I SÉRIE — NÚMERO 88
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grupo de trabalho com todos, todos os partidos — mesmo aqueles que votaram contra deram o seu contributo.
Só assim foi possível.
Sr. Presidente, no dia 29 de janeiro, o Primeiro-Ministro disse nesta Casa que se comprometia, em relação
à renda apoiada, em duas questões: a renda ser calculada em função do rendimento líquido e não do rendimento
bruto, porque é o rendimento líquido que as pessoas têm, e, em segundo lugar, que não se podiam fazer
despejos de qualquer maneira e que as pessoas tinham de ser protegidas.
O Sr. Primeiro-Ministro comprometeu-se, o Grupo Parlamentar do Partido Socialista cumpriu, com o apoio
dos outros partidos. Portanto, resta-me sinalizar que é assim que devem ser feitas as leis.
Aplausos do PS, do BE, do PCP, de Os Verdes e do PAN.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra, para uma declaração de voto, a Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Muito rapidamente, só para
saudar também os moradores dos bairros sociais, que exigiram — é assim mesmo, exigiram — que a
Assembleia da República fizesse uma lei desta natureza e alterasse profundas injustiças na lei da renda apoiada
que não podiam ser comportadas pelas pessoas.
Nesse sentido, a Assembleia da República fez um trabalho, que era seu dever fazer, no sentido de que,
designadamente, o cálculo do valor da renda fosse feito em função do rendimento líquido e não do rendimento
bruto e que se acabasse com aquela facilitação de despejo, que era, de facto, uma absoluta vergonha, e foi
reduzida também — podia ter sido mais, mas este também é um caminho que se vai fazendo — a taxa de
esforço.
Creio que a realidade vai provar a justiça da alteração desta lei e, fundamentalmente — era isso que eu
gostava de salientar —, isto foi feito com a grande reivindicação das pessoas, em concreto, que são o objeto,
digamos assim, a vivência real das leis que se fazem aqui, na Assembleia da República.
É essa luta que eu gostaria muito de valorizar, porque vale a pena lutar. Vale sempre a pena lutar.
Aplausos de Os Verdes, do PS, do BE, do PCP e do PAN.
O Sr. Presidente: — Por fim, tem a palavra a Sr.ª Deputada Emília Santos, também para uma declaração
de voto.
A Sr.ª Emília Santos (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Aproveito para cumprimentá-los, bem
como os moradores dos bairros sociais que nos acompanharam ao longo deste processo e que hoje estão aqui
nas galerias.
Queria dizer também que o PSD, apesar de considerar que esta lei da renda apoiada é, de facto, muito
recente e tem ainda todo um caminho a percorrer, considera que não somos os donos da verdade e esteve ao
lado deste processo porque é um partido responsável, apoiando, portanto, algumas alterações que julgamos
que contribuíram para melhor conformação da lei com a realidade sentida.
Deixo apenas aqui algumas das alterações com que nós, PSD, concordámos, nomeadamente com o
encaminhamento dos agregados alvo de despejo e com efetiva carência para soluções legais de acesso à
habitação; concordámos também com o estabelecimento de um prazo mínimo de três dias úteis para
desocupação do imóvel no caso de ocupação sem título e com a possibilidade de revisão do valor da renda
quando se verifique uma alteração de rendimento, entre outras, que estão, de facto, plasmadas em sede própria.
De todo o modo, votámos contra outras propostas porque não correspondem às nossas convicções, e dou
apenas dois exemplos: o primeiro é porque as alterações que definem o rendimento líquido como base de cálculo
da renda desvirtuam e contrariam o sistema criado, em 2010, pelo Ministro Vieira da Silva, através da lei de
condição de recursos, que uniformiza, precisamente, a base de referência dos rendimentos dos cidadãos.
Um segundo exemplo, Sr. Presidente, e para terminar, é porque estamos convictos de que as famílias com
menores rendimentos serão penalizadas, pois, nestes casos, haverá aumentos de renda e temos por certo que
os maiores beneficiados com estas alterações são precisamente as famílias com rendimentos acima dos 1500
€.