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61 | I Série - Número: 033 | 23 de Dezembro de 2010

antevejo é preocupante. Do mesmo modo que todos fomos alertados para os perigos do consumo excessivo,
através da utilização dos cartões de crédito, aqui fica o aviso: é preciso mudar!
Estes são os meus votos para um próspero ano de 2011.
Mudar os hábitos do nosso quotidiano e regionalizar.

A Deputada do PSD, Antonieta Guerreiro.

——

Em coerência com todas as posições que tenho tomado ao longo dos anos em defesa das pequenas e
médias empresas e do comércio tradicional em particular, cuja destruição continua a ser levada a cabo pela
política insensata de licenciamento de grandes superfícies comerciais pelos governos do Eng.º José Sócrates,
não posso deixar de manifestar desta forma a minha diferença de opinião com a orientação de voto do grupo
parlamentar a que a disciplina partidária me vincula.
Sob pretexto de um inesperado ímpeto descentralizador, colocando nas câmaras municipais o poder de
decisão de restringir ou alargar os horários de abertura das grandes superfícies comerciais (com mais de 2000
m2), o Governo integrou-as no regime geral, ou seja, concedeu aos grandes grupos da distribuição a última
fatia de mercado de que ainda não dispunham: os domingos.
Ao fazê-lo, o Governo sabe que, na prática, e de uma forma geral, os municípios não irão fazer quaisquer
restrições, antes pelo contrário! Nada como dividir, para reinar. Muitos presidentes de câmara logo dirão: «Se
eu proibir a instalação de grandes superfícies comerciais no meu município, ou a sua abertura ao domingo,
estarei a empurrar os meus munícipes para o município do lado, e é para lá que o dinheiro vai!»
Triste País este que tarda em abrir os olhos. Durante as últimas décadas, onde mais crescemos, foi a
construir auto-estradas, com poucos utentes e custos de manutenção extravagantes, e grandes centros e
superfícies comerciais, onde quase tudo o que se vende é importado e pago com dinheiro emprestado. Os
resultados deste modelo económico suicida estão à vista!
Há muitos responsáveis políticos, do governo aos municípios, que não percebem que o aniquilamento das
pequenas e médias empresas comerciais, significa lançar na miséria a classe média e a sua proletarização,
senhorios que vêem as suas lojas devolutas com impostos e condomínios para pagar, é a redução efectiva de
postos de trabalho e, sobretudo, a drenagem financeira que a grande distribuição significa para uma região ou
município.
Estes grandes grupos não reinvestem nas regiões, drenam para as capitais das suas sedes financeiras,
todo o produto da sua actividade, ao contrário dos pequenos e médios comerciantes, que reinvestem
localmente a maior parte dos seus lucros, e é ali que pagam os seus impostos.
É um absurdo o que se está a passar em Portugal. Um dos países com menor poder de compra da Europa,
está na liderança da construção de grandes superfícies comerciais. Não existe uma política comercial à escala
nacional que preserve um equilíbrio justo entre as diferentes tipologias de unidades comerciais.
Existe, sim, sofreguidão em copiar os poucos exemplos externos que vão na linha da liberalização
selvagem. Insiste-se em ignorar os exemplos da maioria da comunidade internacional, a começar pelos países
mais próximos, como a Espanha e a França.
Os grandes grupos da distribuição tudo arrasarão num curto período de tempo. Um autêntico «tsunami
comercial» está a varrer Portugal!
Que sociedade é esta que estamos a remodelar, onde tudo se faz para combater os valores familiares, nos
quais o domingo deveria ser, por maioria de razão e tanto quanto possível, um espaço de convívio, de
descanso, de reflexão e de reunião dos membros de cada família? Em nome de um consumismo exacerbado
e instilado na população, tudo se consente.
Quer-se destruir a família como célula fundamental da nossa sociedade, mas a presente crise económica e
social, cujos contornos mais tremendos estão para vir, irá demonstrar que ainda é no reduto familiar que as
vítimas da recessão poderão encontrar amparo e solidariedade.
O Decreto-Lei n.º 111/2010, de 15 de Outubro, aprovado à socapa pelo Governo, lamentavelmente, passou
no Parlamento, por causa do meu voto também, o que não me honra particularmente. Mas, entre um suicídio

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