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I SÉRIE — NÚMERO 99

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Pela nossa parte, queremos que acontecimentos tão fatídicos, como o que nos fizeram reunir hoje nesta

Assembleia, nos deem forças e talento para fazermos, com a maior concertação e continuidade, tudo o que for

necessário para aliviar a inquietação e penosidade futuras, para a segurança dos portugueses e de Portugal.

Aplausos do PS, do BE e do PAN e de Deputados do CDS-PP..

O Sr. Presidente: — Tem agora a palavra o Sr. Deputado José de Matos Correia.

O Sr. José de Matos Correia (PSD): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, Srs. Membros do Governo,

Sr.as e Srs. Deputados: Este é um momento da vida parlamentar que todos nós, sem exceção, desejaríamos

que nunca acontecesse, porque a circunstância que o determina é uma tragédia de dimensões avassaladoras

que levou a vida a dezenas de pessoas, que dizimou inúmeras famílias, que destruiu localidades inteiras.

Nessa medida, as primeiras palavras que quero deixar, em nome do PSD, são de homenagem, de conforto

e de gratidão. De homenagem, antes do mais, a todos aqueles que perderam a vida, para mais de forma tão

cruel, num conflito tao desigual com um inimigo traiçoeiro. De conforto a todos aqueles que perderam entes

queridos, amigos e, por vezes, todos os seus bens. De gratidão a todos aqueles que têm dado o melhor do seu

esforço para travar um combate tão desigual, sejam eles das forças de segurança, sejam eles voluntários das

mais diversas origens da sociedade civil, sejam eles funcionários de diversos serviços públicos.

Mas, como é óbvio, um destaque especial tem de ser deixado aos bombeiros, que têm sido, para todos nós,

uma vez mais, um exemplo de coragem, de determinação e de amor ao próximo.

Uma palavra especial também não pode deixar de ser dada relativamente a Gonçalo Conceição, que levou

o exercício das funções ao extremo, sacrificando a sua vida em defesa dos outros.

Ao mesmo tempo, queremos deixar uma palavra de esperança desde logo aos feridos, desejando um

restabelecimento tão pronto quanto possível, mas igualmente a todas as comunidades afetadas, com destaque

para o município de Pedrógão Grande, para que saibam encontrar a necessária determinação para ultrapassar

esta profunda injustiça que sobre elas recaiu.

A Assembleia da República expressa hoje, através do voto de pesar que daqui a minutos merecerá o apoio

unânime da Câmara, não apenas o sentimento profundo de todos os que aqui exercem funções mas, mais do

que isso, o sentimento de todo um País e de todo um povo, cuja vontade aqui, orgulhosamente, representamos.

Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Honrar a memória dos 64 mortos impõe-nos, como imperativo ético,

que não nos conformemos com a inevitabilidade destas tragédias e que nos mobilizemos todos para as evitar.

A vida em sociedade assenta fundamentalmente no respeito por uma ideia, a ideia de confiança, porque,

sem que disso normalmente nos demos conta, é a confiança que depositamos nas instituições e uns nos outros

que está na base até dos mais singelos atos do nosso quotidiano. Andamos nas ruas porque confiamos que a

nossa segurança está garantida; adquirimos bens porque acreditamos na boa-fé dos vendedores; tantas vezes

não conferimos os documentos que nos entregam porque não duvidamos da sua correção; partilhamos com

outras pessoas as nossas opiniões e segredos porque estamos absolutamente convictos de que os guardarão

só para si.

Há que reconhecer, porém, que o valor da confiança tem sofrido, nas sociedades modernas, uma progressiva

e muito preocupante erosão, tanto por motivos endógenos, quanto por razões exógenas. E, por força disso, a

incerteza tem vindo a apoderar-se da vida de cada um de nós e — o que é pior — a minar a confiança que

constitui o pressuposto básico de qualquer vida em comunidade.

No passado fim de semana, 64 pessoas confiaram. Confiaram, umas, que poderiam estar tranquilamente em

suas casas, outras, que poderiam dar um passeio para se encontrarem com amigos, ainda outras, que lhes era

possível gozar uns dias de merecidas férias. Confiaram, como cada dia instintivamente todos nós o fazemos,

que as instituições seriam capazes de os proteger perante um perigo com que se defrontassem. O País, no

entanto, não esteve à altura dessa confiança.

Este não é, ainda, o momento para analisar falhas ou para apurar responsabilidades, se as houver, mas tal

momento tem de chegar, porque a busca da verdade tem sempre de ser, numa democracia madura e

consolidada, como a nossa, uma preocupação central, porque só tendo a perceção do que terá corrido menos

bem é que poderá ajudar-nos a refletir sobre o modo como estas catástrofes podem ser evitadas ou, pelo menos,

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