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30 DE JANEIRO DE 2016

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«A Assembleia da República associa-se, pela sexta vez, à evocação internacional que relembra as vítimas

do Holocausto. Para além da consagração do dia 27 de janeiro como ‘Dia Internacional de Memória das

Vítimas do Holocausto’, o Parlamento português assumiu o compromisso de promover a sua memória e

educação nas escolas e universidades, comunidades e outras instituições, ‘para que gerações futuras possam

compreender as causas do Holocausto e refletir sobre as suas consequências’, de forma a ‘evitar futuros atos

de genocídio’.

Esta evocação contém uma lição que tem atualidade para o nosso tempo, pois reflete a vitória da vida e da

humanidade sobre o lado negro da natureza humana, esclarece-nos sobre o que fomos e o que somos, e

ajuda-nos a saber reconhecer a história e a afirmar o valor do diálogo entre os homens, entre as religiões,

entre as culturas e entre as civilizações, para que o Holocausto nunca mais se repita.

Neste sentido, a Assembleia da República presta a sua homenagem a todas as vítimas do Holocausto, que

perderam as suas vidas pelas mãos dos carrascos nazis e dos seus cúmplices, e lembra esta data,

confirmando a sua responsabilidade de não a esquecer».

O Sr. Presidente: — Srs. Deputados, vamos votar o voto que acaba de ser lido.

Submetido à votação, foi aprovado por unanimidade.

Srs. Deputados, em relação a estes dois votos de pesar, peço a todos que guardemos 1 minuto de silêncio.

A Câmara guardou, de pé, 1 minuto de silêncio.

Peço, agora, à Sr.ª Secretária, Deputada Idália Salvador Serrão, o favor de proceder à leitura do voto n.º

33/XIII (1.ª) — De homenagem à memória de Vergílio Ferreira, no centenário do seu nascimento (PS).

A Sr.ª Secretária (Idália Salvador Serrão): — Sr. Presidente, Sr.as

e Srs. Deputados, o voto é do seguinte

teor:

«Em Melo, aldeia da Serra da Estrela, ia a tarde a meio, nasceu Vergílio António Ferreira.

Ainda criança, vê os pais, António Augusto Ferreira e Josefa Ferreira, partirem para o Canadá.

Foi uma separação dolorosa e traumatizante, como bem viria a descrever no seu livro Nítido Nulo, e essa

orfandade como que o acompanhou pela vida fora.

Os tempos da infância e da adolescência na Serra da Estrela, a neve, as aldeias serranas, Melo, sempre

Melo, com as suas paisagens e personagens, virão a ser elementos fundamentais de todo o seu imaginário

romanesco.

Doar parte da sua biblioteca e do seu espólio literário à Biblioteca Municipal, que leva o seu nome, em

Gouveia, foi a forma que encontrou de agradecer à terra onde aprendeu a ‘sensibilidade que lhe coube’.

Quando, aos 80 anos, no dia 1 de março de 1996, morre em Lisboa, regressou a Melo como era seu

desejo, para repousar, Para Sempre, virado para a serra.

A carreira literária de Vergílio Ferreira tem início, ainda estudante, em Coimbra. O seu primeiro romance,

de 1939, é O Caminho Fica Longe.

Onde Tudo Foi Morrendo, Vagão J e Manhã Submersa inserem-se na corrente dita neorrealista para

depois enveredar para o que chama de romance-problema, com indicações existencialistas, com Mudança e,

sobretudo, com Aparição.

Com muitas das suas obras traduzidas em diferentes línguas — Para Sempre, Em Nome da Terra, Na Tua

Face —, Vergílio Ferreira mereceu os prémios mais relevantes da nossa literatura, como o Prémio Camões.

Nunca foi uma personalidade neutra e assumiu sempre com frontalidade a defesa da sua verdade: ‘Uma

verdade só é verdade quando levada às últimas consequências. Até lá não é uma verdade, é uma opinião’.

Vergílio Ferreira escreveu, um dia, ‘não corras atrás da glória, porque só ela é que pode correr atrás de ti’.

No dia em que se assinala o centenário do nascimento de Vergílio Ferreira, a Assembleia da República,

reunida em sessão plenária, presta sentida e justa homenagem à memória de um dos mais importantes

escritores portugueses e autor de tantas obras maiores da nossa ficção».

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