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10 | I Série - Número: 062 | 11 de Março de 2011

Aplausos do PS.

Cinco erros fundamentais caracterizam, a meu ver, o radicalismo.
O primeiro erro é a irresponsabilidade. Só agora iniciámos o terceiro mês de uma execução orçamental que todos sabemos ser decisiva para que Portugal vença a batalha da confiança e do financiamento junto dos mercados e instituições internacionais, demonstrando aquilo que é fundamental: somos capazes de resolver, por nós próprios, os nossos problemas.
Os resultados de que dispomos são animadores: não só o défice de 2010 vai ficar significativamente abaixo da própria meta do Governo, como a evolução da execução orçamental em 2011 tem estado em linha com a previsão do Orçamento do Estado que esta Assembleia aprovou.
Mas a turbulência e a volatilidade dos mercados, a indecisão das instituições europeias e a sucessão de ataques especulativos contra a moeda única, criaram um clima de incerteza que tarda em dissipar-se. Nestas circunstâncias, obrigar de novo o País, sem qualquer motivo sério, a debater a oportunidade de uma crise política e a continuidade do Governo apenas pela sofreguidão de disputar o protagonismo parlamentar só tem um nome, e esse nome é irresponsabilidade. Irresponsabilidade e total desprezo pelo interesse nacional e pelo esforço dos portugueses!

Aplausos do PS.

Irresponsabilidade, portanto.
Mas o segundo erro fundamental do radicalismo político é a imoderação. A complexidade da situação europeia exige prudência, realismo, sentido da concertação e do compromisso. No entanto, o radicalismo despreza estes valores que constituem a essência das democracias modernas. Porque, no fundo, continua agarrado à sua matriz revolucionária e radical.

Aplausos do PS.

E essa matriz recusa, como sempre recusou, tudo o que possa significar acordo e cooperação, porque o seu fermento é a instabilidade social e a sua aposta é a política que se costuma caracterizar como «quanto pior, melhor».
Não surpreenderá, portanto, que seja a demagogia o terceiro erro do radicalismo. O radicalismo está sempre disponível para sacrificar o interesse nacional a qualquer protesto de ocasião, qualquer que seja a sua razão de ser. Para o radicalismo todas as exigências são justas, todas as reivindicações são legítimas, todas as soluções são fáceis. Não é preciso estudar, não é preciso ponderar, não é preciso fazer contas. O radicalismo dispensa-se de submeter as suas ideias à prova da realidade dos factos — essa é, verdadeiramente, a razão por que tem medo de assumir qualquer responsabilidade executiva. O radicalismo apenas vive do protesto e para o protesto e está sempre disponível para todas as coligações, com uma única condição: que sejam coligações negativas, que sejam coligações contra.

Aplausos do PS.

O quarto erro do radicalismo político é o sectarismo, o mais gritante sectarismo. A extrema-esquerda gosta de se proclamar a si própria a mais pura das esquerdas. Mas, na prática, o que faz todos os dias é combater e desgastar a esquerda. Por isso, o centro-esquerda, que não tem medo de governar, isto é, de assumir responsabilidades e de submeter-se ao teste da realidade é o seu adversário principal. E, para atacá-lo, o radicalismo não hesita em fazer parte das coligações e alianças contra natura, com as forças do lado direito deste Parlamento, apenas com o objectivo de combater o Governo do Partido Socialista.
Esta moção de censura, pela qual o Bloco de Esquerda se declara disponível para fazer um jeito à direita, é, em si mesma, a demonstração cabal do sectarismo e da cegueira a que esse sectarismo conduz!

Aplausos do PS.