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38 | I Série - Número: 021 | 4 de Dezembro de 2008

O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Ricardo Rodrigues, agradeço os seus cumprimentos.
Sr. Deputado, quem foi buscar ao baú foi o Sr. Primeiro-Ministro, que de repente descobriu que tinha voltado a ser social-democrata e fez aqui um discurso renegando o neoliberalismo, que é coisa com que o PS não tem nada a ver. Não, mas no mesmo orçamento onde fez esse discurso, tem mais 1200 milhões de euros de privatizações e avança com um Código do Trabalho no sentido da desregulação das relações laborais.
Portanto, do discurso à prática, vai uma grande distância. E se o PS já há tantos anos pôs o Socialismo na gaveta, acho que agora o PS pôs a gaveta no baú, não vá alguém lembrar-se de encontrar por aí o socialismo e estragar a governação de que os poderes económicos tanto gostam e que tanto apoiam neste momento.
Há-de reconhecer, Sr. Deputado, que não regateamos elogios e apoios quando as medidas são positivas.
O Sr. Deputado elencou aí um conjunto de medidas positivas. Nessas estivemos a apoiar o PS, o que só demonstra, Sr. Deputado, que não fazemos política sem olhar aos conteúdos. Apoiamos todas as medidas positivas e combatemos todas as medidas negativas. Se o senhor quer ouvir mais elogios do PCP, então convença o seu Governo a tomar mais medidas positivas. Se o Governo continuar como tem estado, pode ter a certeza de que vão faltar elogios e sobrar críticas no nosso diálogo político.
Mas não quero terminar sem antes lhe dizer, Sr. Deputado, que estas medidas positivas que citou e que são sempre as mesmas, porque praticamente não há mais nenhumas, não compensam tudo o que de negativo os senhores estão a fazer, e o balanço é claramente negativo, neste momento.
Termino referindo-me ao que disse em relação à liberdade de organização do PCP, à Constituição e aos valores de Abril, dizendo-lhe que agora é uma boa oportunidade para o PS estar disponível para, na discussão da Lei do Financiamento dos Partidos, encontrar soluções que sejam soluções no sentido do consenso e da liberdade da auto-organização dos partidos e não soluções no sentido de atingir deliberadamente um partido em particular, como é o PCP. Esperamos contar com essa vossa disponibilidade. Já será alguma coisa de mais positivo para acrescentar à sua lista, se assim se confirmar.

Aplausos do PCP.

O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Paulo Rangel.

O Sr. Paulo Rangel (PSD): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Bernardino Soares, o PSD não quer deixar de saudar o Partido Comunista Português pela realização de mais um Congresso e pela eleição do seu Secretário-Geral Jerónimo de Sousa. Não queria deixar de dizer também que foi com muito gosto que vimos e ouvimos de novo a nossa antiga colega Odete Santos ter uma brilhante prestação. Pese embora o conteúdo não seja da nossa aprovação, fez uma brilhante intervenção no Congresso.
Feito este ponto de ordem, gostaria de dizer que nos impressionou sobremaneira — coisa que, aliás, foi agora aqui referida, embora muito subtilmente — a maneira como o PCP vê o seu lugar no contexto da esquerda em Portugal, e nomeadamente verificar que o PCP tem uma atitude política totalmente diversa — direi até, adversa — da posição que tem o Bloco de Esquerda. Uma vez que fez aqui essa referência muito subtil, nomeadamente no final do seu discurso, talvez fosse altura de clarificar isso.

Vozes do PSD: — Bem lembrado!

O Sr. Paulo Rangel (PSD): — Portanto, o meu pedido de esclarecimentos iria no sentido de ter algum interesse compreender essa relação.

Aplausos do PSD.

O Sr. António Filipe (PCP): — Pode perguntar à Judite de Sousa!

O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para responder a esta pergunta, com toda a arte parlamentar, tem a palavra o Sr. Deputado Bernardino Soares.

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