I SÉRIE — NÚMERO 3
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O Estado Islâmico é considerado a maior, a mais rica e a mais violenta das organizações terroristas que
jamais existiram, mais do que a própria Al-Qaeda, a partir da qual evoluiu, e por isso não pode ser
subestimado.
Estamos perante uma doutrina das mais retrógradas e violentas, que encontra nas tecnologias modernas,
na Internet e na venda de petróleo roubado, poderosos aliados. Estamos, sobretudo, confrontados com uma
doutrina totalitária que persegue e assassina, indiscriminadamente e sem piedade, todos os que não se
submetem às suas ordens e orientações.
É por isso que a progressão do Estado Islâmico é uma ameaça não apenas à estabilidade regional, mas
também à ordem internacional. E representa um enorme perigo devido às suas ambições de expansionismo e
pela sua capacidade de atração de novos jihadistas dispostos a tudo, provenientes de muitas partes do
mundo, inclusivamente de Portugal.
Assim, é muito importante que a comunidade internacional faça tudo para impedir o avanço e a
consolidação do denominado Estado Islâmico, como forma de anular a ameaça que representa a nível
regional e global. Se assim não for, este movimento de obscurantistas fanáticos tornar-se-á uma bomba ao
retardador, com elevado potencial destrutivo, não apenas no Médio Oriente e no Mediterrâneo, mas também
no mundo ocidental e noutras partes do planeta.
Neste contexto, seria importante que o Governo pudesse dar um sinal de solidariedade, mobilizando
instituições, de forma a dar resposta às muitas urgências que a sociedade civil e as populações afetadas têm
neste momento.
A Assembleia da República não poderia, por isso, deixar de condenar os crimes e as atrocidades que estão
a ser cometidas pelos jihadistas ligados ao Estado Islâmico e tudo o que ele representa, nem de dar um sinal
claro de que é preciso uma resposta eficaz, à escala global, para combater aquela que é, talvez, uma das
maiores ameaças que hoje o mundo enfrenta.
Aplausos do PS, do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — Pelo Bloco de Esquerda, tem a palavra, para uma intervenção, a Sr.ª Deputada
Mariana Mortágua.
A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: O proclamado Estado Islâmico é
a expressão máxima e gratuita do poder indiscriminado do terror que se abate sobre populações indefesas,
obrigadas a migrações em massa, terror que se abate sobre as mulheres vítimas de violação como arma de
guerra e de uma opressão sem fim.
A ascensão desta forma máxima de terror não é expressão de qualquer religião, ao contrário do que alguns
tentam fazer crer, sendo certo que as principais vítimas do ISIS são precisamente as populações islâmicas
destes territórios.
Não pode haver nenhuma contemplação com esta força nem com os seus apoiantes externos, que devem
ser perseguidos e sancionados. Por isso, é mesmo preciso parar o fluxo financeiro através dos paraísos fiscais
que permite a subsistência desta forma de barbárie.
É, por isso, necessário e urgente sancionar quem financia, através da compra de petróleo, a construção
deste proto-Estado do terror.
Concordamos com o PSD quando, no seu voto, nos diz que a ascensão do Estado Islâmico vem provar
que o mundo está, hoje, mais perigoso e imprevisível, mas não nos esquecemos das alterações
geoestratégicas que potenciaram esta mudança no mundo: a invasão do Iraque, vergonhosamente sufragada
nos Açores por Durão Barroso, a pretexto de uma mentira infame, não só não trouxe a democracia e a
liberdade prometidas, como gerou o caos que se tem abatido, na última década, nesta região.
Independentemente das considerações sobre o que nos trouxe à calamidade atual, o que importa agora é
concentrar todos os esforços na defesa das populações que estão sob ocupação e a ser chacinadas.
O reconhecimento dos erros cometidos num passado recente deve levar-nos a recusar formas de
intervenção ilegítima, sem o mandato internacional da ONU, ao arrepio do direito internacional e sem o acordo
dos parceiros estratégicos.