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22 DE JUNHO DE 2017

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se instale uma crise de generosidade e que, quando é preciso, se mobilizam e criam uma rede humana de

auxílio e de amparo que ultrapassa qualquer expectativa.

A quem, nestes dias, se esquece de si para dar tudo aos outros manifestamos a nossa profunda gratidão.

Esta é uma lição de humanidade que muito nos comove e que nos recorda e convoca para a responsabilidade

que todos temos de honrar, corrigindo de forma inequívoca o que está errado.

Infelizmente, com custos altíssimos, todos sabemos que algo está profunda e estruturalmente errado. À

calamidade que nos assola, podemos aplicar um dos paradigmas da guerra: gaste-se o necessário para a

prevenir, porque todas as guerras se perdem.

E, neste preciso momento, o País continua a arder. Neste momento, continuamos a perder vidas humanas e

não humanas. Continuamos a perder esta guerra e só a venceremos quando concordarmos todos em pensar

no País a longo prazo e quando fizermos da natureza e do ambiente uma prioridade.

Que tudo isto sirva, pelo menos, para assumirmos que Portugal já não tem floresta. Portugal tem plantado o

abandono e a monocultura intensiva de acendalhas. As plantações desprovidas de qualquer variedade biológica

e interesse ambiental consomem o património natural que nos resta e contribuem para estas fatalidades.

Sim, há fenómenos naturais que são invencíveis, mas as catástrofes naturais no nosso País encontram

expressão em paisagens humanizadas, em ecossistemas dominados e reconstruídos pelo ser humano. A

imprevisibilidade e o descontrolo são o preço a pagar pela manipulação e pelo desequilíbrio da natureza.

Sr. Presidente, Sr.as Deputadas, Srs. Deputados, Caros Cidadãos, vivemos um momento de crise que nos

afeta a todos, estamos todos a sofrer.

Este é um momento de unidade, de proteger e de cuidar de quem sofreu perdas emocionais e materiais, de

apoiar quem continua no terreno. É também um momento de paragem, de reflexão e de balanço, que deve servir

para reanimar e levantar os ânimos.

Continuemos o propósito da nossa existência: sermos felizes, vivermos relações harmoniosas, numa

sociedade justa e equilibrada.

E façamos realmente algo para que tal aconteça.

Aplausos do PS, do BE, do PCP, de Os Verdes e de Deputados do PSD e do CDS-PP.

O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia, de Os Verdes.

A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro e demais Membros do

Governo, Sr.as e Srs. Deputados, Minhas Senhoras e Meus Senhores: Face à enorme tragédia que se

desenrolou em Pedrógão Grande, a primeira palavra de Os Verdes é para lamentar, com profunda tristeza, a

perda de 64 vidas humanas — crianças, mulheres, homens —, a maior parte das quais apanhadas pela fúria do

fogo quando procuravam, justamente, fugir dele. Um cenário de horror, devastador!

Às famílias e aos amigos de todas as vítimas mortais, o Partido Ecologista «Os Verdes» manifesta o seu

mais sentido pesar.

Estão, ainda, em cuidados os mais de 150 feridos, sete dos quais em estado grave, que foram vítimas desta

calamidade e a quem deixamos aqui uma palavra de solidariedade e de esperança de recuperação, na qual as

equipas médicas se mostram profundamente empenhadas em alcançar.

Foram muitas as pessoas que ficaram com as vidas desfeitas, que tiveram perdas irreparáveis, que passaram

momentos que muitos descreveram como «o inferno». Um incêndio de proporções dramáticas que alastrou de

Pedrógão Grande a Figueiró dos Vinhos, a Castanheira de Pera, saltou para a Sertã, para Pampilhosa da

Serra… Não tinha fim!

Especialmente nestas circunstâncias, é difícil, muito difícil, encontrar palavras suficientemente grandiosas

para, neste caso, em nome de Os Verdes, manifestar o mais puro agradecimento e reconhecimento aos

bombeiros que estão no terreno a procurar dominar este e outros fogos florestais, como o que alastra agora,

preocupantemente, em Góis e que já fez crescer o número de feridos para 204.

Os bombeiros demonstram, verão após verão, que são incansáveis heróis nacionais, que têm cravado em si

um dos mais nobres significados de solidariedade, de prestação de ajuda, de auxílio, de salvaguarda da vida

dos outros, e que trabalham no terreno, no combate ao inferno, até à exaustão! Até à exaustão e pondo em risco

a sua própria vida! Gonçalo Assa, bombeiro voluntário de Castanheira de Pera, morreu nesta tragédia, após

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