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I SÉRIE — NÚMERO 6

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Nesta bancada, fazemos parte daqueles que não confundem a Rússia com a União Soviética. A Rússia é

milenar, já lá estava antes da União Soviética, lá continua depois dela e, certamente, lá continuará. De resto, a

Rússia é de tradição cristã e, por razões geográficas, tem uma perceção muito precisa sobre o preço e o risco

da infiltração do fundamentalismo islâmico.

A Europa terá sempre diferenças, no plano dos direitos humanos, comuns relativamente à Rússia. Mas

basta ser realista para perceber que a União Europeia e a Rússia têm interesses não divergentes em matérias

de consulta e de combate a esta matriz do terrorismo.

Mais: não havendo solução para a tragédia da Síria fora da comunidade internacional, e dispondo a Rússia

de voto no Conselho de Segurança, só se evitará o prolongamento dramático e do caos na Síria, com um

entendimento substancial entre, pelo menos, as potências do Conselho de Segurança, o que inclui, como

sabemos, europeus e russos.

É por isso um sinal de esperança (ainda inicial, mas um sinal) que as conversações de Viena permitam

uma via de acordo e que, na sequência dos atentados de Paris, se reconheça a necessidade de coordenação.

Sr. Presidente, Sr.as

e Srs. Deputados: A evidência de que estamos perante um fenómeno global, e não

meramente nacional, revela como está desatualizada a retórica da dissolução dos blocos político-militares.

O mundo ocidental precisa de uma Europa segura e de uma aliança atlântica forte. Nenhum país

providencia sozinho a sua segurança, perante ameaças deste calibre e desta perigosidade.

É, portanto, natural que as cláusulas que nos garantem proteção mútua em caso de ataque vejam a sua

utilidade validada. Um certo pacifismo ingénuo não é, definitivamente, resposta de Estados sérios e

sociedades abertas à evidência do terrorismo como uma espécie de quinta coluna em solo europeu.

A este propósito convém também não nos equivocarmos: a Europa é o mundo da tolerância em que

queremos viver e aceita a diversidade, que, de resto, só a enriquece, mas a Europa nunca será capaz de

vencer se tiver vergonha de dizer e assumir o que é.

Há uns anos, um estranho debate impediu a União Europeia de referir a tradição judaico-cristã como a

origem da sua forma de olhar e viver a civilização. Nos dias de hoje, esse medo das nossas referências, esse

receio dos nossos valores, refletem um desarmamento ético perigoso, ainda que, por vezes, inconsciente.

Isso mina a nossa força. Qualquer amálgama entre as grandes religiões e o terrorismo é, evidentemente,

perigosa e ignorante; igualmente o é, em nossa opinião, a falta de identidade cultural no que é ser europeu.

Precisamente, para nós, ter cidadania europeia implica uma adesão voluntária e nítida aos valores da

liberdade, democracia e tolerância, que tanto professamos.

Aplausos do CDS-PP.

O que não é aceitável é que se possa ter a perceção de que é possível beneficiar dos direitos de um

europeu e usá-los para destruir a paz da Europa e a vida dos europeus.

Como reconhece o Presidente francês, o mesmo se diga quanto aos aspetos de legislação de

nacionalidade ou imigração: A Europa — e bem! — acolhe e integra, mas não deve hesitar em vigiar

atentamente e, se necessário, expulsar quem conspira contra a sua segurança.

Aplausos do CDS-PP.

É inevitável o reforço desta resposta e dos Estados afetados em matérias judicial, administrativa e de

segurança e é inaceitável que uma certa dimensão do «politicamente correto», que tende sempre a justificar o

injustificável — e, pior, a tentar explicar o abominável — venha iludir os europeus sobre o que está em causa.

O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Ultrapassou o tempo de que dispunha, Sr. Deputado.

O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Estou a terminar, Sr. Presidente.

Os democratas sabem quais são as fronteiras do Estado de direito; também sabem que, se não forem os

democratas a responder pela Europa, ganharão espaço e voz todos os extremismos.

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