8 DE MAIO DE 2015
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A Sr.ª Presidente: — Srs. Deputados, Srs. Jornalistas, está aberta a sessão.
Eram 15 horas e 15 minutos.
Podem ser abertas as galerias.
Antes de darmos inícios aos nossos trabalhos, o Sr. Secretário, Deputado Duarte Pacheco, vai proceder à
leitura do expediente.
O Sr. Secretário (Duarte Pacheco): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados, deram entrada na Mesa, e
foram admitidas, as seguintes iniciativas legislativas: projetos de lei n.os
895/XII (4.ª) — Trinta e cinco horas
para maior criação de emprego e reposição dos direitos na Função Pública (BE), que baixa à 5.ª Comissão e
896 /XII (4.ª) — Procede à criação da Ordem dos Assistentes Sociais (PS), que baixa à 10.ª Comissão; projeto
de resolução n.º 1456 XII (4.ª) — Medidas excecionais para a educação inclusiva (BE), que baixa à 8.ª
Comissão; e propostas de lei n.os
322/XII (4) — Procede à primeira alteração à Lei n.º 37/2007, de 14 de
agosto, transpondo a Diretiva 2014/40/UE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 3 de abril de 2014,
relativa à aproximação das disposições legislativas, regulamentares e administrativas dos Estados-membros
no que respeita ao fabrico, apresentação e venda de produtos do tabaco e produtos afins e que revoga a
Diretiva 2001/37/CE e a Diretiva 2014/109/UE, da Comissão, de 10 de outubro de 2014, que altera o anexo II
da Diretiva 2014/40/UE do Parlamento Europeu e do Conselho, estabelecendo a biblioteca de advertências
ilustradas a utilizar em produtos do tabaco, que baixa às 9.ª e 10.ª Comissões, e 323/XII (4.ª) — Institui um
regime de apoio à agricultura familiar na Região Autónoma dos Açores (ALRAA), que baixa à 7.ª Comissão.
É tudo, Sr.ª Presidente.
A Sr.ª Presidente: — Srs. Deputados, o primeiro ponto da ordem do dia consiste, como todos sabem, num
debate de urgência, requerido pelo Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda, sobre a situação da saúde em
Portugal.
O modelo do debate de urgência implica que a abertura seja feita pelo partido autor da iniciativa e pelo
Governo. Depois, haverá duas rondas, seguindo-se o encerramento.
Para abrir o debate, tem a palavra a Sr.ª Deputada Helena Pinto.
A Sr.ª Helena Pinto (BE): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Membros do Governo, Sr.as
e Srs. Deputados:
Passados quatro anos do mandato deste Governo à frente do Ministério da Saúde, temos um Serviço Nacional
de Saúde (SNS) diminuído, frágil e com cada vez menos capacidade de resposta às necessidades de
cuidados em saúde da população.
O Sr. Ministro conseguiu manter durante um tempo uma imagem de que iria colocar na ordem tudo o que
estava mal no SNS: as contas, os abusos, a desorganização, rentabilizar os recursos públicos, combater o
desperdício — eram as suas palavras de ordem.
Mas hoje é claro para todos — profissionais, doentes e suas famílias — que o objetivo deste Governo era
só um: atacar o SNS enquanto serviço universal e público, adulterar a sua natureza, reduzir a sua capacidade
de resposta, enquanto ao lado, mesmo ao lado, o setor privado da saúde cresce.
Os exemplos são muitos, mas centremo-nos no essencial.
Começo por referir a contratação de profissionais. Vivemos uma situação de descalabro com falta de
médicos nos cuidados primários de saúde e nos hospitais, faltam médicos de clínica geral e familiar e faltam
especialistas.
Faltam médicos porque o Sr. Ministro facilitou a sua saída, não pôs um travão à antecipação das reformas,
porque os grandes hospitais privados, que o senhor protege, seriam obrigados a fechar as portas se esses
médicos não deixassem o SNS para ir para lá. E também nada fez para travar a emigração de médicos.
E não nos venha dizer que contrataram milhares de médicos. Era só o que faltava que aqueles que
acabaram o curso ou a especialidade não fossem contratados. Mas nem esses foram todos contratados.
O senhor destruiu as equipas das urgências, facilitando a contratação de médicos através das empresas de
trabalho temporário, contribuindo para a desorganização da estrutura do SNS, num setor tão sensível como
são as urgências dos hospitais.