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7 DE JANEIRO DE 2016

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disponíveis iam diminuindo, e isto prejudicou, sim, a amplitude e a capacidade de intervenção do Estado nas

respostas sobre o Banif.

Por isso, foi uma irresponsabilidade, é verdade, mas não foi uma irresponsabilidade por incompetência. Foi

uma irresponsabilidade deliberada em mais uma das várias ocultações, que ainda vamos descobrindo, para

fingir a tal saída limpa, o tal acerto nas contas, a tal disciplina orçamental, enfim, aquilo que for.

É claro — e eu tenho a certeza — que a comissão parlamentar de inquérito, que aqui vamos instituir, e uma

auditoria externa, que também defendemos desde o primeiro minuto, vão, por um lado, permitir perceber o que

trouxe o Banif até esta situação e, por outro, fazer uma avaliação dos custos por se arrastar este processo

durante todo este tempo.

Sr. Deputado Duarte Pacheco, não é verdade que o Bloco de Esquerda critique tudo o que o Governo faz.

O Sr. Carlos Abreu Amorim (PSD): — As nomeações não criticou!

A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — O Bloco de Esquerda não só muitas vezes concorda e louva medidas

que foram tomadas por este Governo, que saíram por negociação e por acordo com o Bloco de Esquerda,

nomeadamente todas as medidas de reposição de rendimentos. Por isso, não me parece que seja uma crítica

muita justa, tal como não me parece que seja uma crítica muito justa dizer que o Bloco de Esquerda diz uma

coisa e vota outra. Nós votámos contra o Orçamento retificativo e, agora, manifestámo-nos contra a

recapitalização do Banif para vender ao Santander, porque achamos que ela é, na prática, a recapitalização do

Santander com dinheiros públicos portugueses. E eu não entendo como é que o Sr. Deputado Duarte Pacheco

pode estar de acordo com isto! Não entendo, honestamente, como é que alguém pode permitir e achar que

este modelo defende o interesse nacional!

Mas, também me parece que estamos a falar de estabilidade financeira e de responsabilidades, e, por isso,

o PSD e o CDS, que acompanharam todo o processo da vinda da troica a Portugal, têm de explicar por que é

que durante quatro anos a troica esteve estacionada neste País, tendo como pilar a estabilidade financeira, e

bastou a troica virar as costas e sair do País para dois bancos irem à falência: o BES e o Banif.

Ora, isto é incompreensível para quem dizia que, em 2011, o sistema bancário estava muito frágil, mas

que, em 2014, o sistema bancário estava muito mais são e que a troica fez muito para salvar o sistema

bancário. Parece-nos que estamos muito longe disso!

Também é verdade que não há grande diferença na forma de salvar bancos: PSD e CDS injetaram 1100

milhões no Banif — e isto já foi referido pelo Deputado Miguel Tiago —, lavaram as mãos, deixaram um

administrador e não quiseram saber! Não me parece uma posição muito responsável.

O Sr. Presidente: — Peço-lhe que conclua, Sr.ª Deputada.

A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — Termino, Sr. Presidente.

Da mesma forma o dinheiro que permitiu a intervenção no BES é dinheiro público, diga-se o que se disser.

Por isso, Srs. Deputados, não há nenhuma consistência lógica entre as posições, por um lado, de

liberalizar a banca, de desregulamentar o sector, de entregar o sector a grandes conglomerados financeiros

internacionais e, por outro, a de dizer que se defende a estabilidade bancária, porque estes não são objetivos

compatíveis.

O Sr. Presidente: — Peço-lhe que conclua, Sr.ª Deputada.

A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — Termino dizendo que o problema de fundo é este: os interesses

estratégicos europeus para o sistema financeiro e para o mercado de capitais são contrários aos interesses

estratégicos nacionais neste momento.

Nós temos de decidir de que lado estamos e esta é a questão final que se deixa aos Srs. Deputados.

Aplausos do BE.