11 DE NOVEMBRO DE 2015
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Aplausos do PSD e do CDS-PP.
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Pedro Filipe Soares.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Leitão Amaro, devo dizer que estava à
espera que iniciasse a sua pergunta por um mea culpa, dizendo «nós, PSD e CDS, estivemos não só no
Governo a aldrabar o País,…
Protestos do PSD e do CDS-PP.
… mas toda a nossa narrativa sobre a tradição, a legitimidade de governação e aquilo que nós, enquanto
partido, fizemos é mentira».
Sobre a moção de rejeição n.º 2/VIII, da VIII Legislatura, em 1999, dizia o PSD ao Partido Socialista — que
tinha 115 Deputados, mais oito do que tem a soma da bancada do PSD com a do CDS, que tinha passado de
112 para 115, o que traduz um crescimento, ao contrário do PSD e do CDS-PP, que passaram de 132 para
107 — que o Programa do Governo do Partido Socialista era exatamente o mesmo que o programa eleitoral
que tinham apresentado, que não mereceu a adesão maioritária dos portugueses, e que isso apenas os
responsabilizava a eles. Logo, o PSD e o CDS rejeitavam aquele governo.
Ora, o que nós vemos é que essa aldrabice é o desconhecimento da sua própria história.
Sobre essa matéria, Sr. Deputado, nem uma palavra! Seria de esperar que o PSD e o CDS, com toda a
pose de Estado que ainda teriam neste momento, dissessem: «Não, é verdade, afinal estamos a dar
argumentos que não são válidos e toda a ideia da tradição é apenas uma falácia que não tem qualquer adesão
à realidade». Sobre isso, zero, Sr. Deputado!
Sobre a ideia de que agora temos 10% a condicionar os 90%, coloco a questão ao contrário: o Sr.
Deputado quer que 38% de Deputados desta Assembleia, ou seja, 107 de 230, condicionem todos os
restantes. Isso não é um pouco exagerado, Sr. Deputado?! Não é exagerar um pouco nas contas da
matemática?!
Aplausos do BE.
E porquê? Só porque PSD e CDS não convivem bem com o resultado eleitoral. Só por isso, Sr. Deputado!
Só por isso!
Risos do PSD.
Devo dizer que até poderia ficar sensibilizado com a matéria se não tivesse sabido o que fizeram ao País
durante quatro anos. Mas, sabendo isso, sei que foi justa a derrota eleitoral que tiveram nas urnas, e a única
conclusão que podemos retirar é a de que, de facto, uma alternativa é desejável e bem-vinda ao País.
Para terminar, Sr. Deputado António Leitão Amaro, quero dizer-lhe que a democracia se exprime pelo
resultado da eleição dos Deputados e das Deputadas nesta Assembleia. O que sempre dissemos e o que
consta da Constituição da República Portuguesa — que só agora parecem ler, na verdade tresler, porque
nunca a conheceram durante quatro anos — é que se elegem Deputadas e Deputados da Nação, não de
distritos ou de regiões da Nação, e que a sua responsabilidade é perante os seus eleitos, sendo aqui que o
Governo tem de vir buscar a legitimidade para governar. Se for rejeitado o seu Programa do Governo, ele cai.
Ora, é exatamente essa democracia que está a ser hoje, aqui, construída, aquela que a Constituição prevê
e, já agora, aquela que foi constituída na base de uma aliança muito melhor do que esta autoproclamada
equipa da governação. É o «arco da Constituição», onde até o PSD já esteve um dia, mas que já esqueceu há
muito tempo!
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra, para uma intervenção, o Sr. Deputado João Oliveira.