I SÉRIE — NÚMERO 54
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Importa persistir num esforço contínuo de apoio à atividade científica e tecnológica e aos mecanismos de
relacionamento e proximidade com a sociedade.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Srs. Deputados, vamos passar à primeira ronda de pedidos de
esclarecimento.
Tem a palavra o Sr. Deputado Luís Leite Ramos, do PSD.
O Sr. Luís Leite Ramos (PSD): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados,
Portugal realizou nos últimos anos progressos notáveis na reposição da sua competitividade externa, perdida
quase continuamente desde a adesão à moeda única até à eclosão da crise financeira internacional em 2009.
Em 2015, praticamente todas as perdas de quota de mercado acumuladas desde 1999 tinham sido anuladas.
Estes ganhos traduziram-se num amplo movimento de abertura da economia ao exterior, evidenciado no peso
das exportações totais no PIB que, vindo de valores da ordem dos 30%, se situava no final do ano passado já
em 43%.
Portugal pôde assim, em 2015, terminar o segundo ano consecutivo com capacidade líquida de
financiamento, crescimento e significativa reanimação do investimento, algo que não encontra paralelo nas
últimas quatro décadas e que permitiu ao nosso País inverter a trajetória de progressão acelerada e
descontrolada do endividamento externo.
O endividamento, a par do défice, é um dos legados mais nefastos da persistência de políticas públicas
erradas, favorecendo um modelo de economia falhado, centradas no estímulo artificial do consumo, ao mesmo
tempo que se desconsiderava o investimento e o crescimento, em diminuição desde o princípio do século.
Do lado da oferta, essas políticas descuraram o facto de em moeda única não ser possível recorrer à
desvalorização cambial para repor a competitividade externa e forçaram o Governo socialista de José Sócrates
a negociar e a subscrever um duro Programa de Ajustamento que trouxe a austeridade, a quebra da atividade
e o desemprego.
Conservar e aumentar a competitividade externa é um desafio crucial para que o País possa ambicionar
ascender a patamares superiores de prosperidade e coesão, ancorando o Estado social ao solo firme
indispensável, que é a capacidade de gerar riqueza.
O Sr. Adão Silva (PSD): — Muito bem!
O Sr. Luís Leite Ramos (PSD): — Para isso, é imperativo que as políticas públicas não comprometam os
equilíbrios macroeconómicos fundamentais reconstruídos nos últimos anos, ao mesmo tempo que convergem
concertadamente para a criação de um ambiente propício ao investimento e, sobretudo, ao investimento gerador
de maior valor e melhor emprego: o investimento baseado no conhecimento e na inovação.
O Sr. Adão Silva (PSD): — Muito bem!
O Sr. Luís Leite Ramos (PSD): — A inovação é, por natureza, o produto da dinâmica dos agentes
económicos. Mas se a inovação não se decreta nem programa, nem por isso as políticas públicas deixam de ter
um papel importante na criação do ecossistema adequado ao seu surgimento, intensificação e disseminação de
ideias e projetos inovadores. Desde logo, na criação de um enquadramento favorável ao aparecimento de novas
empresas, tantas vezes associado a processos de inovação.
Assim, o foco nas empresas start-up, baseadas em conhecimento intensivo e elevada intensidade
tecnológica, deve constituir uma orientação fundamental das políticas públicas.
Um problema chave do empreendedorismo consiste no seu financiamento. Em toda a União Europeia existe
uma falha de mercado clara no financiamento de fundos de capital de risco. Ou seja, existem poucas entidades
a atuar como fundos de fundos ou a investir neste tipo de produtos, ao contrário do que acontece em países
como os Estados Unidos da América.