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I SÉRIE — NÚMERO 31

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Entendemos que este é o momento para esquecer as divergências relativamente à Europa porque nós

estamos nela, convivemos nela, gozamos dela e queremos continuar a contribuir para que ela continue a ser

esse mesmo espaço de paz.

Não somos hipócritas, não defendemos aqui políticas guerreiras de outros e imperialismos de outros, que

os tiveram no passado, nessa mesma Europa que agora tentam empurrar para trás.

O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Muito bem!

O Sr. António Rodrigues (PSD): — Nós vivemos num espaço de futuro, um espaço onde queremos que

as gerações estejam todas em conjunto. Não andamos aqui à procura de desculpas, andamos à procura de

soluções. Não andamos aqui à procura de encontrar coisas para as quais não contribuímos — e nós não

contribuímos para a guerra, mas sabemos que essa guerra existiu, e ainda há puco tempo, na Europa.

Por isso, a Europa tem de estar atenta, a Europa deve estar vigilante e, acima de tudo, a Europa tem de

continuar a contribuir não apenas para a paz na Europa mas para a paz no mundo.

Ontem, demos um sinal neste Parlamento ao recebermos alguém que é um guerreiro da paz. Queremos

também contribuir para continuarmos a ser guerreiros da paz — em Portugal e com Portugal, na Europa e com

a Europa, e também no mundo.

É por isso que subscrevemos este voto. E é por isso que estamos gratos ao Comité Nobel por ter dado o

Prémio Nobel da Paz à União Europeia. Não foi a nenhum político; não foi a nenhum Estado; não foi a

nenhuma organização. Foi a uma ideia e só a uma ideia: à paz!

Aplausos do PSD e do CDS-PP.

A Sr.ª Presidente: — Tem a palavra o Sr. Deputado Luís Fazenda.

O Sr. Luís Fazenda (BE): — Sr.ª Presidente, Sr.as

Deputadas e Srs. Deputados: Há que manifestar alguma

estranheza quando a Academia vem laurear organizações ou personalidades que não se distinguiram

especialmente por nenhum processo de paz.

Na verdade, podemos concordar, discordar, ter disso uma ideia mais simpática ou arredia, mas, quando a

Academia tem laureado pessoas ou organizações que deram passos no sentido de solucionar conflitos, de

encontrar zonas de não-violência, de encontrar armistícios, tréguas, aproximações de Estados e de povos, não

temos regateado, independentemente da posição ideológica. Já quando a Academia vem laurear Barack

Obama ou a União Europeia, está a distinguir Estados, chefias de organizações e organizações que mantêm

todo um arsenal militar e que têm feito, por conveniência, a guerra ou a paz, conforme querem.

Isto não é distinguir o esforço para a paz; isto é distinguir a lógica dos vencedores da geopolítica atual, é

distinguir a lógica do Império. Podem querer dar-lhe uma faceta mais simpática, mais colorida, aqui ou além,

mas, na verdade, o que estão a distinguir é o Império atualmente dominante. E nesse aspeto a União Europeia

não tem lições para dar.

Podemos aqui regozijar-nos até tentar encontrar meios de justificação sobre períodos de paz que têm

existido no Velho Continente, mas isso não justifica toda a política internacional da União Europeia, não

justifica a política que tem sido exercida, particularmente por algumas das potências, em África, na Ásia, na

América Latina, etc.

Por isso, Sr.ª Presidente, nós, em nome de algum realismo político, defendendo que o prémio deve ser

atribuído a quem realmente dê passos e faça esforços no sentido da paz duradoura, não poderemos

acompanhar este exercício que nos parece de um monumental cinismo.

Disse um camarada meu, especialista em análise política internacional, que foi uma piada de muito mau

gosto, e nós só podemos acompanhá-lo. De facto, é de um péssimo gosto e é um péssimo vaticínio tendo em

conta aquilo que a União Europeia fez, inclusivamente integrando a NATO no Tratado de Lisboa, para todos

os efeitos possíveis, para todos os regimes de intervenção política.

Aplausos do BE.

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