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I SÉRIE — NÚMERO 18

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quando disse que a Sr.ª Deputada gosta de viver no melhor dos mundos: no mundo em que o défice baixa, a

dívida baixa, mas em que não temos de diminuir a despesa nem aumentar a receita.

Mas esse seu mundo, Sr.ª Deputada, está-me, obviamente, vedado.

Aplausos do PSD e do CDS-PP.

A Sr.ª Presidente: — A próxima pergunta cabe ao Partido Ecologista «Os Verdes».

Tem a palavra o Sr. Deputado José Luís Ferreira.

O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — Sr.ª Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as

e Srs.

Deputados: Sr. Primeiro-Ministro, ouvi-o com toda a atenção mas tenho a dizer-lhe que o otimismo do seu

discurso inicial está ao nível do otimismo deste Orçamento do Estado e dos anteriores e, até, do otimismo das

previsões do antigo Ministro Vítor Gaspar.

A verdade é que, ao longo destes últimos três anos e meio, o Governo não se cansou de impor sacrifícios e

austeridade à generalidade das famílias. Durante esse período — portanto, desde a tomada de posse do

Governo até hoje —, entre redução dos salários da Administração Pública, congelamento das progressões e

das promoções e redução de outros prémios, os trabalhadores da Administração Pública ficaram sem 8,8 mil

milhões de euros. Isto já para não falar da pesadíssima carga fiscal ou dos cortes nas reformas e nas pensões

ou, até, dos cortes ou do emagrecimento dos apoios sociais.

Só no que se refere aos salários dos trabalhadores da Administração Pública, voaram quase 9000 milhões

de euros.

Entretanto, o desemprego disparou para números nunca vistos, a dívida pública não parou de aumentar e a

nossa economia continua sem dar sinais de vida.

Mas, Sr. Primeiro-Ministro, durante esse período, quando o Governo apresentava os cortes e os sacrifícios

foi sempre dizendo que esses cortes e sacrifícios decorriam da presença da troica em Portugal, mas que

assumiam natureza provisória, excecional e, portanto, eram limitados no tempo.

O Governo falava então da recuperação da soberania, da situação de protetorado; depois, veio a luz ao

fundo do túnel, os sinais positivos e, até, os milagres económicos.

O Sr. Vice-Primeiro-Ministro até pôs o relógio a andar para trás: quando a troica se fosse embora, tudo

voltaria ao sítio. Sairia a troica, voltariam os salários, o nível dos impostos, os apoios sociais e tudo o resto que

voou nestes últimos três anos e meio. Mas, afinal, a troica foi embora e as políticas ficaram, como, aliás, se vê

neste Orçamento do Estado.

Este Orçamento do Estado, ainda que não pareça, foi construído sem a sombra da troica e, mesmo assim,

sem troica, o Governo insiste na continuação da imposição dos sacrifícios aos portugueses e nas políticas de

austeridade. Ora, os portugueses, que viram a troica sair do País, que ouviram o Governo dizer que quando a

troica se fosse embora entraríamos num novo ciclo de crescimento económico, sentem-se agora, e de novo,

completamente enganados pelo Governo.

Neste Orçamento, o Governo não só mantém a brutal carga fiscal sobre quem trabalha como ainda fica a

dever aos trabalhadores da Administração Pública 80% do que lhes retirou, para quem vier a seguir pagar, se

chegar a pagar.

Como diz a antiga Ministra e também ex-Presidente do PSD, Manuela Ferreira Leite: «declarar meras

intenções para anos futuros, prometer sob condição, é confundir discurso político com compromisso legal de

executar uma decisão».

Risos de membros do Governo.

Está muito bem dito, Sr. Primeiro-Ministro! O Sr. Primeiro-Ministro está a rir-se, não sei porquê, mas

também não vou perguntar-lhe, não interessa para o caso.

Protestos do PSD.

O Sr. Luís Menezes (PSD): — Rir não é ideológico!

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