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6 | I Série - Número: 073 | 21 de Abril de 2011

Mas, face ao fraco crescimento da nossa economia, associado à destruição da nossa indústria, da nossa agricultura e das nossas pescas, o que esses governos provocaram para assegurar esses objectivos, foi o profundo endividamento do Estado, das empresas e das famílias.
Está bom de ver que os meios financeiros obtidos pelo crescente endividamento do País não foram aplicados em investimentos produtivos. O Estado endividou-se para construir estádios de futebol e autoestradas e para comprar submarinos, coisas apenas «para inglês ver».
Promoveu o transporte rodoviário, muito mais caro e muito mais nocivo para o ambiente e criador de mais dependência externa, em prejuízo do transporte ferroviário. Portugal possui, hoje, muitos mais quilómetros de auto-estrada do que linhas férreas electrificadas, tendo perdido, nos últimos 23 anos, 900 km de linhas férreas.
Por fim, ao mesmo tempo que foram empurrando mais e mais famílias para a pobreza, os governos foram multiplicando, pomposa e modernamente, as parcerias público-privadas, a maioria em auto-estradas, cujos custos atingirão, nos próximos anos, cerca de 60 000 milhões de euros e que asseguram elevados lucros, nomeadamente à banca, que financia os empreendimentos, mas também aos grandes grupos da construção civil, que os construíram e obtiveram posteriormente a respectiva concessão de exploração.
A somar a tudo isto, temos ainda o modelo neoliberal que domina actualmente a União Europeia e que coloca os países em dificuldades completamente dependentes ou reféns dos mercados. Ninguém compreende, nem é aceitável, que o Banco Central Europeu se recuse a financiar directamente os Estadosmembros, obrigando os Estados a recorrer aos mercados, que são formados pelos grandes bancos, fundos e companhias de seguros, ficando à mercê das suas exigências, para imporem as taxas de juros que quiserem, as quais chegam a oscilar entre os 8% e os 12%, para depois obterem empréstimos a taxas de juro muito mais baixas, de pouco mais de 1%, junto do BCE.
Ou seja, o BCE recusa-se a financiar directamente os Estados mas empresta aos bancos «intermediários», a uma taxa de juro de pouco mais de 1%, para depois estes mesmos «intermediários» emprestarem aos Estados a taxas que oscilam entre os 8% e os 12%. Assistimos, assim, à transformação do BCE num instrumento importante na construção de uma Europa neoliberal, que procura favorecer os grandes grupos económicos e financeiros contra os povos da Europa.
Isto, parece-nos, não é admissível. Isto até devia dar cadeia! Ou, se não devia dar cadeia, devia, pelo menos, pôr-nos a pensar.

Risos do PS.

Se calhar, isto dá vontade de rir a alguns. Compreendo porquê.

Protestos do Deputado do PS Sérgio Sousa Pinto.

Apesar disso, nunca ouvi, ao longo destes anos, qualquer governo do nosso País insurgir-se contra esta situação de gritante injustiça, de verdadeiro roubo! Alguém já ouviu? Se calhar, não. Nós não ouvimos.
É por tudo isto que dizemos, com toda a clareza, que esta crise não caiu do céu. Esta crise tem paternidade, ou, melhor, tem paternidades. E bem sabemos que os partidos que têm estado no governo, ao longo destes anos — recordo, PS, PSD e CDS-PP — , vão fazer o possível e o impossível para «lavar as mãos», como fez o outro, ou «enfiar a cabeça na areia», como faz a outra, para dizerem que nada têm a ver com a crise que vivemos.
E, havendo eleições, vão prometer «este mundo e o outro», vão prometer o «pelotão da frente» e a criação de 150 000 postos de trabalho. Vão dizer-nos que a intervenção do FMI é inevitável, quando todos sabemos que esta intervenção externa não vai resolver nem o problema do desemprego nem o problema da dívida. Vai constituir, isso sim, mais um factor para agravar a recessão que o País atravessa.
Vão dizer-nos que as eleições legislativas de 5 de Junho são para eleger um primeiro-ministro, ou um presidente da Assembleia da República, mas, por mais nobre que seja a intenção, a verdade é que, no dia 5 de Junho, o que vamos eleger são 230 Deputados à Assembleia da República.
Vão fazer tudo para que tudo fique na mesma, procurando esconder aquilo que verdadeiramente está em causa — e o que está em causa é a verdadeira necessidade de mudar de políticas. Mas o dia 5 de Junho representa uma oportunidade para penalizar os responsáveis pela crise: o PS, o PSD e o CDS-PP.