I SÉRIE — NÚMERO 3
54
As alterações propostas para a legislação laboral não pagam um cêntimo da dívida, são apenas uma nova
e brutal ofensiva visando o aumento da exploração.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exactamente!
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — O Governo e os partidos da tróica querem despedimentos mais fáceis
e mais baratos; pretendem pôr todos os trabalhadores em situação de precariedade, para os tratarem como
material descartável e comprimirem as suas remunerações;…
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Exactamente!
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — … querem condicionar a acção e organização sindical,
designadamente através do ataque à contratação colectiva; querem a desregulamentação total dos horários
de trabalho e o não pagamento de horas extraordinárias.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exactamente!
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Não é com mais precariedade e com salários mais baixos que se
desenvolve o País. É com emprego com direitos, com a valorização dos salários, com a estabilidade dos
vínculos que se garante, que se constrói um desenvolvimento económico que rejeite o estafado modelo de
baixos salários.
Este Governo, que tanto fala de apoiar as famílias, há-de explicar aos portugueses em que é que ajuda as
famílias e a natalidade deixar de pagar horas extraordinárias; como se beneficiam as famílias se um
trabalhador for facilmente despedido, perdendo a fonte do seu sustento; como se convence um jovem casal a
ter filhos se ambos recebem o salário mínimo, ou menos, ou se estão sujeitos a trabalho temporário ou a um
falso recibo verde,…
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Bem lembrado!
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — … podendo ser despedidos a qualquer momento, se vão sofrer um
novo rombo no crédito e no pagamento dos impostos com a habitação.
O que este programa quer é, de facto, aumentar a exploração sobre os trabalhadores, sujeitá-los à
arbitrariedade.
Ainda no plano económico, há uma questão decisiva: a de saber quem controla e ao serviço de quem estão
as alavancas fundamentais da nossa economia.
Os portugueses já conhecem o resultado das privatizações e da liberalização dos sectores económicos.
Sabem o que custa à generalidade da população e às nossas empresas a electricidade, o gás, os
combustíveis.
É por isso que é indispensável a manutenção e recuperação de alavancas fundamentais da economia ao
serviço das populações e a rejeição de uma política de privatizações,…
O Sr. António Filipe (PCP): — Muito bem!
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — … que entrega a riqueza nacional e o controlo da nossa economia a
grupos económicos nacionais e, cada vez mais, a estrangeiros.
A ideia da privatização de áreas fundamentais da Caixa Geral de Depósitos, aliás, já avançada pelo
Governo do PS, é bem o exemplo do absurdo desta política.
Privatizar o sector segurador da Caixa, que, em conjunto com a área da saúde, contribui em 36% para os
resultados do grupo, ou alienar, como é proposto, as participações da Caixa em empresas estratégicas como
a PT, a EDP, a GALP ou a REN, que renderam, em 2010, quase 200 milhões de euros, é um desastre
económico e financeiro.
Resultados do mesmo Diário
— numa política de caridade pública e privada, de estigmatização da pobreza e dos mais desfavorecidos
Pág.Página 55