I SÉRIE — NÚMERO 17
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Em primeiro lugar, queria dizer, como tivemos oportunidade de referir desde o primeiro minuto, que o
Governo tudo fará para cumprir o objetivo de retirar Portugal do procedimento por défice excessivo. Creio que
não há ninguém nesta Câmara que defenda que Portugal não deva cumprir esse objetivo.
O Sr. Carlos Abreu Amorim (PSD): — Olhe que sim! Olhe que sim!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Não conheço ninguém que defenda o aumento do défice.
Risos do PSD e do CDS-PP.
O Sr. Paulo Portas (CDS-PP): — Domingos Abrantes!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Não conheço.
Protestos do PSD e do CDS-PP.
Sr. Presidente, quando eu puder prosseguir a resposta ao Sr. Deputado Pedro Passos Coelho, teria muito
gosto em fazê-lo.
Como eu dizia, esse é um objetivo do interesse nacional. Se assim for, não é a primeira vez que acontece.
A última vez — diria mesmo, a única — foi em 2007.
Aplausos do PS.
O Sr. João Galamba (PS): — Bem lembrado!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Aliás, recordo-me bem pelo singelo facto de ter sido precisamente o último ano
em que estive no Governo.
Aplausos do PS.
Por isso, esse deve ser um objetivo prosseguido, desejando que, no processo — infelizmente, habitual —
de reclassificação de despesas e de receitas, este défice não venha, daqui a uns anos, a ser revisto, como
anos depois foi revisto o défice abaixo dos 3% que foi obtido em 2007.
Vozes do PS: — Muito bem!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Com esta atitude do Governo, gostaria de sublinhar um facto que, parece-me,
era importante para marcar o relacionamento entre o Governo e a nova oposição. É que ouvi, um excesso de
vezes, algumas pessoas nas bancadas do PSD e do CDS insinuarem que o PS quanto estivesse no Governo
tudo faria para que o défice não fosse alcançado, de forma a manchar o bom nome da boa gestão do PSD e
do CDS. Pois o esforço que o Governo fará para cumprir demonstra que, apesar de o Governo anterior ter
falhado a meta orçamental a que se tinha proposto, tudo faremos para cumprir a meta orçamental a que nos
propusemos!
Aplausos do PS.
Sr. Deputado, creio pode estar tranquilo num ponto: acho que não nos separa o objetivo de ter finanças
públicas sãs. O que nos separa são as políticas públicas para obter finanças públicas sãs e sustentáveis. E a
nossa receita para podermos ter uma consolidação saudável e sustentável das finanças públicas é aquela que
enunciei no triplo propósito deste Governo: mais crescimento, melhor emprego e maior igualdade são
condições para alcançar este objetivo.