9 DE MAIO DE 2015
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Milhões de mortes derivados dos combates travados, mas também a perseguição a estratos específicos da
população, o extermínio dos judeus, a sucessão dos campos de concentração e de trabalho, onde além das
experiências clínicas ou métodos não humanos têm de ser recordados para memória futura, porque a História
não se reescreve para todos os que sofreram os seus efeitos.
O Grupo Parlamentar do PSD associa-se a toda a proclamação que condena qualquer forma de conflito em
geral e a todas as referências relacionadas com a IV Cimeira Mundial. Contudo, é nosso entendimento que
não podemos apenas referenciar ou reduzir o conflito à Europa (ou apenas a uma parte da Europa) quando
ele se desenrolou nos vários continentes. E nessa medida deve ser recordado por aquilo que representa do
pior da humanidade e não deve ser tolerado em nome de nenhum princípio ou razão.
De igual modo importa sublinhar que ninguém pode reclamar o louvor da vitória. Todos os aliados
contribuíram para o seu fim, além de todos os que, com coragem, resistiram nos seus países, mesmo
ocupados.
Por isso, não votamos favoravelmente o voto apresentado pelo Grupo Parlamentar do PCP. A História deve
ser recordada em toda a sua dimensão e não numa visão maniqueísta e unilateral. A guerra é sempre
condenável. Hoje ainda se choram os mortos e os métodos do passado, para que não se repitam no futuro.
Em todas as suas dimensões.
O Deputado do PSD, António Rodrigues.
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O Grupo Parlamentar do Partido Socialista votou favoravelmente o voto de congratulação n.º 277/XII (4.ª),
relativo ao 70.º aniversário da vitória sobre o nazi-fascismo na II Guerra Mundial, apresentado pelo Grupo
Parlamentar do PCP, por entender que a parte deliberativa é correta. No entanto, não acompanha alguns dos
fundamentos enunciados, uma vez que são parciais, dando desproporcionado relevo ao papel da União
Soviética e omitindo até dados históricos essenciais, como o pacto assinado entre a União Soviética e a
Alemanha nazi.
O Deputado do PS, Vitalino Canas.
——
No passado dia 8 de maio, a Assembleia da República aprovou o voto de congratulação pelo 70.º
aniversário da vitória sobre o nazi-Fascismo na II Guerra Mundial [voto n.º 277/XII (4.ª)], apresentado pelo
Grupo Parlamentar do PCP.
Não obstante o CDS-PP celebrar as vitórias das forças Aliadas sobre as Potências do Eixo e assinalar o
término de duas das ideologias mais terríveis que a Europa conheceu no século XX, o nazismo e o fascismo,
não acompanha o voto do PCP, por duas razões principais.
Em primeiro lugar, porque o voto glorifica a URSS e a sua ideologia totalitária, omitindo o terror que este
regime infligiu sobre o seu próprio povo mas também sobre os povos da Europa Central e de Leste, durante as
décadas subsequentes: Em segundo lugar, o voto, ou por desconhecimento ou por falha de nexo com o
argumento histórico, comete inúmeras imprecisões históricas e conceptuais devidamente selecionadas para
jactar a ideologia comunista e o contributo determinante da URSS para a derrota do nazismo e do fascismo.
Na verdade, quando se tem uma conceção do mundo total, a análise da História é um dos pontos-teste
para essa conceção do mundo. Os argumentos utilizados pelo PCP refletem justamente esse ponto de vista,
vincadamente ideológico e identitário.
Como tal, resta ao CDS-PP lembrar o 9 de maio como um dia memorável para a Europa e para a sua
refundação como projeto de incontroverso sucesso mas também como o dia em que se derrotaram duas das
experiências políticas mais violentas e aterradoras de que há memória.
Os Deputados do CDS-PP, Nuno Magalhães — Temo Correia —Filipe Lobo d’Ávila.