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14 | I Série - Número: 073 | 21 de Abril de 2011

O Sr. José Gusmão (BE): — Não há limite para o descaramento!

O Sr. Jorge Strecht (PS) — Chegados a este ponto, como diria o lavrador na sua fala em O Grande Teatro do Mundo, de Calderón de La Barca, «grande pesar/grande consternação/que havemos de fazer?/voltar à nossa conversação». Pois bem, é isso mesmo.

O Sr. Miguel Macedo (PSD): — Não era melhor falar da bancarrota?

O Sr. Jorge Strecht (PS) — O PS está, de facto, numa situação difícil. Porquê? Porque está entalado entre uma direita liberal e uma esquerda radical que faz, inconsequentemente, o jogo dessa direita.
A prova provada de que esta direita, apesar de ser relativamente inconsequente, quer, de facto, as reformas ultraliberais veio agora pela voz do líder do PSD, com a reforma da segurança social.
No fundo, não é só o contrato a termo validamente celebrado mesmo que não seja por escrito e com as circunstâncias do mundo fáctico que justificam o contrato, não é só a não proibição do despedimento a não ser alicerçado em justa causa proposto na revisão constitucional, é também, neste caso concreto, a retoma da desnatação do Estado para o privado. Querem-no na saúde pública, querem-no na escola pública e queremno agora tambçm, repetidamente, na segurança social,… O Sr. Miguel Macedo (PSD): — Que tal falar da bancarrota?

O Sr. Jorge Strecht (PS) — … sabendo de antemão que são exactamente esses os pilares fundamentais do Estado social, da redistribuição da riqueza e do real apoio às pessoas carenciadas.
Não é o vosso assistencialismo, ou seja, os tais portugueses solidários que ajudam os portugueses pobres, que resolvem o problema da pobreza em Portugal. Os senhores sabem muito bem que uma coisa é o direito concreto das pessoas, outra coisa é o célebre apoio caritativo das pessoas que teriam ou poderiam ter capacidade para apoiar os pobres.
Os senhores sabem muitíssimo bem que o que pretendem é a desregulação do Estado social em Portugal, e o que é estranho não é que o pretendam mas que o pretendam de uma forma cobarde, porque hoje dizem uma coisa e, quando dói, retiram o que disseram.

Protestos do PSD.

Os senhores falaram nos contratos a termo e, depois, não era bem assim; os senhores falaram no despedimento sem justa causa e, depois, recuaram; os senhores falaram na privatização da segurança social e recuaram; os senhores falaram da privatização da Caixa Geral de Depósitos e, depois, recuam.
O estranho ç que a vossa cobardia que encobre o real desejo de desregulação neste País,… O Sr. Miguel Macedo (PSD): — Que tal falar da bancarrota?

O Sr. Jorge Strecht (PS) — … esperan do a cobertura total do FMI, tem como aliados poderosos a esquerda radical que, com os senhores, fizeram o que fizeram, criando uma evidente crise política. E isso é tão evidente que, quando o FMI entrou em Portugal, os senhores disseram: «O nosso programa é o programa do FMI!».

O Sr. Bernardino Soares (PCP): — É o vosso também!

O Sr. Jorge Strecht (PS) — Os senhores não se propõem contratualizar com a ajuda externa as condições que Portugal tem para receber essa ajuda externa. Os senhores estão de joelhos, caídos, sem querer negociar, assumindo plenamente, como vosso, o programa mais radical que o próprio FMI, eventualmente, terá condições de impor a Portugal.
Portanto, podem os senhores da direita e os senhores da esquerda reverem-se no que fizeram!

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