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8 | I Série - Número: 021 | 4 de Dezembro de 2008

E não se agite também o papão da imagem externa da banca portuguesa que sem esta intervenção sairia atingida e afectada! Alguém com razoabilidade acha que os operadores e credores externos, ainda por cima a trabalharem em Portugal, não conhecem bem o tecido bancário português? E acaso se deixariam impressionar por esta precisa situação? Esta ideia peregrina do Sr. Ministro de Estado e das Finanças de antes pecar por excesso que por defeito, de supostamente prevenir um contágio que se sabe que não pode acontecer, mais parece um pretexto do que uma boa razão! É, a bem dizer, a doutrina da guerra preventiva na versão neo-socialista deste Governo.
Esperemos que o BPP não seja o seu Iraque, pago pelos impostos de todos nós!

Aplausos do PSD.

Pois bem, se não subsistem os fundamentos do risco sistémico e da credibilidade externa do sistema financeiro português, que mais pode explicar este chorudo e arriscado apoio do Estado? Ter-se-á presente que a instituição em causa tem como cifra média dos depósitos e aplicações um valor que ronda os 250 000 € a 300 000 € e, em certas tipologias, 1 000 000 €? Será aceitável tratar da mesma e exacta maneira um depositante corrente ou normal e estes aplicadores de importâncias substanciais? Faz sentido que o comum dos contribuintes, sem nenhum retorno para a economia nacional, seja obrigado a suportar o risco do negócio alheio? Será aceitável apoiar, nestes termos, uma instituição cuja natureza na gestão de fundos e activos está mais próxima da actividade bolsista do que da actividade bancária? A que título e com que fundamento vão os contribuintes sofrer as perdas e as menos-valias dos investidores? A que título e com que fundamento o Estado deve servir de garante aos riscos que os investidores assumiram conscientemente? Não será isso uma entorse inadmissível à lógica do mercado? Será razoável sustentar este concreto apoio sem o estender às centenas de empresas do sector produtivo e altamente empregador que, com um aval para crédito, também resolveriam as suas dificuldades? E, já agora, quando se fala, para tentar dar um recorte moral e legal à operação em jogo, numa contragarantia dos activos do BPP, onde está a lista detalhada dos bens em causa e uma avaliação imparcial da mesma?

Aplausos do PSD.

Se os activos são tão prestáveis e valiosos, por que é que não foram suficientes para que o consórcio de bancos fizesse o seu empréstimo sem o aval do Estado, apenas com base nesses mesmos activos?

Aplausos do PSD.

O que pode explicar a triangulação BPP/Estado/bancos senão unicamente as dúvidas sobre o real valor dos activos? Sr.as e Srs. Deputados, o PSD pauta-se por uma atitude responsável e criteriosa no combate à crise financeira. Mas não podemos pactuar com o uso desregrado dos dinheiros públicos para acorrer a aflições da esfera de responsabilidade absolutamente privada.

O Sr. Presidente: — Faça favor de terminar, Sr. Deputado.

O Sr. Paulo Rangel (PSD): — Estou a terminar, Sr. Presidente.
O Governo pode contar connosco quando se trata de servir o interesse nacional. Não contará, em caso algum, para acompanharmos soluções irrazoáveis, desnecessárias, altamente custosas para os contribuintes.
Que os contribuintes sejam chamados a custear os esforços das soluções para sairmos da crise financeira é necessário e é admissível. Mas nunca aceitaremos, em caso e em tempo algum, o lema de que o Governo se serviu para sustentar esta operação: os contribuintes que paguem a crise. Isso não, isso nunca!

Aplausos do PSD.