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32 | I Série - Número: 020 | 3 de Dezembro de 2007

diplomacia internacional, e são também (e este é o aspecto mais gravoso) um sinal de arrogância. Um sinal de arrogância de quem julga que tem o direito de se imiscuir nos assuntos do nosso país.
As declarações do Sr. Embaixador, quando diz que Portugal tem de reduzir a burocracia e actualizar as leis laborais, como se os EUA fossem exemplo para alguém no que diz respeito aos direitos dos trabalhadores, as declarações a condenar uma empresa que estabeleceu um acordo comercial com a Venezuela e as declarações sobre o planeamento das nossas forças militares, nomeadamente no Afeganistão, são reveladoras de uma atitude de ingerência por parte do embaixador que é por nós considerada como absolutamente ilegítima e inaceitável. Tal merecia que não só a bancada do Partido Socialista se pronunciasse mas que o Governo se pronunciasse igualmente, condenando estas declarações, porque, objectivamente, o Governo não pode aceitar, numa atitude de subserviência, as declarações do Sr. Embaixador, sem protestar, sem manifestar um mínimo protesto relativamente às mesmas.

O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Muito bem!

O Sr. Jorge Machado (PCP): — Esta é a postura de quem se julga o dono do mundo e, sendo dono do mundo, pensa que pode interferir na vida política portuguesa.
Da nossa parte, Sr. Presidente, queremos manifestar igualmente o nosso repúdio pelas declarações do Sr.
Embaixador dos EUA, que nada tem a ver com a nossa política interna e não tem de pronunciar-se sobre as questões da vida democrática do nosso país, que dizem respeito ao nosso povo, a este Parlamento e a mais ninguém.

Aplausos do PCP.

O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia.

A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr. Presidente, Srs. Deputados, Os Verdes associam-se a este voto que o Bloco de Esquerda apresenta hoje e que vai ser votado daqui a pouco.
Todos os Srs. Deputados se recordam que, na passada quarta-feira, em declaração política, Os Verdes tiveram oportunidade de condenar estas declarações de Alfred Hoffman, que considerámos graves. São declarações proferidas publicamente, como forma de deixar recados a Portugal. Além disso, vindas de quem vêm, do embaixador dos EUA em Portugal, são declarações que, no mínimo, têm de ser consideradas graves e provocadoras.
Consideramos que o Governo português deveria ter dado uma resposta a estas declarações gravosas de forma atempada e clara, designadamente no que se refere às forças militares no Afeganistão e a outras que este voto refere.
Consideramos ainda que esta questão não deveria ser tomada como «ouvir e calar», uma vez que, pela gravidade do seu conteúdo, ela merece uma resposta.

O Sr. Bernardino Soares (PCP): — É verdade!

A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Não tendo o Governo feito o que deveria, entendemos que a Assembleia da República deve tomar a palavra nesta matéria e condenar claramente as declarações proferidas pelo Embaixador dos EUA em Portugal. É o que temos a oportunidade de fazer hoje, com a aprovação deste voto.

Aplausos do PCP e de Os Verdes.

O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Henrique Rocha de Freitas.

O Sr. Henrique Rocha de Freitas (PSD): — Sr. Presidente, Srs. Deputados, é certo que longe vão os tempos em que um português ilustre, Lobato Correia da Serra, era também amigo pessoal do norte-americano Thomas Jefferson, ele próprio fundador da democracia na América. Aliás, América e democracia são duas palavras que colam bem.

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