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21 DE FEVEREIRO DE 2015

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Em segundo lugar, gostaria de dizer que, do nosso ponto de vista, as honras de Panteão existem para

honrar aqueles que, numa das frases mais bonitas da língua portuguesa, de Luís de Camões, «se vão da lei

da morte libertando». Ou seja, aqueles que, noutras culturas, em França, por exemplo, são conhecidos como

os imortais, aqueles que atingem o estatuto da imortalidade, aqueles que serão recordados para sempre,

qualquer que seja o século, qualquer que seja a geração. E, do nosso ponto de vista, esse é,

indiscutivelmente, o caso de Eusébio da Silva Ferreira.

Eusébio da Silva Ferreira é, além disso, o mito. É o mito, logo à partida, do miúdo de pés descalços do

bairro pobre da Mafalala, o miúdo de pés descalços vindo, como gosta de lembrar o Sr. Deputado Ferro

Rodrigues, do Sporting de Lourenço Marques, que depois chega ao seu clube de toda a vida, ao seu clube de

sempre, ao Benfica e atinge o topo do mundo na sua atividade e é reconhecido não só como o melhor do

mundo como também, durante décadas, o português mais conhecido em todo o mundo. Ou seja, Eusébio da

Silva Ferreira é esse mito de sucesso e esse mito de realização.

Não vale a pena falar aqui da sua extraordinária carreira como futebolista ao serviço do Benfica e da

Seleção Nacional. Ganhou praticamente tudo: foi campeão europeu, foi 11 vezes campeão nacional, ganhou

inúmeras Taças de Portugal, foi reconhecido como o melhor do mundo, ganhou várias vezes o prémio do

melhor marcador. É, de facto, uma carreira ímpar de alguém que atingiu, na sua atividade, o estatuto de

«número um» do mundo, reconhecido, por exemplo, pelo também recentemente desaparecido e também ele

reconhecido como um dos melhores de sempre, Alfredo Di Stéfano. Era Di Stéfano que dizia que, para ele,

Eusébio não tinha sido o melhor daquela época, tinha sido o melhor de sempre.

A Sr.ª Presidente, todos nós assistimos — estivemos lá, de resto — ao extraordinário momento de

comoção nacional que foi a sua morte. Aliás, comoção espontânea, com gente a vir não só de todas as

regiões do País mas também fora do País para lhe prestar uma última homenagem e gente, como aqui foi

recordado, de todos os clubes. Essa comoção nacional foi também um momento relevante.

Termino, Sr.ª Presidente, dizendo o seguinte: creio que a Assembleia da República, ao tomar esta decisão,

deve ter a consciência de que, em alguma medida, está também a fazer história. E está a fazer história pelo

seguinte: o Panteão foi destinado a grandes figuras da política — estão nele alguns dos nossos primeiros

Presidentes da República, alguns dos nossos maiores escritores… Recordo o caso recente de Sophia de

Mello Breyner Andresen, uma das nossas maiores poetisas. Mas o Panteão esteve sempre ligado, mesmo

quando decidimos aqui atribuir honras a Amália Rodrigues, a figuras que eram ou da política ou do mundo da

cultura, por assim dizer. Porque Amália Rodrigues será também da cultura popular, mas ela própria cantou

Camões, cantou Pessoa, cantou os nossos maiores poetas. Portanto, o Panteão esteve sempre ligado a

figuras da cultura.

Ao tomar esta decisão, decidimos, pela primeira vez, conceder honras de Panteão a um desportista, a um

homem que se distinguiu no desporto, a um homem que é, sobretudo, para além da sua personalidade, para

além da sua generosidade, para além do seu fair play, um herói popular.

A Sr.ª Presidente: — Peço-lhe que conclua, Sr. Deputado.

O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Termino, Sr.ª Presidente, dizendo que em alguma medida, ao conceder

estas honras a um herói popular, a Assembleia está também a fazer história, mas uma história que, penso,

honra este Parlamento, orgulha os portugueses e honra Portugal.

Aplausos do CDS-PP, do PSD e da Deputada do PS Isabel Alves Moreira.

A Sr.ª Presidente: — Segue-se a intervenção do PCP.

Tem a palavra o Sr. Deputado João Oliveira.

O Sr. João Oliveira (PCP): — Sr.ª Presidente, Sr.as

e Srs. Deputados: Com a decisão que, dentro em

breve, tomaremos, julgamos que a Assembleia da República vai ao encontro do reconhecimento popular e da

identificação do povo português com a figura de Eusébio não só na sua dimensão de desportista genial, de

futebolista genial, como é por todos reconhecido não só nacional mas internacionalmente, mas também pela

identificação do povo português com a figura de Eusébio, na sua personalidade generosa, solidária que,

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