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I SÉRIE — NÚMERO 35

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«Manuel Seabra, nascido em Matosinhos a 28 de julho de 1961, morreu no passado dia 1 de janeiro na

cidade do Porto. Advogado de profissão, desenvolveu uma vasta atividade cívica e política, primeiro

circunscrita à sua terra natal e mais tarde de âmbito nacional. Em Matosinhos foi vereador e Presidente da

Câmara, cargos que desempenhou com excecional brio, deixando uma imagem de rigor, competência e

criatividade. No PS, integrou múltiplos órgãos dirigentes, nomeadamente o secretariado nacional, tendo-se

distinguido pela conciliação que sempre assegurou entre os deveres de lealdade e a manutenção de um

espírito crítico. Nos últimos quatro anos foi Deputado aqui, na Assembleia da República.

Manuel Seabra honrou e dignificou o Parlamento e a política portuguesa. Homem por natureza propenso

ao consenso, não hesitava em fazer ruturas quando estavam em causa princípios e valores orientadores da

sua intervenção pública. Em nome desses princípios, correu riscos, enfrentou ortodoxias e conheceu a solidão.

Havia nele um caráter forte que o impelia à adoção de atitudes e gestos corajosos. Era, porém, em antítese,

um homem tolerante. Pela sensibilidade e pela inteligência, estava sempre disponível para acolher as razões

dos outros, recusando qualquer forma de sectarismo. Gostava do Parlamento, porque apreciava a discussão

pública, a contraposição racional de argumentos, a possibilidade da coexistência pacífica de distintas visões

do mundo. Talvez por isso tenha cultivado tão intensamente o convívio com Deputados oriundos de todos os

quadrantes políticos.

Manuel Seabra tinha raras qualidades de caráter. Era um homem íntegro, afável, profundamente generoso,

atento às necessidades dos outros. Com a sua morte, o País, o Parlamento e o PS perdem um cidadão de

excecional envergadura. Os seus amigos, que eram muitos, perderam um companheiro único e insubstituível.

A Assembleia da República, reunida em Plenário, evoca a memória de Manuel Seabra e apresenta à sua

família as mais sentidas condolências».

O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Tem a palavra a Sr.ª Deputada Maria Paula Cardoso.

A Sr.ª Maria Paula Cardoso (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as

e Srs. Deputados: Uma primeira palavra para a

família de Manuel Seabra, a quem o Grupo Parlamentar do PSD apresenta as suas condolências.

O Manuel foi, acima de tudo, um homem livre, combatente das suas crenças, com uma força e uma

coragem que surpreendeu os seus companheiros e amigos, com atitudes que deixaram, em todos, a

admiração pela sua postura reta e por vezes incómoda, mas sempre coerente com aquilo em que, realmente,

acreditava.

Quando conheci o Manuel, tomou logo sentido a palavra amigo — era uma pessoa encantadora, bem

humorada, com qualidades pessoais e profissionais reconhecidamente superiores.

Recordo que há pessoas como o Manuel que, mesmo que passem rápido na nossa vida, nos deixam

marcas profundas.

Era uma pessoa plena, uma pessoa que nos abalava pela sua irreverência, que nos conquistava pela sua

coragem, que nos surpreendia com as suas atitudes.

E o caminho que trilhou, as escolhas que fez são o espelho do verdadeiro homem livre.

Na política e nos sistemas partidários, homens como o Manuel são peças preciosas.

Por tudo isto, meu amigo, que estranha e enorme tristeza me invade, mesmo sabendo que há tempo para

nascer e tempo para morrer. Sentirei saudades sempre, lembrando o que poderia ter feito e não fiz, as

palavras que deveriam ter sido ditas e não foram, as atitudes que deveria ter tido e não tive. E, se tivesse feito

tudo, o tudo não seria suficiente.

Estamos impreparados para estas perdas; tristes e gratos, ao mesmo tempo, por te termos conhecidos. E

eu não sei qual é o destino do homem quando morre, mas o do Manel nunca é o esquecimento. Ninguém

poderá esquecer o teu sorriso, a tua sensibilidade, a tua pose sentado ao piano, a tua amizade; és e serás

uma inspiração.

Mas, Manel, os amigos são para toda a vida, ainda que não estejam connosco a vida inteira, e tu estarás

sempre connosco. E, como dizia Mário Cesariny, mesmo já não estando aqui, «Em todas as ruas te encontro».

Até sempre, Manel!

O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Telmo Correia.

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