O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

39 | I Série - Número: 008 | 1 de Outubro de 2010

sem o País ter, hoje, meios de resolução da crise política — e, por isso, também aí estamos numa situação especial. A nossa situação é excepcional, não apenas pela natureza dos problemas que com que nos confrontamos, pela amplitude dos desafios que se nos deparam, mas também pela circunstância de não haver, hoje, mecanismos à disposição do próprio Presidente da República que permitam a resolução imediata da crise política com que, eventualmente, ficaríamos confrontados.
Sr. Primeiro-Ministro, a posição do nosso Grupo Parlamentar é uma posição muito clara: os governos existem para enfrentar as questões que em cada momento histórico se colocam aos países. Os governos existem para estar à altura dos problemas com que os países se defrontam. Seria mais fácil iludir as questões, seria mais fácil culpar outros, seria mais fácil chegar aqui e responsabilizar as oposições por tantos comportamentos irresponsáveis que tiveram ao longo dos tempos nos últimos anos. Mas não é isso o que se espera de um governo e não é isso o que se espera de um partido que sustenta o Governo na Assembleia da República.
O nosso caminho é, porventura, o mais difícil: é um caminho em que temos de tomar medidas difíceis, em que temos de tomar medidas impopulares, em que temos de tomar medidas que, verdadeiramente, não estão, algumas delas, de acordo com aquilo que seria a nossa vontade mais genuína, mas temos de tomá-las, tendo em consideração o contexto em que vivemos.
E esta é a diferença entre os demagogos e os estadistas: os demagogos tudo proclamam e tudo denunciam e os estadistas são capazes, nas horas difíceis, de ter a grandeza de tomar as medidas, por mais complexas que elas sejam, que o interesse do País reclama e o Sr. Primeiro-Ministro, claramente, segue por esse caminho.

Aplausos do PS.

É, de facto, o caminho mais difícil, mas também o mais exigente e o mais sério dos caminhos, sendo que o Sr. Primeiro-Ministro conta, em nome dos nossos valores e princípios mais profundos, em nome da salvaguarda do nosso projecto para a sociedade portuguesa, em nome do modelo económico e social que preconizamos, em nome do futuro de Portugal, tal como o concebemos, com a nossa inteira e absoluta solidariedade.

Aplausos do PS, de pé.

O Sr. Presidente: — Tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.

O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sr. Deputado Francisco Assis, permita-me que me integre também no conjunto dos políticos que se reclamam herdeiros de uma esquerda histórica no nosso país, de uma esquerda que sempre que esteve no poder instituiu progressos neste país, progressos a favor dos direitos individuais; progressos civilizacionais e progressos nos direitos sociais, uma esquerda que, sempre que passou pelo governo, melhorou as condições sociais e reduziu as injustiças.
Mas o mais importante é que todos se lembrem de que esta esquerda histórica foi aquela esquerda que esteve no governo nos momentos mais difíceis do Portugal democrático e nunca fugiu a tomar as decisões que esses momentos históricos impunham em nome do interesse geral.

Aplausos do PS.

Antes de mim já esteve aqui Mário Soares, em 1977 e em 1983, a ouvir o mesmo»

O Sr. Pedro Mota Soares (CDS-PP): — E antes disso o Afonso Costa»!

O Sr. Primeiro-Ministro: — » e, nessa altura, esse primeiro-ministro fez aquilo que devia em nome do interesse geral, em nome de um projecto de sociedade, não em termos retóricos e ilusórios, mas em termos de responder a uma realidade melhorando-a, porque esse é o dever dos políticos.