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3 DE DEZEMBRO DE 2011

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Tornam-se célebres as palestras e conferências que organiza nestas colectividades, assim como as aulas

de alfabetização para o povo ou de aperfeiçoamento profissional para operários, no Ribatejo, na Estremadura

ou no Douro.

Foi também colaborador assíduo do jornal vilafranquense Mensagem do Ribatejo, onde dirige, em 1939,

uma página literária, participando ainda em jornais anti-Estado Novo e anti-salazaristas como O Diabo e Sol

Nascente.

Participante activo desde os anos 30 na luta antifascista clandestina, foi intensamente perseguido pela

polícia política, o que lhe valeu a prisão em 1944 e 1963, grandes privações e sacrifícios pessoais, a censura

prévia a várias das suas obras e o encerramento de alguns locais de cultura e associativismo com os quais

colaborou ao longo da vida.

Toda a sua obra literária reflecte a vivência e o reconhecimento profundo dos problemas das classes

trabalhadoras, conseguido através do contacto estreito com as gentes, os seus usos e costumes, no Ribatejo,

na Estremadura ou no Douro.

Em 1939, escreve Gaibéus, o primeiro romance neo-realista escrito em Portugal, dedicado «à memória de

Venâncio Alves e João Redol, ao ferreiro e ao campino», seus avós.

Com este romance inicia um ciclo de ficção temática ribatejana de camponeses e pescadores, composto

ainda pelas obras Marés, Avieiros e Fanga. Esta última atinge, em 1948, os 10 000 exemplares vendidos, um

acontecimento notável para a época.

Nos anos 40, participa activamente nas campanhas da Oposição Democrática aquando da realização de

«eleições» promovidas pelo regime.

Em 1961, publicou o que é considerado pela crítica o seu melhor romance: Barranco de Cegos.

Morreu novo, a 29 de Novembro de 1969, no Hospital de Santa Maria, o escritor que em Fanga se

descreveu assim: «Não é difícil entender-se o que escrevo e porque escrevo. E também para quem escrevo.

Daí o apontarem-me como um escritor comprometido. Nunca o neguei: é verdade. Mas também é verdade que

todos os escritores o são».

Alves Redol foi um escritor de grande impacto popular e muito admirado pelos trabalhadores, ao mesmo

tempo que viu a sua obra reconhecida internacionalmente, traduzida em vários idiomas, e conviveu com

artistas e escritores em França, na Polónia e em Espanha.

Autodidacta, a observação, o estudo, a cultura, a actividade sociopolítica e todo o contexto social em que

viveu conduziram-no a uma consciência das desigualdades sociais e da luta popular, expressa na sua obra,

das mais admiráveis na nossa literatura.

Em 2011, foi constituída uma Comissão Organizadora para celebrar o Centenário do Nascimento de Alves

Redol, que dinamizou um vasto programa de iniciativas ao longo de todo o ano. Esta Comissão Organizadora

foi composta pelas seguintes entidades: Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, Museu do Neo-Realismo,

Junta de Freguesia de Vila Franca de Xira, Associação Promotora do Museu do Neo-Realismo, Cooperativa

Alves Redol, Agrupamento de Escolas Alves Redol, Ateneu Artístico Vilafranquense e União Desportiva

Vilafranquense — Secção Cultural.

Considerando que a Assembleia da República se deve associar a esta efeméride, o Grupo Parlamentar do

Bloco de Esquerda propõe o seguinte voto:

A Assembleia da República, reunida em sessão plenária, saúda e assinala o centenário do nascimento do

escritor Alves Redol.

A Sr.ª Presidente: — Srs. Deputados, vamos votar o voto que acabou de ser lido.

Submetido à votação, foi aprovado por unanimidade.

Passamos ao voto n.º 28/XII (1.ª) — De congratulação pela nomeação de Irene Fonseca para Presidente

da SIAM — Society for Industrial and Applied Mathematics (PS, PSD, CDS-PP, PCP, BE e Os Verdes).

Peço ao Sr. Secretário o favor de proceder à respectiva leitura.

O Sr. Secretário (Nuno Sá): — Sr.ª Presidente e Srs. Deputados, o voto é do seguinte teor:

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