I SÉRIE — NÚMERO 55
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O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: De facto, neste debate, vê-se
muito do mau que há sempre na Assembleia da República — muitas acusações para muito poucas soluções,
e os partidos da maioria estão, novamente, contra as pessoas.
Vozes do BE: — Muito bem!
O Sr. Luís Montenegro (PSD): — Aí vêm eles!…
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Já anunciaram que se vão levantar contra as famílias e aquilo que
acusam de ser demagogia, afinal, é a realidade da vida das pessoas.
Dizia o Sr. Deputado Carlos Santos Silva que não há ninguém que fique sem a casa por dívidas de 150 €.
E, mais, que há a possibilidade de pagar porque são dois momentos, o momento da penhora e o momento da
execução fiscal.
Sr. Deputado, a família de Ílhavo, em Aveiro, que referi tinha uma dívida que não chegava a 500 €, porque,
afinal, não tinham dado baixa do carro que já tinham vendido e o imposto único de circulação em dívida
chegava a quase 500 €; a somar a isso, tiveram coimas e juros de mora e o total dava 1900 €. Por este valor,
o fisco, a Autoridade Tributária, cumprindo a lei que o Governo e a maioria aprovaram, queria penhorar-lhes a
casa, a casa que valia 19 000 € de valor tributário.
Só não penhorou porque os vizinhos, a sociedade se levantou e apoiou essa família, não por vontade do
fisco, não porque a lei defendeu as pessoas, não porque os Deputados da maioria se tivessem levantado para
defender as pessoas desta desumanidade, sim porque houve uma sociedade que se levantou…
O Sr. João Oliveira (PCP): — Houve uma coleta!
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — … e disse: «Não, isto não é aceitável! Esta lei não é aceitável e esta
família não pode ficar sem a casa!». Juntou-se dinheiro, pagou-se a dívida.
Agora, ou mudamos a lei e dizemos que não é aceitável, no nosso País, que, por situações, como esta, as
pessoas tenham de ficar sem a sua morada de habitação permanente e própria, a única que têm, ou então
estamos a ser complacentes com uma injustiça brutal. E esta é a escolha que está em cima da mesa.
Por isso, Sr.as
e Srs. Deputados da maioria, pergunto-vos: vão levantar-se novamente contra as famílias? É
que estamos a chegar ao fim do mandato e peço que se lembrem se querem deixar como legado ao País
estas políticas de injustiça. É que têm aqui um último exemplo para podem mostrar que estão ao lado das
pessoas e de soluções, e não é com mais debates, complicações, acusações, é muito pouco, para fazer uma
política que defenda, verdadeiramente, um interesse público, porque o interesse público é sempre o interesse
das pessoas.
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente: — Concluímos o debate relativo aos dois projetos de lei anteriormente identificados.
Passamos agora à apreciação em conjunto dos projetos de resolução n.os
1258/XII (4.ª) — Recomenda
medidas de proteção ao setor da pesca da sardinha e aos pescadores e armadores da pesca do cerco (PCP),
1277/XII (4.ª) — Recomenda medidas de apoio, avaliação e proteção do setor da pesca da sardinha (BE) e
1274/XII (4.ª) — Recomenda ao Governo medidas de apoio ao setor da pesca da sardinha (PS).
Tem a palavra o Sr. Deputado João Ramos, para apresentar o projeto de resolução do PCP.
O Sr. João Ramos (PCP): — Sr.ª Presidente, Srs. Deputados: Começo por cumprimentar os pescadores e
os dirigentes sindicais que se encontram hoje nas galerias.
Nos últimos cinco meses, Portugal sofreu uma forte restrição na pesca da sardinha, que determinou a
paragem da pesca durante mais de três meses, no final de 2014, a que acresceu a paragem para defeso por
dois meses, no início deste ano. No total, serão quase seis meses de paragem.