7 DE JULHO DE 2016
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Depois dos agendamentos potestativos sobre a natalidade, o envelhecimento ativo e a proteção dos idosos
e das interpelações ao Governo sobre educação e saúde, propomos hoje um contrato de transparência na
segurança social.
O Sr. Pedro Mota Soares (CDS-PP): — Muito bem!
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — São todos temas que colocam as pessoas e os seus interesses no
centro da prioridade política do CDS-PP.
Sabemos que o tema divide este Parlamento e por isso não apresentamos todas as propostas sobre tudo o
que pensamos do sistema de segurança social, mas apenas o que julgamos ser um passo no sentido de
melhorar a vida das pessoas.
Centremo-nos, pois, no que nos pode unir e não naquilo que nos separa.
Aplausos do CDS-PP.
Este projeto não é, nem pretende ser, sobre a sustentabilidade do sistema de segurança social, sobre a
forma de pagamento das pensões atuais. Tão-pouco é sobre como fazer a reforma do sistema de pensões.
O que pretende tão-somente é dar mais informação e transparência aos portugueses sobre as suas pensões
futuras, dar mais importância à poupança e ao aforro e reforçar a liberdade de escolha dos contribuintes na
gestão dos descontos que faz para a segurança social.
E é por isso que propomos este contrato de transparência com a abertura de quem defende consensos e
estabilidade e prefere uma política gradual nesta área.
É este, Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, o desafio que fazemos a todos: assumimos, ou não, que há
muito para fazer no sistema de pensões? Queremos, ou não, contribuir para a sua solução? Devemos, ou não,
na diversidade, contribuir para consensos que gerem previsibilidade na segurança social? Queremos soluções
ou simplesmente o confronto? Queremos propostas ou apenas críticas?
Pois bem, no CDS-PP, seguramente queremos soluções e, por isso, apresentamos propostas concretas que
possam ser discutidas e aprovadas aqui e em sede de concertação social.
Aplausos do CDS-PP.
Sabemos que a maioria dos portugueses desconhece o sistema de pensões, a forma como funciona e que
valores conseguirá no futuro, por isso defendemos que o Estado deve reforçar a transparência do sistema para
que as pessoas possam gerir o seu futuro conscientes e informadas.
Achamos mesmo que é uma obrigação do Estado, que o Estado lhes deve isso — informação e transparência
—, para que as escolhas sejam realmente livres.
Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, cientes dos inegáveis avanços científicos nas últimas décadas,
sabemos que a Europa enfrenta um fenómeno de «duplo envelhecimento», isto é, um envelhecimento na base
e no topo da pirâmide etária.
Segundo o relatório Europop, Portugal registará uma redução da população de 3,7% entre 2010 e 2060, a
população em idade ativa diminuirá 19,4% no mesmo período e a população com mais de 65 anos aumentará
71,2% também entre 2010 e 2060.
Por outro lado, o crescimento da economia nos últimos anos não tem sido suficiente para gerar contribuições
e cotizações que compensem esta tendência demográfica.
De resto, vários estudos independentes referem que a taxa de substituição, ou seja, a percentagem do salário
que se reflete no valor da pensão, irá reduzir-se substancialmente nas próximas décadas e em todos, repito,
todos, os escalões remuneratórios.
E se, hoje, os portugueses que se reformam têm direito a uma pensão líquida de entre 87,7% e 89,5% do
seu salário líquido de IRS e de TSU, dependendo dos níveis de rendimentos, segundo a OCDE estas taxas irão
baixar significativamente para níveis abaixo dos 60%.
Torna-se, assim, necessário que os futuros pensionistas tenham o real conhecimento do que pode acontecer
ao valor da sua pensão.