21 DE OUTUBRO DE 2011
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Termino, se me permitem, com uma das minhas maiores referências, Alexandre Herculano,…
Vozes do PCP: — Oh!...
O Sr. Adolfo Mesquita Nunes (CDS-PP): — … cujo centenário igualmente se festejou, embora muito
discretamente, no ano que passou: «A minha crença é que, por esse meio, nós chegaremos a tornar a
liberdade verdadeira e real, o que não temos obtido com imitações bastardas de instituições e até de utopias
peregrinas.»
Srs. Deputados, viva Portugal. Mas viva, acima de tudo, um valor sem o qual nem Portugal nem a
República teriam qualquer sentido: viva a liberdade!
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
A Sr.ª Presidente: — Tem a palavra o Sr. Deputado Pedro Delgado Alves, do PS.
O Sr. Pedro Delgado Alves (PS): — Sr.ª Presidente, Srs. Membros do Governo, Digníssimos Convidados,
Sr.as
e Srs. Deputados: Ao usar da palavra nesta sessão de encerramento das comemorações do primeiro
Centenário da República, não poderia deixar de começar por assinalar a convicção, que partilho com muitos,
de que, mais do que um conceito distante ou um capítulo remoto da nossa História, a proclamação da
República ocupa ainda, para muitos milhares de portugueses, um lugar cimeiro no seu ideário da vida pública.
Para aqueles que resistiram aos anos em que, embora formalmente republicano, o Estado repudiava os
valores estruturantes da República, está ainda fresca a memória da data do 5 de Outubro. Era um momento
de afirmação da liberdade, da igualdade, da fraternidade, e era um momento em que se afirmava que eles
continuavam a resistir face à ditadura e ao fascismo, porque as coisas chamam-se pelo nome.
Aplausos do PS.
Terei, como muitos portugueses, memória de relatos familiares das homenagens e romagens por ocasião
do 5 de Outubro, momentos de valorização do passado republicano, mas também momentos de esperança
num futuro democrático que tardava em chegar. E nem sempre comemorar a República e os seus valores
fundamentais foi um dado adquirido, pelo que recordar a memória daqueles que o fizeram enfrentando o medo
e o risco da repressão deve merecer especial atenção desta Câmara ao encerrarmos estas comemorações.
Desta forma, estaremos a assinalar não apenas aqueles que, republicanos, antes e durante a República, por
ela e pelo seu ideário se bateram, mas também aqueles que, vivendo a opção negadora desses valores,
mantiveram a sua chama acesa, guardando-a até à chegada do mês de Abril de 1974, quando retomámos o
caminho interrompido.
Aplausos do PS.
Outubro e Abril são indissociáveis no caminho da realização da nossa, são duas etapas do mesmo
percurso, a caminho da liberdade. No entanto, ao assinalarmos quer a data do 5 de Outubro quer a sua
comemoração é importante que não olhemos de forma hagiográfica nem revisionista para a nossa primeira
experiência republicana, procurando convencer-nos ora que foi um regime perfeito e isento de falhas ou, em
alternativa, procurando pintá-lo como uma experiência puramente negativa, eivada de contradições.
Prestaríamos à República um mau serviço se enveredássemos por esse caminho e perderíamos igualmente a
oportunidade de aprender com os seus erros. Tal não significa, evidentemente, que não devamos, acima de
tudo, valorizar a importância das mudanças que o advento da República tornou possível.
Da recordação da obra reformadora dos governos republicanos, em particular do governo provisório da
República, torna-se evidente que aquilo que estava em causa em 1910 era bem mais do que uma mera
passagem a uma forma de governo não monárquico. Na riqueza polissémica da palavra República o sentido
que as jornadas de Outubro fixaram e que, depois, os constituintes lhes deram e verteram para a linguagem