I SÉRIE — NÚMERO 55
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Em terceiro lugar, a decisão sobre os próprios ativos (o que são, quanto valem, o que lhes fazer) tem de ter
controlo público — em todo o processo, há controlo público — e as regras mudam.
Para começarmos a fazer este processo, há, seguramente, dois passos essenciais para os quais, para nós,
era importante ouvir o compromisso do Governo.
O primeiro é o de que, com este processo, a Caixa Geral de Depósitos saia fortalecida enquanto banco
integralmente público; o segundo é o de que o Novo Banco fique como banco público com uma operação viável
e de longo prazo.
Se não for assim, sabemos que isto vai ser exatamente como todas as outras vezes: entregar à banca
internacional bancos recapitalizados limpos com dinheiro público, porque as garantias públicas são sempre, no
fim da linha, dinheiro público, como já todos sabemos. E o Bloco de Esquerda não estará cá para soluções em
que perdemos dinheiro, perdemos capacidade de decisão e perdemos economia.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Catarina Martins, se registei bem, manifestou uma
intenção e colocou cinco condições.
Quanto à intenção, partilhamos. O problema tem de ser resolvido e não pode ser resolvido à custa dos
contribuintes.
Pôs cinco condições; quanto às três primeiras, estamos de acordo; quanto à questão da Caixa Geral de
Depósitos, estamos de acordo; quanto à quinta condição, sobre o Novo Banco, não sei se estamos ou não de
acordo.
Há uma coisa que tenho dito e repetido e, inclusive, disse-a no último debate quinzenal a propósito de uma
questão colocada pelo Sr. Deputado Jerónimo de Sousa: quanto ao Novo Banco, há várias soluções possíveis
e, por isso, não nos devemos precipitar e optar por uma das soluções possíveis, porque o critério que nos deve
guiar deve ser aquele que tenha menores custos para os contribuintes e que melhor assegure a estabilidade do
sistema financeiro e o funcionamento da economia nacional.
Portanto, para início de conversa, não estamos mal. Convergimos quanto à intenção, estamos de acordo em
quatro das cinco condições e, quanto à quinta condição, vamos ver.
De uma coisa posso garantir-lhe: optarei pela sua solução, se essa for a melhor. Como disse no último debate
quinzenal, optarei pela proposta, do PCP, de nacionalização, se essa for a melhor. Não optarei nem por uma
nem por outra, se entender que não constituem a melhor solução para a satisfação do interesse público.
Quanto ao critério, será este.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra a Sr.ª Deputada Catarina Martins.
A Sr.ª CatarinaMartins (BE): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, se começamos a pensar num banco
mau com o critério de que a privatização da banca é sempre bom caminho, mesmo depois de os banqueiros
privados terem ficado sempre tão caros aos contribuintes, não estamos a corrigir grande coisa dos erros que
foram cometidos até agora.
Entendamos: o Novo Banco tem lá 5000 milhões de euros do dinheiro dos contribuintes — aquele que nunca
entraria e acabou por entrar — e, se for vendido, ninguém lhe vai dar 5000 milhões de euros por ele, o que quer
dizer que os outros bancos vão ser chamados a pagar, como a Caixa Geral de Depósitos, e os contribuintes
também vão ser chamados a pagar. Assim, aumenta-se o problema em todo o sistema financeiro e aumenta-se
o problema público.
Portanto, quando olhamos para todos os lados desta equação, vemos que não há nenhuma saída boa, que
não aquela que é a mais lógica e a mais simples: onde há dinheiro público que mande o que é público. Se nós
já pagamos, teremos de mandar.