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I SÉRIE — NÚMERO 46

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hoje, no coração da Europa, mais uma vez, na sede do que se quer um projeto de paz, de prosperidade e de

democracia, voltamos a enfrentar o terrorismo.

Infelizmente, torna-se frequente demais. Torna-se de tal forma frequente que uma rede social como o

Facebook já tem hoje um botão que permite às pessoas declarar que estão seguras, um botão que permite às

pessoas que estão numa rede social, num contexto normal, de descontração, registar e dizer aos seus amigos

que estão vivas, de tal forma a barbárie nos bate à porta e bate à porta dos nossos computadores.

Infelizmente, acrescentamos hoje Bruxelas a Paris, a Madrid, a Londres, a Nova Iorque, a Beirute, a

Bagdade, a Telavive, a Istambul, a Damasco, a Moscovo e a tantas e tantas cidades do planeta que lidam com

o terrorismo e que vezes demais são recordadas, que são frágeis. Com os seus cidadãos partilhamos os

mesmos dramas, os mesmos valores. Morremos da mesma maneira indistintamente de sermos belgas ou

portugueses, flamengos ou valões, europeus ou não europeus, imigrados ou naturais, cristãos ou ateus,

judeus ou muçulmanos, pobres ou ricos.

Hoje, no aeroporto e no metro em Bruxelas, os inocentes não escolheram a barbárie a que foram sujeitos.

Mas também os terroristas não escolhem as suas vítimas, precisamente porque lhes é indiferente, porque o

que pretendem é intimidar, aterrorizar, tentar quebrar a paz e o convívio saudável entre seres humanos, que é

o que todos somos. É o que todos somos quando vivemos, é o que todos somos quando morremos e é o que

não podemos, em circunstância alguma, deixar de ser sempre que confrontados com o desafio que os

fundamentalistas nos propõem colocar em cima da mesa. Somos todos alvos. Todos os que não cedemos à

intolerância, todos os que rejeitamos os fundamentalismos somos todos alvos da mesma barbárie.

Neste momento em que a Europa enfrenta tantos desafios, neste momento em que a Europa se confronta

tantas vezes com aqueles que, nas nossas costas, nos nossos portos, nas nossas cidades, vêm procurar

conforto de conflitos tão violentos quanto estes que hoje sofreram, temos de recordar e não perder o sentido

de humanidade, porque aquelas pessoas, se calhar, partilham e sofrem há mais tempo do que nós

precisamente o mesmo. Se calhar, nós, europeus, belgas, portugueses, temos hoje mais em comum com

aqueles que tiveram de fugir de Damasco, de Alepo, e que sofrem quotidianamente da mesma maneira. Hoje,

recordamo-nos um pouco mais porque é que somos seres humanos e aqueles que procuram abrigo connosco,

junto de nós, nas nossas cidades, esses também choram hoje connosco quando nós devíamos mais vezes

chorar com eles quando o mesmo lhes sucede.

Hoje, fundamentalmente, penso que a mensagem que todos passamos é a mesma: temos de combater o

terrorismo com os meios do Estado de direito, com os meios que permitem reforçar a cooperação policial, a

cooperação entre os Estados, que combate a exclusão social que alimenta os fundamentalismos, que combate

os fundamentalismos que depois alimentam os extremismos e destrói, também, o tecido das nossas

sociedades. Fieis aos nossos valores, unidos na diversidade, que é a máxima da União Europeias, mas hoje,

também, infelizmente, unidos na dor que também une todos os povos da Europa e do mundo, sejamos

capazes de nos mantermos fieis aos nossos valores e sermos capazes, também, de não abdicarmos um

milímetro, como o Sr. Deputado Luís Marques Guedes há pouco dizia.

Não vamos desfazer o que construímos, porque não podemos ceder àqueles que pretendem destruir aquilo

que não é tanto o nosso meio de vida ou a nossa civilização, mas aquilo que nos identifica enquanto seres

humanos.

Aplausos do PS, do PSD, do BE e do CDS-PP.

O Sr. Presidente: — Em nome do Bloco de Esquerda, tem a palavra o Sr. Deputado Pedro Filipe Soares.

O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Sr. Presidente, Sr. Secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares,

Sr.as e Srs. Deputados: São momentos como este que nos convocam para aquilo que é uma demonstração do

terror. E, perante o terror, perante o ódio, perante o desprezo pela vida que demonstrou quem colocou hoje as

bombas que deflagraram em Bruxelas, muitas vezes a nossa sociedade tem sido confrontada e tem sido

instada a reagir, e tem-no feito bem, pela positiva, mostrando que nós não nos deixamos vencer nem pelo

ódio, nem pelo medo e que não aceitamos ser instrumentalizados naquilo que aqueles que colocaram as

bombas querem, isto é, que haja um choque de civilizações, que haja um choque de religiões. Não! Há