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I SÉRIE — NÚMERO 65

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Universidade de Coimbra, de que era Professor Associado no Departamento de Arquitetura da Faculdade de

Ciências e Tecnologia. Dela se despediu em 2012, com uma última lição, Do Sublime em Arquitetura.

Provocador, mas afetivo, acutilante, mas sedutor, Paulo Varela Gomes beneficiou do respeito e da admiração

que gerações de estudantes nutriam por ele. Estudantes que, de forma brilhante, cativou para a arquitetura,

quer com os ensaios e críticas que escreveu, quer com os documentários de que foi autor e apresentador (como

O Mundo de Cá, sobre as civilizações que os portugueses encontraram quando chegaram à Índia e ao Ceilão,

e Malta Portuguesa, sobre as relações ocultas entre Portugal e Malta).

Varela Gomes foi militante do Partido Comunista até meados dos anos 80, partido de que se desvinculou

para fundar o movimento Política XXI.

Filho de lutadores antifascistas, politicamente empenhado desde a juventude, foi, até ao último dos seus

dias, um espírito livre, um «comunista patriota», como o próprio se definia.

Autor de obras de referência no domínio da arte e da arquitetura, Paulo Varela Gomes dedicou-se, nos

últimos anos, em exclusivo, à literatura, publicando um livro de crónicas e quatro romances, todos aclamados

pela crítica: Ouro e Cinza (2014), O Verão de 2012 (2014), Era Uma Vez em Goa (2015) e Passos Perdidos

(2016), recebendo, com Hotel, de 2014, o Prémio do PEN Clube.

Delegado da Fundação Oriente em Goa, de 1996 a 1998 e de 2007 a 2009, era uma das maiores e mais

respeitadas vozes sobre a cultura indiana e sobre a presença portuguesa na Índia e noutros países do Oriente.

Em Morrer é mais difícil do que parece, Varela Gomes resumiu a vida como «(…) uma espécie de maré

pacífica, um grande e largo rio. Na vida é sempre manhã e está um tempo esplêndido (…)». E «o amor, que é

o outro nome da vida, não me deixa morrer às primeiras: obriga-me a pensar nas pessoas, nos animais e nas

plantas de quem gosto».

Foi numa manhã que partiu Paulo Varela Gomes, deixando um legado notável à Universidade e à cultura

portuguesa.

É, pois, com profunda tristeza que a Assembleia da República, reunida em sessão plenária, assinala o seu

falecimento, transmitindo à sua família e amigos o mais sentido pesar.»

O Sr. Presidente: — Srs. Deputados, vamos votar o voto n.º 71/XIII (1.ª) — De pesar pelo falecimento do

historiador e escritor Paulo Varela Gomes (Presidente da AR, PSD, PS, BE, CDS-PP, PCP, Os Verdes e PAN),

que acabou de ser lido.

Submetido à votação, foi aprovado por unanimidade.

A Mesa foi informada de que o Governo se associa a este voto de pesar.

Srs. Deputados, passamos ao voto n.º 72/XIII (1.ª) — De pesar pelo falecimento do artista plástico Querubim

Lapa (Presidente da AR, PSD, PS, BE, CDS-PP, PCP, Os Verdes e PAN), que vai ser lido pelo Sr. Secretário

Duarte Pacheco.

O Sr. Secretário (Duarte Pacheco): — Sr. Presidente e Srs. Deputados, o voto é do seguinte teor:

«Querubim Lapa de Almeida, um dos nomes maiores do panorama artístico nacional do século XX, deixou-

nos esta segunda-feira, aos 90 anos.

Nascido em Portimão, em 1925, Querubim Lapa foi um notável artista plástico, reconhecido pela sua

polivalência, por ter atravessado, ao longo de mais de 70 anos, a pintura, o desenho, a gravura ou a tapeçaria,

mas destacando-se, sobretudo, como um dos mais importantes ceramistas portugueses.

Colaborador de Jaime Martins Barata, antes mesmo de terminar o curso da Escola de Artes Decorativas

António Arroio, em 1946, e de Martins Correia, foi aluno de Leopoldo de Almeida na Escola Superior de Belas

Artes de Lisboa, entre 1947 e 1950, onde se licenciou em Escultura.

É na segunda metade da década de 40 que se liga ao movimento neorrealista e os temas das suas pinturas

e desenhos prestam uma especial e melancólica atenção à precariedade das formas de vida. Numa declarada

oposição à ditadura, passa a expor em 1948 nas Exposições Gerais de Artes Plásticas da Sociedade Nacional

de Belas Artes, integrando a terceira geração modernista. No curso dos anos 50, a sua pintura dá

desenvolvimento a formas abstratizadas e a um pendor lírico que partilha com um grupo de artistas como Jorge

Vieira, Nikias Skapinakis, Sá Nogueira e João Abel Manta.

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