos
Pág.Página 357
Página 0358:
0358 | I Série - Número 010 | 21 de Abril de 2005   Aplausos de Os Verdes, do
Pág.Página 358
Página 0359:
0359 | I Série - Número 010 | 21 de Abril de 2005   Vozes do BE: - Muito bem!
Pág.Página 359
Página 0360:
0360 | I Série - Número 010 | 21 de Abril de 2005   Depois de uma legislatura
Pág.Página 360
Página 0361:
0361 | I Série - Número 010 | 21 de Abril de 2005   O Orador: - Esta nossa po
Pág.Página 361
Página 0362:
0362 | I Série - Número 010 | 21 de Abril de 2005   tem razão, não de se muda
Pág.Página 362
Página 0363:
0363 | I Série - Número 010 | 21 de Abril de 2005   da democracia portuguesa.
Pág.Página 363
Página 0364:
0364 | I Série - Número 010 | 21 de Abril de 2005   O Orador: - Ora, se é cer
Pág.Página 364
Página 0365:
0365 | I Série - Número 010 | 21 de Abril de 2005   O Sr. Presidente: - Para
Pág.Página 365
Página 0366:
0366 | I Série - Número 010 | 21 de Abril de 2005   O Orador: - Serve o nosso
Pág.Página 366
Página 0367:
0367 | I Série - Número 010 | 21 de Abril de 2005   O Sr. Luís Marques Guedes
Pág.Página 367
Página 0368:
0368 | I Série - Número 010 | 21 de Abril de 2005   Usando as palavras do Blo
Pág.Página 368
Página 0369:
0369 | I Série - Número 010 | 21 de Abril de 2005   familiar, nas primeiras 1
Pág.Página 369
Página 0370:
0370 | I Série - Número 010 | 21 de Abril de 2005   A Oradora: - Sublinho, si
Pág.Página 370
Página 0371:
0371 | I Série - Número 010 | 21 de Abril de 2005   mais respeito e um tratam
Pág.Página 371
Página 0372:
0372 | I Série - Número 010 | 21 de Abril de 2005   Aplausos do PSD. O
Pág.Página 372
Página 0373:
0373 | I Série - Número 010 | 21 de Abril de 2005   A Oradora: - A recusa do
Pág.Página 373
Página 0374:
0374 | I Série - Número 010 | 21 de Abril de 2005   da gravidez por razões so
Pág.Página 374
Página 0375:
0375 | I Série - Número 010 | 21 de Abril de 2005   os projectos de despenali
Pág.Página 375
Página 0376:
0376 | I Série - Número 010 | 21 de Abril de 2005   quaisquer que sejam as ci
Pág.Página 376