I SÉRIE — NÚMERO 15
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A Sr.ª Maria da Luz Rosinha (PS): — O PSD e o CDS procuram com este projeto de resolução, mais uma
vez, reescrever a história do seu Governo nos últimos quatro anos e meio. Mas, Sr.as
e Srs. Deputados, o
conceito destes dois partidos acerca do Estado tutelar versus Estado parceiro na relação com as instituições
não apaga nem esconde a forma como procuraram usar estas mesmas instituições para desresponsabilizar o
Estado das suas funções e para justificar algumas das opções políticas. Todos nos lembramos como usaram
as instituições sociais como uma das desculpas para enviarem para a requalificação centenas de
trabalhadores e trabalhadoras da segurança social!
Quanto à vossa versão de que se foram além da troica tal teve em conta a defesa do Estado social e das
suas instituições, a realidade é que hoje a nossa sociedade tem mais pessoas e famílias pobres e muito
menos pessoas e famílias apoiadas, tem mais de metade dos desempregados sem qualquer apoio, tem
demasiadas instituições sociais estranguladas entre o aumento dos pedidos de apoio, a menor capacidade de
pagamento das famílias e o aumento de custos de funcionamento, como com a energia, o que devia fazer-nos
perceber que uma realidade tão difícil como a que vivem muitos portugueses e muitas instituições não se
esconde facilmente.
Aplausos do PS.
E porque a realidade não se esconde facilmente, como já devem ter aprendido com a história da devolução
da sobretaxa, voltarem a propor a definição de um plano de desenvolvimento social — que já foi chumbado
nesta Legislatura, porque diagnósticos errados não produzem soluções certas — não tem qualquer efeito útil.
Insistir na política de empobrecimento e de ataque ao Estado social, como aconteceu nos últimos quatro
anos e meio, foi algo a que os portugueses disseram «basta!».
O Sr. Presidente: — Já ultrapassou o seu tempo, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Maria da Luz Rosinha (PS): — Vou terminar, Sr. Presidente.
A estratégia do Partido Socialista e do Programa do Governo é tão clara quanto alternativa à do anterior
Governo. Por isso, pretendemos lançar um programa nacional de apoio à economia social e solidária,
modernizar e consolidar o setor por meio de mecanismos de simplificação administrativa, fomentar a criação
de parcerias, apoiar a valorização e a capacitação dos empreendedores sociais e promotores.
Este é o nosso compromisso, na base do qual está o princípio de que o Estado tem de ser sempre o
garante máximo do Estado social, tal como a Constituição da Republica Portuguesa o consagra nos direitos
sociais e culturais, isto é, na segurança social e solidariedade, na saúde e na educação.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Sr.ª Deputada, a Mesa agradece as referências que fez e deseja-lhe também,
evidentemente, as melhores felicidades para esta quadra e para o conjunto da Legislatura.
Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado António Carlos Monteiro.
O Sr. António Carlos Monteiro (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: A defesa e promoção
da economia social sempre estiveram na matriz do CDS, que se orgulha de assumir, desde o primeiro
instante, que há na sociedade três setores — os setores público, privado e social — e que todos devem ter os
meios necessários para a sua atividade.
A economia social representa, hoje em dia, 55 000 organizações, 2,8% do valor acrescentado bruto e 5,5%
do emprego remunerado.
Este terceiro setor distingue-se assim dos demais, porque é fortemente heterogéneo, estando disseminado
por todo o território nacional, onde, principalmente no mais desertificado, é o principal empregador.
Pela sua natureza não lucrativa, incentiva fortemente o voluntariado social, onde são milhares os cidadãos
que, de forma altruísta, intermediados por estas instituições, têm uma ação relevantíssima junto das pessoas
mais carenciadas.