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I SÉRIE — NÚMERO 80

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O Sr. Bruno Dias (PCP): — … vou terminar, Sr. Presidente — e agora procuram reintroduzir na agenda do

debate político o apoio, com dinheiros públicos, à concentração empresarial, os benefícios fiscais aos grandes

grupos económicos, as mesmas receitas do passado que causaram os problemas que causaram, que trouxeram

o País à situação em que nos encontramos e que têm de ser vencidos por uma rutura política e por uma outra

opção de fundo na política económica.

Aplausos do PCP e de Os Verdes.

O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Emídio Guerreiro, do Grupo

Parlamentar do PSD.

O Sr. Emídio Guerreiro (PSD): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados:

Estamos hoje a debater a economia e as empresas, um tema importante, que o Partido Socialista agendou,

pensamos nós, com o objetivo político de ajudar a compor a imagem do Sr. Ministro, depois de o Sr. Ministro ter

sido catalogado de tímido e discreto pelo Sr. Primeiro-Ministro.

A verdade é que, ao fim de duas horas de debate, acredito que, neste momento, quem teve esta ideia já

estará arrependido, porque fazendo, e usando um pouco a linguagem económica rural, a prova dos nove o que

dá é, de facto, nada, uma vez que nada, nada saiu, do ponto de vista daquilo que é importante para as nossas

empresas.

Sr. Ministro, o senhor veio aqui no exercício de otimismo infundado, sendo certo que eu acho, e já debatemos

isto por mais do que uma vez na Comissão de Economia, que o otimismo é importante, mas é importante que

seja alicerçado na realidade e o Sr. Ministro pintou um cenário que não existe no nosso País, infelizmente. O Sr.

Ministro nega todos os números, mesmo este último, que saiu hoje, do Banco de Portugal, da atividade

económica, que há seis meses que cai, infelizmente para todos nós, e o Sr. Ministro passa-lhe ao lado. Ontem

apresentou um pacote de medidas que nós não conhecemos, pensávamos nós que hoje iria apresentar algumas

dessas medidas, mas não, o que verificamos é que todas as projeções, todas as análises das instituições

internacionais independentes vão no mesmo sentido. Há um desfasamento entre aquilo que o Ministro e este

Governo social-comunista diz que vai ser e aquilo que é a realidade. Há uma divergência de números, de

realidades que a todos penaliza, o que de facto é lamentável.

Quero dizer-lhe também, Sr. Ministro, que isto também tem uma razão de ser, porque quando existem

problemas que afetam a atividade económica não é nada consigo. Infelizmente para a economia portuguesa, o

Ministro da Economia não manda na economia.

Há um problema nos portos com um impacto direto nas exportações, quem tem de resolver é a Ministra do

Mar. Há, de facto, um problema, que é o Portugal 2020 ser fundamental para o investimento público, mas quem

nele manda não é o Ministro da Economia, é o Ministro das Infraestruturas. É preciso devolver às empresas

mais de 200 milhões de euros de saldos do crédito do anterior quadro comunitário, mas não é nada com o Sr.

Ministro da Economia, porque quem manda nisso é o Sr. Ministro das Finanças. Ou seja, temos aqui, de facto,

um conjunto de estrangulamentos económicos da economia portuguesa, mas não dependem do Sr. Ministro,

porque, infelizmente para nós, o Sr. Ministro da Economia não manda e, por isso, não consegue resolver

rigorosamente nenhum desses problemas. Isto já para não falar sequer do posicionamento do Sr. Ministro

relativamente à opinião do seu colega das Finanças, que veio dizer que um dos fatores diferenciadores positivos

de Portugal são os baixos salários e a quantidade de trabalho que se faz aqui.

Vozes do PSD: — Muito bem!

O Sr. Emídio Guerreiro (PSD): — Nós não percebemos, de facto, como é que é possível este «casamento»

entre tantas realidades diferentes, entre aquilo que algumas pessoas com um trajeto académico sólido diziam

antes de serem membros do Governo e aquilo que fazem hoje em dia, o que é uma pena, que nós registamos.

Por isso, penso que vale a pena concluir, Sr. Ministro, dizendo que não é uma questão de estilo, que não é

uma questão de feitio, que não é uma questão de avaliarmos a sua timidez ou o facto de ser mais ou menos

discreto, o que gostaríamos, Sr. Ministro, de facto, era que, no mínimo, a economia tivesse um crescimento

tímido, mas nem isso conseguimos ter.

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