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19 DE NOVEMBRO DE 2015

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A este respeito termino dizendo o que me parece mais importante: na verdade, diante da atual composição

da Assembleia da República, da existência de um conjunto de acordos que permitem a formação de um

governo com um horizonte de uma legislatura e com o objetivo de alterar o conteúdo política da governação,

não transformar esta realidade em governo é, creio, criar uma crise política artificial que o País não

compreende, que o País não suporta e é dar pretexto a todas as entidades para criarem problemas ao País,

para chantagearem o País, para criarem pressão sobre a nossa economia e sobre a nossa sociedade.

O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Peço-lhe para concluir, Sr. Deputado.

O Sr. José Manuel Pureza (BE): — Pelo lado do Bloco de Esquerda, estamos dispostos a fazer o que

temos de fazer para que haja uma solução política positiva para o País que quebre o ciclo do empobrecimento,

o ciclo da austeridade e que defenda os salários, as pensões e o emprego.

Aplausos do BE, do PS e do PCP.

O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Para uma declaração política, tem a palavra o Sr. Deputado Nuno

Magalhães, do CDS-PP.

O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as

e Srs. Deputados: Os ataques terroristas em

Paris causaram o horror e a solidariedade de todas as mulheres e homens de boa vontade em qualquer lugar

do mundo. Suscitaram a repulsa e a indignação dos cidadãos da União Europeia que, instinta e racionalmente,

se colocaram ao lado das vítimas e das suas famílias e apoiaram as autoridades francesas e o seu povo na

procura de uma resposta firme e dentro da nossa tradição e valores para que o mal absoluto não prevaleça

sobre o bem comum.

A Assembleia da República foi, hoje, expressão dessa dor que partilhamos e dessa amizade que

praticamos.

Mas a elaboração consensual do voto de pesar não nos dispensa, pelo contrário, convoca-nos para refletir

sobre questões importantes em torno do fenómeno terrorista, da sua infiltração em solo europeu, da sua

capacidade para se organizar e matar em nome do fundamentalismo, servindo-se para isso de todas as

vulnerabilidades que a Europa e cada uma das suas nações têm.

Devemos, aliás, começar por aqui: se queremos manter uma Europa da liberdade, não podemos dar aos

inimigos da liberdade e do próprio direito à vida quaisquer facilidades.

Aplausos do CDS-PP e do PSD.

O Presidente francês tem designado a situação vivida como um «ato de guerra». Justo e corajosamente

assim é.

Convém, no entanto, ter a noção da assimetria das circunstâncias. O que o proclamado «Estado Islâmico»

faz é uma guerrilha não convencional (e terrivelmente letal) dotada da capacidade de recrutamento e

fanatização de jovens, muito jovens, que, não raro, têm nacionalidades europeias.

Servindo-se das capacidades tecnológicas e da comunicação que globalizarão os seus atentados e

internacionalizam as suas provocações e, certamente, apoiando-se em financiamentos e logísticas que, por

enquanto, não se têm revelado deficientes para organizar — como uma guerrilha, nova, do século XXI —

atentados não apenas em simultâneo, como recorrendo ao bombismo ou ao massacre suicida generalizado.

Com cumplicidades em madrassas radicais e em legislações ingenuamente permissivas, o Estado Islâmico

constitui-se como uma só ameaça numa Europa diversa em território, credos e culturas, que desejamos.

À guerrilha não convencional do Estado Islâmico — cirurgicamente dirigida contra os valores ocidentais —

o ocidente tem, até aqui, reagido com métodos mais clássicos: as operações aéreas de alcance limitado; a

cooperação entre serviços de inteligência, que nem sempre é fácil; uma estratégia diplomática nem sempre

clara perante a identificação do adversário; e até, reconheçamo-lo, uma nem sempre lúcida escolha dos

aliados.

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19 DE NOVEMBRO DE 2015 29 E não se diga que o Presidente poderia manter um governo
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