1 DE JULHO DE 2011
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Gostaria, no entanto, no contexto do Programa do Governo, de solicitar esclarecimento em relação ao
seguinte: todos sabemos que o programa da tróica tem um potencial recessivo, e as medidas de natureza
fiscal que o Sr. Primeiro-Ministro aqui anunciou também têm um potencial recessivo. Ora, tendo o Sr. Primeiro-
Ministro referido, na sua intervenção, apenas algumas das medidas que vai ou que tenciona concretizar, no
exercício da sua acção governativa, gostaria de perguntar-lhe como vai conciliar aquele potencial recessivo
com uma agenda de crescimento económico.
Uma segunda questão que gostaria de colocar-lhe tem a ver com o seguinte: anunciado o programa de
privatizações — acelerado, como aqui foi referido, por V. Ex.ª — e contendo o Programa do Governo a
afirmação de que o Governo abdicará das golden share, gostaria que o Sr. Primeiro-Ministro nos explicasse
como tenciona garantir a defesa dos interesses estratégicos nacionais, perante o fornecimento ou a produção
de bens e serviços essenciais, para garantirmos que a sua disponibilidade é feita com justiça, equidade,
razoabilidade e imperatividade.
Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr.ª Presidente, Sr.ª Deputada Maria de Belém, quero aproveitar, também,
esta ocasião para endossar felicitações sinceras ao Partido Socialista.
Sei que o Partido Socialista enfrenta, nesta altura, um processo de escolha interna que conduzirá à eleição
de uma nova liderança e o Governo aguarda que, no termo desse processo, o Partido Socialista esteja em
plenas condições de poder ser um parceiro dentro deste Parlamento e na sociedade portuguesa, ao nível das
exigências que o País tem pela frente — quando digo «um parceiro», refiro-me, como é evidente, a um
parceiro do País.
O Governo não deixará de colaborar com todas as Oposições, mas, como não pode deixar de ser, com
atenção particular ao Partido Socialista, que, enquanto governo, subscreveu um Memorando de Entendimento
com implicações importantes para todo o trabalho que vamos desenvolver nos próximos três anos.
Sabemos que algumas das medidas previstas no Memorando de Entendimento estão ainda a aguardar
decisão política quanto à sua substância, ou seja, têm metas fixadas, objectivos fixados, mas há ainda que
tomar opções políticas para concretizá-las. Tenho a certeza de que a diferença de opiniões, que, muito
naturalmente, existirá entre o Governo e a Oposição não impedirá que aqueles que subscreveram ou se
responsabilizaram pelo Memorando de Entendimento venham a encontrar um consenso suficientemente
alargado para que a construção das políticas seja uma garantia do cumprimento dos objectivos que dele
constam.
Espero, evidentemente, contar com todo o Parlamento, muito especialmente com o Partido Socialista, para
essa realização.
A Sr.ª Deputada colocou-me duas questões muito directas e procurarei responder directamente.
Em primeiro lugar, é verdade — nós sabemos — que todas as medidas que envolvem redução de despesa,
do lado do Estado, acarretam sempre efeitos recessivos na economia, ou porque transferem menos
rendimentos para as famílias, ou na medida em que o próprio Estado dispõe de uma restrição muito mais forte
para a sua despesa. A razão por que precisamos de cumprir com essas medidas resulta do facto de sabermos
que não haverá crescimento sem primeiro haver consolidação orçamental.
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Muito bem!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Se fosse possível continuar a realizar uma despesa sustentável — o que a
nossa deixou de ser — para poder incentivar um crescimento mais robusto, certamente que o faríamos. O
problema é que, como todos sabem — e o Partido Socialista reconheceu-o também —, há um nível de
insustentabilidade na despesa pública que compromete o crescimento.
Portanto, a primeira resposta, Sr.ª Deputada, é a de que, sem consolidação orçamental, não teremos
crescimento. A questão que se coloca é, pois, a de saber como poderemos suavizar os impactos negativos
recessivos que a consolidação orçamental acarretará. Em primeiro lugar, promovendo, tanto quanto possível,
Resultados do mesmo Diário
e que estão em conformidade com o Memorando de Entendimento acordado com a União Europeia e com o Fundo Monetário
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partidos que subscreveram o Memorando de Entendimento firmado com a União Europeia e com o Fundo
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, que trouxe à evidência que o perímetro de apoio ao Memorando de Entendimento celebrado
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que poderemos enfrentar nos próximos seis meses para o resultado dos 5,9% que constam do memorando
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que era previsível: a que consta do Memorando de Entendimento subscrito com a tróica. As medidas previstas
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de ser em muitas áreas copy/paste do Memorando de Entendimento da tróica, não está referida
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de fora o cumprimento do que consta do Memorando de Entendimento. O facto de não haver uma repetição exaustiva
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no Memorando de Entendimento e obrigará também os portugueses à austeridade adicional.
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. O que está no compromisso do Memorando de Entendimento será cumprido por nós e, neste particular, resulta de um acordo
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que Portugal assinou um memorando de entendimento com as instituições europeias. É um memorando
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das medidas inscritas no Memorando de Entendimento mas também no compromisso de ir além do exigido
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no Memorando de Entendimento, que foi subscrito por 85% da representação parlamentar desta Câmara
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