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23 DE MAIO DE 2015

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Casada em segundas núpcias com Rui Valentim de Carvalho, funda, em 1984, no Palácio das Alcáçovas, a

Galeria de Arte EMI Valentim de Carvalho, uma das galerias fundamentais do contexto artístico dos anos 80 e

90, por se dedicar à arte contemporânea. Por ela passaram artistas como Jorge Martins, Mário Cesariny, René

Bértholo, Joaquim Bravo, António Palolo, Helena Almeida, Ângelo de Sousa, Alberto Carneiro ou José Escada

entre muitos outros.

Mas é na promoção de uma nova geração de criadores que Maria Nobre Franco mais revela a sua

extraordinária sensibilidade e intuição, promovendo artistas como José Pedro Croft, Pedro Calapez, Ana Jotta,

Rui Sanches, Xana ou o grupo dos homeoestéticos.

Em 1994, deixa a galeria para assessorar Vítor Constâncio na Lisboa 94 — Capital Europeia da Cultura e

em 1997 assume a direção do Sintra Museu de Arte Moderna — Coleção Berardo.

Sempre movida por uma generosidade fora do comum, organiza uma série de exposições onde cruza, com

inteligência e ousadia, varias gerações de artistas, nacionais e estrangeiros.

É pela sua mão que se organizam exposições antológicas dedicadas a Rui Chafes e Júlio Pomar, Michael

Craig-Martin, Susana Solano ou Fernando Lemos.

Maria Nobre Franco precisava de viver rodeada de arte e beleza, tendo criado uma notável coleção pessoal

que inclui, para além de obras de quase todos os artistas com quem em algum momento trabalhou, obras de

Vieira da Silva, Arpad Szenes, Julião Sarmento, Álvaro Lapa ou Eduardo Batarda, entre outros.

Mas Maria Nobre Franco tinha também a paixão pelo cinema, tendo inclusive usado a sua inesgotável

energia para ajudar ativamente vários realizadores do Cinema Novo nas décadas de 1960 e 1970, como

Fernando Lopes.

Em 2005, é condecorada pelo Presidente da República Jorge Sampaio com a Ordem do Infante D.

Henrique.

Em 2007, quando a Coleção Berardo transita para o Centro Cultural de Belém, abandona o Museu e é

nomeada representante da Câmara Municipal de Lisboa na Fundação Arpad Szenes/Vieira da Silva, sendo

ainda administradora da Fundação Júlio Pomar até 2013.

Lembrar Maria Nobre Franco é lembrar uma mulher incansável e corajosa, que espalhou vida e encanto,

inteligência e alegria, que compreendeu o seu tempo e dedicou toda a sua vida à arte portuguesa e aos

artistas que tanto admirou e sem os quais não sabia viver pois, segundo as suas próprias palavras, «o

importante é criar, ter ideias. A expressão humana é transmitida pela arte».

A Assembleia da República, reunida em sessão plenária, manifesta o seu profundo pesar pela morte de

Maria Nobre Franco, enviando sentidas condolências à sua família e amigos.»

A Sr.ª Presidente: — Vamos votar o voto n.º 285/XII (4.ª) — De pesar pelo falecimento de Maria Nobre

Franco (PS e PSD).

Submetido à votação, foi aprovado por unanimidade.

Vamos agora votar o voto n.º 286/XII (4.ª) — De pesar pelo falecimento de António Galhordas (PCP), cuja

leitura será feita pelo Sr. Secretário, Deputado Duarte Pacheco.

O Sr. Secretário (Duarte Pacheco): — Sr.ª Presidente e Srs. Deputados, o voto é do seguinte teor:

«Faleceu no passado dia 13 de maio, com 83 anos, António Galhordas. Médico, destacada figura da

oposição democrática à ditadura fascista e profissional de méritos reconhecidos, foi um homem corajoso e

determinado que empenhou a sua vida na luta por uma sociedade mais justa.

Em 1953, integrou a lista progressista que venceu as eleições para a Direção da Associação de Estudantes

da Faculdade de Medicina de Lisboa, facto que teve como consequência o encerramento da sede da

Associação pela PIDE. Em 1957, desempenhou um importante papel na luta do movimento que levou à feitura

do Relatório sobre as Carreiras Médicas, tendo integrado, até ao 25 de Abril de 1974, os órgãos dirigentes da

Ordem dos Médicos.

António Galhordas teve uma intensa participação política durante o fascismo, foi um importante ativista da

CDE, desempenhando nesse quadro uma corajosa e qualificada intervenção na luta pela liberdade e pela

democracia.

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