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40 | I Série - Número: 039 | 15 de Janeiro de 2011

Para quem defende o conceito de «herói de Abril», se este conceito tem algum significado, ele aplica-se plena e inequivocamente ao Coronel Victor Alves.
À Família e aos Militares de Abril, apresento sentidas condolências.

Aplausos gerais.

O Sr. Presidente: — Srs. Deputados, vamos votar.

Submetido à votação, foi aprovado por unanimidade.

É o seguinte:

Voto n.º 94/XI (2.ª) De pesar pelo falecimento do Coronel Victor Manuel Rodrigues Alves

Morreu o Coronel Victor Manuel Rodrigues Alves, um dos mais activos e importantes Capitães de Abril.
Integrou desde o início a Comissão Coordenadora do MFA, tendo sido nessa qualidade membro do Conselho de Estado. Desempenhou igualmente os postos de Ministro sem Pasta responsável pelas áreas da Defesa e da Comunicação Social e de Ministro da Educação, e mais tarde fez parte do Conselho da Revolução.
Victor Alves foi igualmente o Coordenador do Programa do Movimento das Forças Armadas, cujo principal autor foi Melo Antunes. Foi ainda o primeiro porta-voz do MFA, logo no dia 25 de Abril, foi o primeiro rosto dos Capitães de Abril.
Era um patriota, um democrata e um idealista. Militar corajoso foi-lhe atribuída uma das mais importantes condecorações por acção em combate na guerra colonial — a Cruz de Guerra.
Victor Alves integrava a «elite do Exército», o seu Corpo de Estado Maior, onde era difícil recrutar militares pelo MFA. Victor Alves não só aderiu inequivocamente aos objectivos da Revolução como foi um dos seus dinamizadores, integrando a própria direcção.
Victor Alves era conhecido por ser um homem de consensos, por ser um homem justo e por ser um intransigente defensor dos grandes objectivos do MFA, empenhando-se profundamente na concretização do sonho e da utopia dos militares de Abril. Foi na defesa desses ideais que integrou o «Grupo dos Nove». Foi um verdadeiro «embaixador» no País e no estrangeiro na defesa dos objectivos da Revolução. Foi um militar revolucionário com vocação de diplomata, que era um verdadeiro gentleman.
Como militar e político, Victor Alves foi um homem de excepção. Foi daqueles militares, como muitos outros, que nunca pediu nada, bastando-lhe o orgulho de ter contribuído, de forma decisiva, para a implantação da Democracia e da Liberdade em Portugal, através da Revolução dos Cravos — um exemplo em todo o Mundo.
Terminado o Conselho de Revolução, com a Revisão Constitucional de 1982, como estava previsto, Victor Alves optou por se dedicar a actividades cívicas, destacando-se na defesa dos direitos humanos, tendo sido Fundador e Presidente, até à sua morte, da Organização Civitas, mais tarde Civitas/Liga dos Direitos Humanos.
Mas esta síntese, necessariamente incompleta face à dimensão e à grandeza de Victor Alves, ficará mais rica se recorrermos ao testemunho de despedida da sua esposa, no dia do funeral, a quem solicitámos autorização para transcrever o texto, que é do seguinte teor: «Testemunho ‘Tudo tem o seu tempo’, como aprendemos no Livro de Eclesiastes: ‘Para tudo há um momento e um tempo para cada coisa que se deseja debaixo do céu: tempo para nascer e tempo para morrer; tempo para plantar e tempo para arrancar o que se plantou; tempo para matar e tempo para curar; tempo para destruir e tempo para edificar; tempo para chorar e tempo para rir; tempo para se lamentar e tempo para dançar; tempo para atirar pedras e tempo para as juntar; tempo para abraçar e tempo para evitar o abraço; tempo para procurar e tempo para perder; tempo para guardar e tempo para atirar fora;

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