37 | I Série - Número: 008 | 1 de Outubro de 2010
relação minimamente satisfatória com os mercados financeiros internacionais, porque o que está em causa é o financiamento do Estado, o financiamento de todo o sistema financeiro, o financiamento de toda a economia portuguesa.
Por isso, temos claramente de seguir por este caminho. O Governo já disse que quer seguir por este caminho e apresentou, ontem mesmo, medidas corajosas, porque difíceis, impopulares e complexas, para enfrentar essa situação.
Ora, aquilo que encontramos neste debate por parte da extrema-esquerda — Bloco de Esquerda e PCP — ç sempre o mesmo discurso,»
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — E o vosso é diferente?!
O Sr. Francisco de Assis (PS): — » o discurso da proclamação e o discurso da denúncia. Nas proclamações às vezes até estamos de acordo e algumas das denúncias também são acertadas, mas a grande diferença, Srs. Deputados, é entre a responsabilidade de governar e a comodidade de denunciar. Essa é que é a grande diferença, Srs. Deputados!
Aplausos do PS.
Nós somos um partido de governo, somos a esquerda que governa, somos herdeiros dessa esquerda histórica que governou, da esquerda que construiu o tal Estado social, da esquerda que combateu historicamente desigualdades, da esquerda que criou a igualdade de oportunidades, da esquerda que aumentou o grau de civilização nas sociedades europeias.
O Sr. Francisco Louçã (BE): — Por isso é que cortam com o abono de família!»
O Sr. Francisco de Assis (PS): — Essa esquerda confrontou-se sempre com a realidade e essa esquerda foi sempre contestada pela esquerda da denúncia e da proclamação, porque, nas circunstâncias em que, por via autoritária, chegou ao poder, esmagou as liberdades,»
Aplausos do PS.
» porque não ç capaz de conviver com a complexidade das sociedades. Essa ç a nossa grande diferença e os portugueses lá fora percebem isso.
O Sr. Agostinho Lopes (PCP): — Percebem! Percebem!
O Sr. Francisco de Assis (PS): — E muito eleitorado de esquerda percebe claramente isso. Percebe que há aqui uma esquerda que quer enfrentar as dificuldades e uma outra que se limita a denunciar e a proclamar de uma forma totalmente irresponsável e inútil.
Mas, olhando para a direita, confrontamo-nos com uma situação que não deve deixar de nos preocupar.
Começo por lamentar o tom e a linguagem utilizados pelo PSD neste debate parlamentar.
Aplausos do PS.
Protestos do PSD.
Temos hoje de assumir inteiramente as nossas responsabilidades. E a responsabilidade de quem exerce funções de liderança não é despertar os instintos mais básicos do ponto de vista daqueles que dirige, mas, pelo contrário, impor-se a esses instintos, em nome do interesse nacional. Temos de responder mais ao País e falar menos para os nossos partidos numa circunstância como esta que estamos a viver.
Aplausos do PS.