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22 DE OUTUBRO DE 2015

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A Sr.ª Presidente: — Srs. Deputados Ferro Rodrigues, Luís Montenegro, Nuno Magalhães, João Oliveira,

Pedro Filipe Soares, Heloísa Apolónia e Sr.ª Secretária de Estado, fui um pouco surpreendida com esta

despedida formal, visto que, em muitos modos, já nos começámos a despedir.

Borges tem um poema de amor no qual, para exprimir sentimentos muito intensos, usa algumas palavras

que repetirei: «De que me vale a vaga erudição quando é tão difícil exprimir aquilo que se sente?». Eu diria: de

que me vale a «vaga erudição» neste momento, que, para mim, tem um valor superior ao valor do momento

em que fui eleita? Este momento é já o saldo do protagonismo que aqui, em conjunto convosco, fui

desenvolvendo. E esse saldo era verdadeiramente, para mim, o mais importante.

Não deixarei nunca de ser política e de estar na política. A política é o amor ao mundo e eu sinto um

imenso amor pelo mundo, sinto um imenso amor pelo Parlamento, sinto um imenso amor pela democracia,

sinto que é a política o lugar onde clamorosamente jogamos a nossa existência.

Se nós alienamos, alienamo-nos; se libertamos, libertamo-nos. E é por isso que nunca deixarei a política,

porque ela é o caminho que nos dá sentido. É entre o Parlamento e o bairro que encontramos a capacidade de

ser, a capacidade de fazer, o modo de estar.

Neste momento, não deixo de agradecer ao PSD a oportunidade que me deu de chegar a Presidente da

Assembleia da República, partido de onde venho e ao qual regresso.

Quero deixar a todos um imenso abraço e também dizer que as vossas palavras, hoje, me marcaram.

Poderei mesmo dizer que a maior honra da minha vida foi presidir ao Parlamento, como disse no primeiro dia.

Lembro-me de citar uma metáfora de Cervantes, no Dom Quixote, tentando mostrar que o lugar não era o

ponto de chegada mas o ponto de partida, que o lugar se constrói todos os dias como o bom senso de Sancho

mostrou a Dom Quixote. Eu tentei carregar comigo uma mistura dos dois: o pragmatismo do Sancho e o

idealismo do Quixote, e devo dizer que não me dei mal com isso.

É um tempo em que a nossa resistência, às vezes, nos pede para descansar um pouco, não para desistir,

não para deixar de estar atento e não para deixar de agir.

Amo a política, porque amo o mundo. Amei o Parlamento e devo dizer que sinto aqui, de certo modo, um

estado de alma que me dá uma ideia de, para chegar a este dia, ter valido a pena ter nascido, para saberem

como, neste momento, sinto a alma preenchida, admitindo os meus erros, as minhas deficiências, mas

cumprindo já o desejo que a Sr.ª Secretária de Estado, de um modo tão generoso, aqui formulou. Já me sinto

feliz e vou continuar feliz para vos ajudar, para estar presente todos os dias, para não deixar o Parlamento

nem na memória nem na presença física.

Desejo a todos o melhor e deixo aqui uma gratidão sem limites. Até já.

Aplausos gerais, tendo o PSD, o PS e o CDS-PP aplaudido de pé.

Está encerrada a reunião.

Eram 16 horas e 33 minutos.

Presenças e faltas dos Deputados à reunião plenária.

A DIVISÃO DE REDAÇÃO E APOIO AUDIOVISUAL.

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