I SÉRIE — NÚMERO 24
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O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Vou terminar, Sr. Presidente.
Ora, a conclusão que se tira disso não é que se privatize, é que se corrija a missão. E o que sabemos é que
o Governo do Partido Socialista não tem estado à altura de esclarecer os portugueses, nem de exigir da Caixa
o cumprimento da missão que a Caixa Geral de Depósitos deve ter.
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra o Sr. Deputado António Leitão Amaro.
O Sr. António Leitão Amaro (PSD): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados, o
Sr. Deputado João Paulo Correia veio aqui fazer mais um exercício de distração. Era importante, Sr. Deputado
João Paulo Correia, que o seu Governo, se quisesse falar de recapitalização da Caixa, explicasse o seguinte:
que montante, porquê e em que termos? Qual é a reestruturação que querem fazer? Por que é que os
portugueses têm de pagar aquele montante ou outro?
Se hoje nós estamos às escuras…
Protestos do PCP.
… é porque o Governo, há meses, recusa esclarecer o País sobre o que quer na Caixa Geral de Depósitos.
Mais: é o Governo que, nos últimos meses, nos diz: «Nós não podemos explicar aos portugueses o que é
que queremos fazer na Caixa. Nós não podemos explicar qual é o montante da recapitalização». E ora dizem
que tiveram uma pré-aprovação em Bruxelas, ora dizem que querem continuar a esconder.
Não, um Parlamento sério não passa cheques em branco e não anda de olhos vendados! Já percebemos
que os partidos mais à esquerda decidem de olhos vendados, andam de ouvidos tapados e de boca calada. E
é isso que os senhores querem fazer com a Caixa Geral de Depósitos: é ter o País calado, enquanto os senhores
repetem irresponsabilidades e erros. Por exemplo, atiram dinheiro para cima dos problemas. Ainda agora, nesta
semana, António Costa dizia que com o BES devia ter-se feito exatamente a mesma coisa, ou seja, vergar
perante Ricardo Salgado e dar o dinheiro pedido. Mas connosco não. Nós somos a favor da Caixa Geral de
Depósitos pública. Aliás, somos tão a favor da recapitalização que nós próprios fizemos a recapitalização da
Caixa Geral de Depósitos. E fizemo-la numa altura em que a Caixa Geral de Depósitos, no meio de toda a crise
financeira internacional, conseguiu aumentar os seus depósitos, conseguiu aumentar a sua exposição e a sua
relação com as PME (pequenas e médias empresas). No nosso tempo, a Caixa Geral de Depósitos fortaleceu-
se enquanto maior banco nacional.
O que é que aconteceu durante o vosso ano de Governo? É um desastre a vossa gestão da Caixa Geral de
Depósitos! Era o buraco de 1800 milhões de euros, que não existia. A sua administração foi chumbada primeiro
pelo BCE e agora foi chumbada pela vossa falta de lealdade, a vossa falta de seriedade. Fazem acordos e leis
à medida e, depois, nem sequer respondem perante os portugueses!
Quando é que os senhores, aliás, o vosso Primeiro-Ministro assume a vossa responsabilidade e responde
ao Parlamento? Nós estaremos aqui para defender a Caixa, a Caixa pública, a Caixa recapitalizada. Mas não
aceitamos aquilo que os senhores querem, que é um povo e um Parlamento de boca calada e olhos vendados.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra a Sr.ª Deputada Mariana Mortágua.
A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados, há
muito tempo que o Bloco defende que a Caixa deve ter uma missão diferente, de apoio à economia produtiva,
de apoio ao País. E fazer isto é bem diferente de criar bancos de fomento e deixar lá ficar administradores a
receber salários milionários, sem nunca saber o que se faria com aquilo. Portanto, sobre a estratégia da direita
para o sistema bancário, acho que estamos mais ou menos conversados.