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10 | I Série - Número: 071 | 24 de Junho de 2010

não conseguiram passar, a existência de alguém que talvez pudesse ter sido e, afinal, não tinha chegado a ser.» Caro José Saramago, também as nossas vidas de leitores seriam promessas menos cumpridas sem a sua obra.
Para além do estilo muito próprio de José Saramago e de tudo o que ele significou de enriquecimento para este ser vivo e em permanente mutação, que é a língua portuguesa, quero aqui salientar o pensador.
Pirandello dizia «a arte vinga a vida». Um romancista não é um historiador nem um profeta. É um explorador da existência que nos mostra o mundo tal como ele é: um enigma. Se o artista ou o intelectual — deixemos de ter medo desta honrosa designação — alguma função tem, é a de suscitar a interrogação, combater a resignação e o fatalismo, promover o pensamento e, assim, alimentar a esperança.
Não resisto a citar mais uma frase de outro homem de teatro Bertolt Brecht: «Nunca digam é natural para que nunca nada passe por imutável.» Foi o que José Saramago sempre fez: recusar o imutável.
Em nome do Grupo Parlamentar do Partido Socialista, mais do que uma despedida, quero aqui exprimir o nosso agradecimento ao homem escritor José Saramago por todas as perguntas que fez e, como toda a pergunta é um mundo que se abre, por todos os mundos que abriu. A arte vinga a vida e vinga a própria morte. O engenho e a arte de José Saramago nunca morrerão e, para voltar ao início, como ele não é dissociável da sua obra, ele também não.
Quero ainda exprimir a nossa solidariedade e os nossos pêsames para com os seus familiares, a sua mulher, os seus amigos e os seus companheiros.

Aplausos gerais.

O Sr. Presidente: — Tem a palavra a Sr.ª Deputada Teresa Caeiro.

A Sr.ª Teresa Caeiro (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.ª Ministra da Cultura, Sr. Ministro dos Assuntos Parlamentares, Sr.as e Srs. Deputados: Começo por saudar, obviamente, os familiares e amigos de José Saramago aqui presentes.
Havia todo um mundo ideológico e político que nos separava de José Saramago: houve divergências históricas, outras contemporâneas; houve divergências marcantes, outras menos relevantes. Havia, sem dúvida, toda uma mundividência que nos opunha. Mas no passado dia 18 houve uma filha, a Violante, que perdeu o pai, uma mulher, Pilar del Rio, que perdeu o marido, uma família que perdeu um dos seus e certamente muitos amigos que perderam um grande amigo. E Portugal perdeu um escritor que contribuiu decisivamente para a divulgação da língua, da cultura e da literatura portuguesas.
O Prémio Nobel da Literatura, o único na nossa língua, consagrou-o definitivamente entre os melhores escritores do mundo e com isso dignificou, e muito, Portugal.
A obra e o pensamento de José Saramago merecerão avaliações diferentes por cada um de nós, mas, tal como nunca devemos confundir a personalidade de um escritor com a sua obra, não devemos cair em sectarismos ideológicos simplórios quanto ao seu legado literário, até porque, quanto ao resto, como o próprio dizia, somos a memória que temos e a responsabilidade que assumimos.
Este autodidacta, porque as circunstâncias da vida e do seu país na altura não permitiram que concluísse o ensino secundário, conseguiu ultrapassar as suas circunstâncias e construir um percurso extenso, rico, multifacetado e mundialmente conhecido e reconhecido.
A sua escrita, tão rica em alegorias, mostrou-nos sempre um grande pensador. Mostrou sempre uma inquietude perante a vida e, sobretudo, uma busca constante por compreender a humanidade.
Concluo, repetindo as palavras de José Saramago quando lhe perguntaram recentemente por que é que escrevia. Ele dizia: «Antigamente, eu respondia que era para não morrer, mas actualmente escrevo para compreender o que é o ser humano.» Podemos não ter compreendido sempre o ser humano José Saramago, mas hoje podemos aqui dizer, na bancada do CDS, que valeu muito a pena ele ter existido e ter escrito, porque ele não vai morrer, certamente, graças à sua obra.
Apresentamos, mais uma vez, as condolências a toda a sua família.

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