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12 DE JANEIRO DE 2017

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desde cedo a política como vocação». E, de facto, assim foi. A sua vida desde cedo se confundiu com a política

e com a atividade política. A vida do Dr. Mário Soares foi indiscutivelmente atravessada por uma forte e ativa

intervenção política, tanto antes como depois da Revolução de 1974.

Ainda jovem advogado, o Dr. Mário Soares assumiu corajosamente a defesa de vários presos políticos, de

vários antifascistas que se opuseram e lutaram com singular determinação contra o regime fascista, contra a

ditadura fascista, combatentes, num combate absolutamente desigual.

Opositor ao regime fascista, o Dr. Mário Soares, foi preso, exilado, deportado e perseguido, como muitos

outros antifascistas que corajosamente se envolveram em atividades de oposição à ditadura fascista.

Cofundador do Partido Socialista e seu Secretário-Geral durante um largo período de tempo, o Dr. Mário

Soares exerceu outros relevantes cargos na vida política nacional: foi Deputado à Assembleia Constituinte e à

Assembleia da República, exerceu as funções de Ministro e foi Primeiro-Ministro em três governos

constitucionais, tendo sido ainda Presidente da República entre 1986 e 1996.

É verdade que, ao longo deste tempo, o Partido Ecologista «Os Verdes» nem sempre acompanhou, e muitas

vezes divergiu até das decisões ou das opções políticas do Dr. Mário Soares, seja como Primeiro-Ministro seja

como Presidente da República, mas também é verdade que Os Verdes sublinham e reconhecem ao Dr. Mário

Soares a natureza inovadora das suas presidências abertas, nomeadamente a Presidência Aberta sobre o

Ambiente e Qualidade de Vida. Uma Presidência Aberta que decorreu em abril de 1994 e que permitiu não só

dar visibilidade a graves problemas ambientais como também para reforçar a importância e a relevância das

questões ambientais e dos recursos naturais na discussão politica.

Pelos altos cargos que desempenhou depois do 25 de Abril e, sobretudo, pelo seu contributo na luta contra

o regime fascista, contra a ditadura fascista, tanto como cidadão empenhado nos valores em que acreditava,

como enquanto advogado na defesa de outros antifascistas, o Dr. Mário Soares merece o nosso respeito.

E nestas horas más e demoradas, vividas e sentidas pelos seus mais próximos, resta-nos, nesta sessão

evocativa, reafirmar, junto dos seus familiares e do Partido Socialista, o mais sentido pesar pelo

desaparecimento do cidadão empenhado e destacado dirigente político, Dr. Mário Soares.

Aplausos de Os Verdes, do PS, do BE, do PCP, do PAN e de Deputados do PSD.

O Sr. Presidente: — Tem a palavra, em nome do Grupo Parlamentar do PCP, o Sr. Deputado João Oliveira.

O Sr. João Oliveira (PCP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados: No

momento em que a Assembleia da República assinala formalmente o falecimento do Dr. Mário Soares, quero

começar, em nome do Grupo Parlamentar do PCP, por apresentar as condolências à sua família, em particular

aos filhos, Deputado João Soares e Dr.ª Isabel Soares, aos seus netos e ao Grupo Parlamentar do PS.

O Dr. Mário Soares será lembrado como uma personalidade relevante da vida política nacional das últimas

décadas, pela sua participação no combate à ditadura fascista e no apoio aos presos políticos, pela sua

intervenção política como fundador e Secretário-Geral do PS, pelo desempenho dos mais altos cargos políticos

após o 25 de Abril, designadamente como Deputado à Assembleia Constituinte, à Assembleia da República e

ao Parlamento Europeu, como Ministro, Primeiro-Ministro, Presidente da República e membro do Conselho de

Estado.

Lembrando-o em todas essas circunstâncias, não deixa naturalmente de ser lembrado pelas convergências

e divergências com que marcou as suas posições e percurso. Não é este o momento apropriado para dissecar

o deve e o haver das convergências e divergências que marcaram a relação do Dr. Mário Soares com o PCP,

mas seria hipocrisia política esconder que essas divergências existiram e que se basearam em convicções

profundas quanto ao presente e ao futuro de Portugal.

Mário Soares convergiu com o PCP na luta contra o fascismo, pela liberdade e a democracia alcançadas

com a Revolução de Abril, bem como em outros momentos da vida política nacional.

Pelas razões reais que em cada momento assumimos e não por efabulações construídas em processos de

revisão da História, o PCP divergiu profundamente do Dr. Mário Soares pelo papel destacado que este assumiu

no combate ao rumo emancipador da Revolução de Abril e a muitas das suas conquistas, incluindo a soberania

nacional.

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