2 DE NOVEMBRO DE 2013
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democracia. Aquilo que lhes é pedido é que continuem nessa senda, que não se desviem daquilo que é
absolutamente fundamental, que não desertem!
O Sr. Deputado ouviu, uma a uma, as medidas que foram consagradas nestes dois anos e meio.
Os senhores apresentaram datas, apresentaram uma metodologia. E as propostas? Os Srs. Deputados
estão, em qualquer momento, em condições de apresentar propostas concretas para garantir o regresso aos
mercados, para garantir a sustentabilidade no presente e no futuro.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — De seguida, para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Ministro da Defesa Nacional.
O Sr. Ministro da Defesa Nacional (José Pedro Aguiar Branco): — Sr.ª Presidente da Assembleia da
República, Sr. Primeiro-Ministro, Sr.as
e Srs. Ministros, Sr.as
e Srs. Deputados: Discutimos hoje, pelo segundo
dia, na generalidade, o Orçamento do Estado para 2014. Sobre os pressupostos financeiros que condicionam
a elaboração do Orçamento ouviram ontem a Ministra de Estado e das Finanças e sobre as preocupações
económicas que foi possível acautelar ouviram o Sr. Ministro da Economia. Sobre as restantes prioridades que
em cada setor se impõem neste exigente exercício orçamental cada um de nós estará nesta Assembleia a
partir da próxima semana.
Se me dirijo hoje a esta Câmara não é para entrar em grandes detalhes sobre as contas públicas, nem
para tentar convencer os Deputados das virtudes técnicas deste Orçamento. Se me dirijo hoje à Assembleia é
para reforçar a exigência de um consenso expressivamente alargado na viabilização deste documento
estruturante da ação do Estado.
Sei que este apelo pode parecer estranho a escassas horas da primeira das votações. Pode parecer ainda
mais estranho quando existe uma maioria sólida e coesa que garante a aprovação do Orçamento. Alguns até
podem ver nestes sucessivos apelos a um consenso uma espécie de tática política, seja para comprometer a
oposição seja para ocupar espaço mediático. Mas se há coisa que ficou clara nestes quase três anos é que
esta maioria nunca fugiu à responsabilidade de governar, nunca precisou de comprometer terceiros, nunca
precisou de companhia nas decisões, mesmo nas mais impopulares, nunca precisámos de desculpas.
Todos os críticos até são unânimes quando julgam este Governo como um dos piores — dizem — na arte
da comunicação política. Se digo isto é para excluir hipóteses. Os apelos deste Governo para um consenso
não são nem por taticismo político nem por estratégia de comunicação.
Há, fundamentalmente, três razões que nos levam a repetir este apelo.
A primeira é o próprio sistema político, tal como o conhecemos. Este é um momento peculiar. Debatemos
um Orçamento depois de todos os grupos parlamentares da oposição já terem anunciado o seu sentido de
voto. Alguns fizeram-no há mais de dois meses. Anunciaram que votariam contra ainda o Orçamento não era
sequer conhecido, como se isso fosse normal ou aceitável, nomeadamente numa época excecional da nossa
história onde cada palavra ou ato de um alto responsável político são escrutinados e têm consequências
interna e externamente.
Discutir um Orçamento de dimensão histórica como este, com opiniões pré-anunciadas e publicadas nos
jornais, numa fuga ao debate construtivo no local próprio, o Parlamento, é como participarmos num jogo com
resultado combinado.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Não credibiliza a ação política, não prestigia os protagonistas e reforça a desconfiança das pessoas no
sistema político.
Da mesma forma, alguns passaram todos os limites do tom do debate político: «ladrões», «criminosos»,
«traidores» e, sobre a reforma do Estado, até se ouviu a expressão «declaração de guerra»! No momento em
que o País e 10 milhões de portugueses mais precisavam da racionalidade de quem os representa parece que
alguns políticos perderam a capacidade de medir as suas palavras e a sua seriedade e gravidade. O debate
político, para alguns, passou a ser feito com adjetivos.