21 DE ABRIL DE 2016
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Risos do Deputado do CDS-PP Nuno Magalhães.
A Sr.ª Joana Mortágua (BE): — Mas, hoje, depois de tudo o que o aconteceu no Brasil, pergunto às Sr.as e
aos Srs. Deputados da direita se acham mesmo que é pela democracia e pela transparência que se movem os
golpistas no Brasil.
Aplausos do BE.
Protestos de Deputados do CDS-PP.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Calma, Srs. Deputados, que aqui não vai haver golpe!
O Sr. Presidente: — Sr.ª Deputada Joana Mortágua, a Mesa regista a inscrição da Sr.ª Deputada Carla Cruz
pedir esclarecimentos.
Faça favor, Sr.ª Deputada Carla Cruz.
A Sr.ª Carla Cruz (PCP): — Sr. Presidente, cumprimento a Sr.ª Deputada Joana Mortágua, o Bloco de
Esquerda, pela declaração que aqui traz e, de facto, a situação no Brasil é motivo de preocupação para todos
os democratas, ou, pelo menos, deveria ser um motivo de preocupação para todos os democratas.
O PCP já expressou a sua preocupação relativamente a esta situação que, por detrás de um processo de
destituição da Presidente Dilma Rousseff, a partir de falsos argumentos e de um pretenso procedimento criminal
visa o objetivo imediato de subverter a expressão popular que conduziu à vitória da Presidente Dilma nas últimas
eleições e visa também objetivos mais profundos de retrocesso nas conquistas sociais e económicas alcançadas
e de desestabilização do Brasil e da América Latina.
Protestos do Deputado do CDS-PP João Pinho de Almeida.
O debate e a aprovação da admissibilidade da destituição da Presidente Dilma Rousseff pelo Parlamento
brasileiro, no passado dia 17 de abril, evidenciam que o fundamento para a destituição da Presidente do Brasil
não resulta de nenhum procedimento criminal em que a Presidente democraticamente eleita esteja envolvida,
mas, antes, o que move a destituição é a tentativa de conseguir alcançar o que não conseguiram nas últimas
eleições presidenciais.
A direita e o grande capital brasileiro pretendem, com a operação golpista em curso, impor ao povo brasileiro
o que este lhes negou nas urnas. Mais, as declarações e os argumentos que foram usados na sessão do dia
17, com conteúdos profundamente reacionários, obscurantistas e antidemocráticos, chegando alguns
Deputados a enaltecer os negros tempos da ditadura e os torturadores no momento do voto, mostram bem o
que os move.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
A Sr.ª Carla Cruz (PCP): — Com a admissibilidade do processo de destituição, o que as forças reacionárias
e o imperialismo pretendem é reverter o processo de mudanças iniciado em 2002, aquando da vitória de Lula
da Silva.
O Sr. Presidente: — Peço-lhe que conclua, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Carla Cruz (PCP): — Vou concluir, Sr. Presidente.
Sobre o Brasil, de facto, recaem reais perigos de desestabilização e um grave processo de retrocesso
político, social e económico, mas também recaem umas profundas razões para confiar, porque cada vez mais
pessoas tomam consciência de que a consumação do golpe representaria um violento ataque aos direitos
laborais e sociais, à democracia e à liberdade.